De sabor doce com um toque de acidez, a ameixa é uma fruta deliciosa e facilmente encontrada nos supermercados. Entretanto, nem sempre está muito acessível a todos os bolsos. Sendo assim, já passou pela sua cabeça plantar ameixa na sua casa, ou mesmo, fazer um pomar para comercialização?
Neste artigo, vamos trazer todas as informações sobre a ameixa, suas exigências climáticas e outras particularidades, para que você possa implantar um pomar comercial ou mesmo plantar uma amostra em um vaso na sua casa. Confira!
Ameixa: conheça mais sobre esse fruto
Existem duas espécies de ameixa que são relevantes comercialmente. A ameixa europeia (Prunus domestica) teve origem na Ásia Oriental e é cultivada principalmente na Europa, Argentina e Chile. Já a ameixa japonesa (Prunus salicina) é originária da China e é cultivada há milhares de anos. É pertencente à família das Rosáceas (assim como a maçã, a pera e o pêssego).
A ameixeira europeia produz frutas de formato oval e apresenta maior variedade de cores. São mais doces e bastante comercializadas na forma desidratada. Já a ameixeira japonesa possui frutas de tamanho maior e formato arredondado, sendo cultivadas para o consumo in natura. A ameixeira japonesa possui menor exigência de frio e é mais adaptada às condições de inverno brasileiro do que as europeias.
A ameixeira é típica de regiões com clima subtropical ou temperado. Dessa maneira, precisa de um determinado número de horas de frio (temperaturas iguais ou abaixo de 7,2 ºC) para que consiga completar o repouso hibernal e então produzir os hormônios que estimulam o crescimento e consequentemente, a produção. Sendo assim, no Brasil as maiores áreas de plantio de ameixa estão na região Sul.
O interessante, todavia, é que já existem variedades que têm condições de se desenvolver bem em regiões um pouco mais quentes, porém, desde que sejam cultivadas em áreas com maior altitude, entre 600 e 1300 metros. As cultivares de ameixa indicadas para cultivo em regiões mais quentes (apenas 100 horas de frio) são: Carmesim, Fla, Irati, Gema de Ouro, Gulf Rubi, Gulfblaze, Reubenell, H. Pickstone, Rosa Mineira, Roxa de Itaquera e Pluma 7. Nas regiões mais frias, recomenda-se as cultivares Letícia, Fortune, Poli Rosa, Stanley, D’Agen e Zafira.
Além disso, devem ser evitadas regiões com alta umidade relativa, por conta da ocorrência de doenças fúngicas, que afetam a produção e a qualidade dos frutos. Por outro lado, locais com baixa precipitação e sem possibilidade de irrigação também devem ser descartados, uma vez que a falta de água causa atrasos no desenvolvimento vegetativo e na maturação dos frutos.
Ademais, regiões baixas ou propensas ao acúmulo de massas de ar frio também não são recomendadas para o plantio de ameixeiras, devido aos riscos de geadas, que causam grandes prejuízos às cultivares mais precoces, quando ocorrem fora da época normal de inverno.
Locais sujeitos a ventos fortes devem ter quebra-ventos implantados, a uma distância mínima de 10 metros das árvores frutíferas, de preferência 2 anos antes da formação do pomar, pois ventos em excesso causam quebra de ramos, tombamento de plantas e aumentam a incidência de bacteriose.
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Como plantar ameixa
Uma vez definido o local para instalação do pomar, o próximo passo é a realização de uma análise de solo para definição da necessidade de adubação e calagem, se possível com três a quatro meses de antecedência, para que o preparo de solo possa ser feito dois meses antes do plantio. Geralmente, o preparo consiste em uma aração profunda e uma ou duas gradagens. Em alguns casos, uma subsolagem pode ser necessária.
O solo ideal é profundo, permeável, bem drenado, relativamente fértil e com pH entre 6 e 6,5. As covas devem ter dimensões de 60 x 60 x 60 centímetros. Já a densidade de plantio varia de acordo com a região e em função da fertilidade do solo, do vigor das plantas, do tipo de condução e de poda, da declividade do solo e da possibilidade de mecanização. Usualmente, utiliza-se espaçamento de 7 x 5 m em áreas declivosas e 6 x 5 em áreas planas.
A melhor época para o plantio é no inverno, quando as plantas encontram-se em repouso vegetativo, entre junho e agosto. Durante o repouso as mudas tendem a resistir mais ao transplante para o solo. Porém, se as mudas tiverem com sistema radicular intacto, o transplantio pode ser feito no período chuvoso.
