As plantas tóxicas para bovinos são aquelas que, quando ingeridas, provocam mal-estar ao animal, causando danos à saúde do gado e, em alguns casos, até mesmo a sua morte, muitas vezes de forma súbita e em larga escala.
Existem diversas espécies distribuídas pelo Brasil que podem provocar sintomas que são confundidos com doenças e picadas de cobras. Por isso, é importante conhecê-las, até mesmo como forma de prevenção do problema.
Sendo assim, neste artigo vamos abordar as espécies de plantas tóxicas para bovinos, bem como as consequências da ingestão e como evitar esse problema. Confira!
Quais são as principais plantas tóxicas para bovinos?
A seguir, elencamos as plantas que apresentam maior incidência de toxicidade em bovinos. Fique de olho e descubra se o seu rebanho está tendo contato com alguma delas.
Palicourea marcgravii
Muito conhecida por erva-de-rato, também pode ser chamada de cafézinho ou café bravo, roxa, roxinha e vick, dependendo da região onde é encontrada, já que tem ampla incidência no país. Possui boa palatabilidade, sendo a preferência dos bovinos mesmo quando têm à disposição forragem de qualidade.
É uma planta que apresenta alto potencial de toxicidade e efeito cumulativo, o que, aliados ao fato de ser bem aceita pelos animais, acarreta em alta probabilidade de causar morte súbita. Basta existir uma pequena quantidade da erva para ocorrência de intoxicações agudas e mortes repentinas.
Os sintomas mais comuns são:
- relutância para caminhar;
- tremores musculares;
- queda repentina;
- desequilíbrio;
- respiração ofegante;
- reflexo de pedalagem;
- mugidos;
- convulsão tônica;
- morte em poucos minutos.
Exercícios físicos podem precipitar ou mesmo provocar os sintomas e a morte. Ainda que não tenha um tratamento reconhecido, é recomendado tentar imobilizar ou restringir a movimentação do animal quando ele ingerir a planta.
Pteridium aquilinum
Embora a samambaia-do-campo seja encontrada em todo o Brasil, especialmente em regiões mais úmidas, é notada mais frequentemente no sul do país. O fator de toxicidade é dado por meio da tiaminase, com fator cumulativo.
É uma planta invasora e pode estar facilmente presente nas pastagens e beiras de estradas. A toxicidade existe em maior nível nos brotos, que é a preferência dos bovinos, especialmente os que são submetidos a dietas predominantemente de concentrados.
O diferencial dessa planta é que o consumo pode estar associado com a dependência, ou seja, muitos voltam a procurar a samambaia no pasto para novo consumo.
Os sintomas associados à ingestão dessa planta são:
- perda de peso;
- tosse;
- dificuldade de deglutição;
- regurgitação dos alimentos;
- andar cambaleante;
- perda de apetite;
- pelo arrepiado;
- diarreia com sangue;
- febre;
- pequenas hemorragias constantes por dificuldades de coagulação;
- anemia persistente;
- ulcerações na boca.
Quadros mais crônicos, com agravamento dos sintomas, especialmente relacionados à diminuição dos fatores de coagulação, que resultam em perdas de sangue constantes, além do estímulo carcinogênico, contribuem para a morte rápida do animal.
Ricinus communis
A Ricinus communis é a famosa mamona, também conhecida como carrapateira, palma-de-cristo ou regateira.
Os bovinos procuram essa opção como alimento quando estão com fome, sendo as folhas (especialmente as murchas) e sementes as partes da planta onde há maior concentração tóxica. Ela não apresenta efeito cumulativo.
Entre os principais sintomas identificados estão:
- inquietação;
- andar desequilibrado;
- necessidade de deitar depois de uma marcha curta;
- tremores na musculatura;
- dores abdominais;
- diarreia sanguinolenta;
- eructação excessiva;
- sialorréia.
Leia também: A importância de oferecer pastagem de qualidade para o rebanho.
Consequências da ingestão de plantas tóxicas
A ingestão de plantas tóxicas por bovinos geram perdas econômicas bastante altas. Entretanto, nem sempre essas perdas são atribuídas à causa correta. Muitos produtores acabam acreditando que o adoecimento ou até mesmo a morte dos animais são causadas por outro fator.
As perdas econômicas estão associadas a:
- morte dos animais;
- redução dos índices reprodutivos;
- queda da produtividade geral de carne e leite dos sobreviventes;
- custos com o controle das plantas tóxicas nas pastagens;
- construção de cercas para evitar a intoxicação;
- alteração de todo o programa de pastejo;
- redução do valor da terra em função das plantas;
- despesas com a reposição dos animais;
- despesas com diagnóstico e tratamento das intoxicações.
Morte dos animais
Uma das consequências mais preocupantes da falta de atenção com as plantas tóxicas é a morte súbita dos animais. Aliás, estima-se que a causa mais comum pra morte súbita dos bovinos seja a ingestão de plantas tóxicas.
Em alguns casos, o monitoramento por parte do pecuarista ou dos trabalhadores que estão frequentemente na lida do gado não é suficiente, sendo mínimo o reconhecimento das espécies e a prevenção. E, sem um controle da área, é possível que o rebanho sofra danos expressivos, podendo incidir em custos com a reposição dos bovinos.
Diminuição da produtividade
O pecuarista terá que lidar não apenas com o transtorno da intoxicação, mas também com os seus impactos.
Um animal afetado pode ter queda significativa de produtividade, e ainda vai continuar demandando insumos, entretanto, sem retornos econômicos significativos. Além disso, perdas são esperadas em outras questões, como na composição do rebanho, aspectos reprodutivos e de desenvolvimento.
Com relação ao fim da cadeia produtiva, um animal afetado já não garante produtos com alta qualidade.
O resultado é uma conta que não fecha: com investimento na mantença do animal e baixo retorno produtivo ou em valores. Portanto, as receitas com esses bovinos tendem apenas a baixar, o que representa um prejuízo contínuo e de longo prazo.
Doenças no rebanho
As doenças no rebanho limitam a sua produtividade, além de terem um potencial para agravamento, que pode ocasionar a morte do gado. Se o animal não for diagnosticado e tratado rapidamente, pode perecer em função dos sintomas, que vão se intensificando ao longo do tempo.
Em muitos casos, os bovinos não conseguem se recuperar sozinhos. Por isso, é de suma importância que haja um acompanhamento constante de um médico veterinário, que fará o tratamento e todas as intervenções necessárias para salvar a vida dos animais e para recuperar a sua saúde.
Nesses casos, é bastante importante ter a certeza de qual foi o agente causador do quadro que o animal se encontra. Então, lembre-se de informar ao veterinário se foi oferecido alimento apenas ao cocho ou se o animal teve acesso a alguma área conhecida para pastejar. É importante que se tenha conhecimento do que foi consumido, para deduzir o que possivelmente causou os transtornos.
No vídeo abaixo, é possível acompanhar os prejuízos que são observados e até algumas características nos animais intoxicados:
Veja também: Sorgo forrageiro na alimentação do rebanho.
Como reduzir os problemas com as plantas tóxicas?
É preciso saber que existem, sim, métodos e estratégias para combater e até mesmo prevenir os problemas com as plantas tóxicas para bovinos. Confira alguns deles a seguir:
Identifique e erradique as plantas
O primeiro passo você já deu: conhecer mais sobre as plantas. Agora é chegada a hora de procurar e identificar os locais em que elas estão. Isso é importantíssimo para saber onde não levar os animais e também o local em que deve ser feito o combate às invasoras.
Portanto, depois de identificadas as plantas, é preciso retirar o rebanho da área, fazer o isolamento da região, tratar os animais e erradicar as plantas.
Analise os sinais de intoxicação
É claro que cada planta tem um comportamento tóxico diferente, portanto, os sinais vão se manifestar de formas distintas nos animais.
Existem fatores que influenciam muito as indicações de intoxicação no animal, como o clima, o solo, o estágio vegetativo e até mesmo a parte da planta que foi ingerida.
Apesar disso, existem alguns indícios que podem facilitar na hora de perceber se existe um problema como este afetando o rebanho:
- fraqueza;
- letargia;
- anemia;
- tremores;
- quedas frequentes e súbitas;
- mugidos extremos.
O consumo prolongado dessas plantas tóxicas ainda pode provocar distúrbios gastrointestinais e hepáticos, o que pode ser definitivamente a causa da morte. Por isso, é importante ficar atento ao comportamento geral do animal e a qualquer sinal de mal-estar.
No vídeo abaixo, veja como impedir a ingestão de plantas tóxicas:
Priorize o bem-estar do animal
Pode parecer simples dizer para priorizar o bem-estar animal, mas, muitas vezes, na correria da rotina alguns cuidados são deixados de lado. Por isso, recomendamos que você adote algumas medidas, como:
- limitar a área de pasto apenas nas partes seguras;
- manter o rebanho bem alimentado daquilo que ele pode comer;
- garantir o combate constante das plantas invasoras.
Não se esqueça que nenhuma medida é óbvia demais se não está sendo colocada em prática. Portanto, para proteger o rebanho e a produtividade da propriedade, é preciso tomar todos os cuidados.
Trabalhe a prevenção
A verdade é que você não precisa esperar o problema de intoxicação pegar o seu rebanho para fazer algo a respeito. É possível adotar um trabalho preventivo eficaz, principalmente no que diz respeito ao monitoramento das áreas de pastejo.
É importante que o pessoal responsável pelo manejo dos animais faça visitas e revisões periódicas na área de pastejo, com um olhar atento sobre o tipo de planta que está surgindo entre o pasto. Assim, caso identifique alguma planta nociva para os animais, é possível fazer a remoção do rebanho o quanto antes.
As consultas e o acompanhamento dos animais também têm grande relevância, pois assim, os profissionais poderão observar seu comportamento e identificar mais rapidamente caso apresentem algum sintoma. Os próprios tratadores devem ficar de olho no comportamento dos animais no campo para checar se está tudo bem.
Além disso, é interessante se atualizar constantemente sobre os tipos de plantas que podem provocar essas disfunções. Outra estratégia válida é ter sempre profissionais veterinários de sua confiança sob aviso, assim, se precisar, poderão prestar um rápido atendimento.
E então, esse artigo foi útil para você? Aproveite e acesse nosso post sobre boas práticas na alimentação do gado. Boa leitura!