No Brasil, a propagação comercial da ameixeira é feita utilizando porta-enxertos de pessegueiro. Não se utiliza mudas obtidas a partir de sementes em pomares comerciais. O transplante é feito com raiz nua, podando-se parcialmente o sistema radicular e a parte aérea, para evitar o enovelamento das raízes. O ponto de enxertia deve ficar 5 a 10 cm acima da superfície do solo.
Depois, as covas devem ser preenchidas até a metade, a terra deve ser assentada, e então adiciona-se 15 a 20 litros de água por cova. Termina-se de encher a cova de terra e mais 15 a 20 litros de água são adicionados ao redor da muda, protegendo com cobertura morta.
Algumas cultivares, como a maioria das ameixeiras japonesas, apresentam autoincompatibilidade, isto é, necessitam de cultivares polinizadoras para que a frutificação ocorra. Outras, autoférteis, geralmente ameixeira europeia, não precisam de polinização cruzada. Quando necessário, deve-se formar o pomar considerando plantas de cultivares polinizadoras intercaladas com as plantas da cultivar produtora.
A maioria dos tipos de ameixeiras começa a produzir frutos de três a quatro anos após o plantio, dependendo do tipo de solo, do padrão de qualidade da muda utilizada, do manejo do pomar e do modo de condução das plantas.
Falando em modo de condução, as cultivares do grupo europeu são, geralmente, mais bem adaptadas ao sistema de líder central, enquanto as do grupo japonês adaptam-se melhor ao sistema de centro aberto. Alguns fruticultores
preferem adotar sistemas alternativos de maior densidade, nos quais as plantas são conduzidas no sistema em “Y”.
Ademais, cuide do seu pomar considerando adubação, controle de plantas invasoras, pragas e doenças, podas, raleio de frutas, irrigação e colheita. Um pomar de ameixeira, se bem manejado, pode produzir por cerca de 15 anos.
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Como plantar ameixa em vaso
Agora, se você não tem intenção de formar um pomar e gostaria apenas de ter um pé de ameixa em casa para consumo próprio, após degustar a ameixa comprada no mercado é possível aproveitar a semente para plantar a sua própria ameixeira.
Porém, atenção: como explicamos anteriormente, cultivares de ameixa japonesa geralmente são autoincompatíveis e precisam de outra planta de uma cultivar polinizadora para produzir frutos. Por isso, certifique-se de que a semente que irá plantar é de uma cultivar autocompatível, normalmente, de ameixa europeia.
Dessa maneira, coloque o caroço da ameixa para secar por alguns dias. Depois de seco, ele se quebrará com mais facilidade, embora algumas vezes pode ser preciso usar um quebra-nozes para chegar até a semente. Ao abrir, cuidado para não quebrá-la.
Em seguida, coloque essa semente dentro de um copo de água e deixa-a de molho durante a noite. Ela deverá afundar nesse recipiente. Se boiar, é melhor descartá-la porque dificilmente irá germinar.
A próxima tarefa será colocá-la em um frasco com tampa ou saco de plástico hermético com terra adubada, mantendo-a úmida, no fundo. Coloque-a na geladeira para que ocorra a quebra da dormência e a raiz seja emitida.
Dependendo da semente, pode demorar de duas a 12 semanas para esse processo acontecer. Dica: eventualmente abra o saco plástico e verifique se as raízes já foram emitidas (são pequenas e brancas no começo e vão ficando verdes à medida que crescem). Com a semente germinada, efetue o plantio um vaso:
- Escolha um vaso pequeno (12,5 cm a 15 cm), prepare a camada de drenagem e adicione o substrato;
- Faça um buraco pequeno com o dedo bem no meio do recipiente escolhido e plante a semente, cobrindo com terra novamente. Depois, regue o solo até ele ficar úmido;
- Coloque o vaso em um local com pelo menos seis horas de luz solar por dia, de preferência em períodos menos quentes, pois a ameixa é um fruto que, como já citamos, prefere climas mais frios ou temperados;
- Não esqueça de regar periodicamente, quando os primeiros 5 cm de solo estiverem secos. Verifique a cada dois ou três dias. Depois de algumas semanas, o broto começa a despontar do solo;
- Após seis meses, faça o transplante da muda para um vaso maior. Dica: isso vai ser necessário sempre que as folhas ultrapassarem o perímetro do vaso que você está usando. Nessa fase, também é possível colocar a muda diretamente no solo, durante a primavera, desde que a cova tenha no mínimo 60 cm de profundidade e boa adubação.
E então, gostou de conhecer mais sobre a ameixa? Ficou com vontade de plantar um exemplar na sua casa? No MF Rural você encontra mudas de ameixa de viveiristas idôneos, confira!
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