Que a agricultura está entre as atividades mais importantes para a sobrevivência da população, todo mundo já sabe. Mas, você já ouviu falar em agricultura regenerativa?
É sobre esse assunto que trataremos hoje. Vamos apresentar o que é e como funciona a agricultura regenerativa, os 5 princípios dessa conduta, as práticas mais comuns e os benefícios desse sistema. Confira!
O que é e como funciona a agricultura regenerativa?
A agricultura regenerativa nada mais é do que a adoção de práticas com o intuito de restabelecer os recursos naturais em áreas utilizadas para agricultura, aumentar a fertilidade dos solos, restaurar florestas e reduzir os impactos ambientais. É uma conduta que envolve várias técnicas agrícolas, como agrofloresta, agrossilvicultura e aquicultura ecológica.
O termo foi criado pelo Instituto Rodale no final da década de 1980, com objetivo de recuperar os conhecimentos indígenas sobre práticas baseadas na natureza e conectá-los aos conhecimentos científicos da atualidade. A ideia de agricultura regenerativa não é um conceito novo. Embora esse termo tenha crescido muito em popularidade nas últimas décadas, as práticas relacionadas à agricultura regenerativa já existem há milhares de anos.
Nas práticas de agricultura regenerativa, existem 5 princípios básicos, que iremos relacionar a seguir.
Leia também: Agricultura de subsistência e sua importância para o Brasil.
Os 5 princípios da agricultura regenerativa
Como mencionamos, a agricultura regenerativa se baseia em 5 princípios básicos: preservação do solo e aumento da fertilidade do solo; aumento da infiltração de água no solo; preservação e aumento da biodiversidade; aumento da capacidade de sequestro e estoque de carbono no solo; e responsabilidade socioeconômica.
1 – Solo
Esse princípio visa reduzir os impactos ao solo, contribuindo para a reconstrução de solos férteis e saudáveis, por meio de manejo mais orgânico, reduzindo a utilização de insumos químicos. Nesse mesmo contexto, é importante também garantir a proteção da superfície do solo com o uso de cobertura verde, protegendo o solo de raios solares, chuvas e erosões.
2 – Água
A agricultura regenerativa também tem o objetivo de aumentar o índice de infiltração de água no solo, a partir da cobertura do solo. Com o aumento da retenção de água, diminui-se consequentemente a necessidade de irrigação, ajudando a preservar os recursos naturais finitos.
3 – Biodiversidade
O princípio da biodiversidade versa sobre a diversificação de cultivos. A monocultura pode retirar os nutrientes do solo e promover ainda mais a erosão. Cultivar outras culturas garante um maior equilíbrio nutritivo do solo, pois diferentes plantas mineralizam nutrientes específicos, o que possibilita boa estabilidade para o solo, aumentando inclusive a reposição de matéria orgânica. Essa prática também auxilia no controle de plantas daninhas, doenças e pragas.
4 – Carbono
Outro objetivo da agricultura regenerativa é aumentar a capacidade de sequestro e estoque de carbono no solo por meio de um manejo que vise manter elevadas quantidades de biomassa no solo, com a utilização de podas como cobertura orgânica, aplicação de biomassa carbonizada no solo (biocarvão) e adequação aos sistemas de plantio direto e rotação de culturas.
5 – Socioeconômico
Por fim, a agricultura regenerativa também abrange o aspecto socioeconômico, cuidando para que a produção agrícola vise a segurança alimentar de agricultores familiares e da sociedade como um todo, criando condições para evitar o êxodo rural das próximas gerações.
Quais são as práticas mais comuns na agricultura regenerativa?
Agora, você vai conferir algumas das práticas mais comuns na agricultura regenerativa. Então, aproveite as dicas!
Plantio direto
As práticas do plantio direto são essenciais para reduzir os impactos ao solo. Essa técnica envolve a semeadura com solo recoberto com palhada. Consiste também no não revolvimento do solo ou revolvimento mínimo e rotação de culturas.
Cultivo orgânico
Na agricultura regenerativa é imprescindível a utilização de defensivos e fertilizantes de origem biológica, como esterco, composto animal, resíduos de plantas e aplicação de bioinsumos. Os benefícios dessas práticas incluem a redução da erosão do solo, minimização da lixiviação de nutrientes nas águas subterrâneas, reciclagem de resíduos e diminuição do impacto ao ambiente.
Cultivo perene
O plantio de culturas perenes é uma técnica de proteção do solo pois reduz a erosão por agentes externos como vento e água, além de reduzir a quantidade de operações na lavoura.
Agrossilvicultura
A agrossilvicultura é uma prática que envolve a combinação de espécies florestais como árvores, arbustos, palmeiras e outras espécies perenes lenhosas com sistemas radiculares extensos, com culturas agrícolas, visando a proteção dessas culturas contra ventos e chuvas fortes, melhorando o aproveitamento dos recursos naturais. Assim como o sistema ILPF, essa prática visa diversificar a produção para aumentar os benefícios ambientais, econômicos e sociais.
Sistema ILPF
O Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é um modelo de produção sustentável que adota os mais diversos tipos produtivos como grãos, carne, leite, fibras e agroenergia em uma mesma área.
Assim, ele devolve as condições do solo de fornecer nutrientes, regenera as condições físicas do solo e ainda promove uma série de outros benefícios, como o combate natural à pragas e o aumento na qualidade do ar, proporcionado pelas árvores.
Manejo Integrado de Pragas (MIP)
O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é o uso de técnicas de controle de forma isolada ou associadas harmoniosamente, que visa manter as pragas abaixo do nível de dano econômico (NDE). Essas ações são tomadas quando a densidade populacional da praga atinge o nível de controle (NC).
Controle biológico de pragas e doenças
O controle de pragas e doenças é feito com o uso de agentes biológicos (predadores, parasitoides e entomopatógenos), bioquímicos, semioquímicos e microbiológicos.
Recuperação de áreas degradadas
A recuperação de áreas degradadas também é um passo importante na agricultura regenerativa. Afinal, é essa regeneração que vai devolver as boas condições do solo de comportar plantas, árvores e animais.
Esse pode ser um processo lento e trabalhoso, mas que, como as demais etapas desse sistema, vale muito a pena a longo prazo.
Agricultura de precisão
A agricultura de precisão é uma grande aliada à agricultura regenerativa já que suas práticas e ferramentas ajudam a aumentar a inteligência nas tomadas de decisão e também nas ações adotadas no dia a dia. Ela tem um papel fundamental na racionalização de recursos ao evitar o desperdício e contaminação ambiental.
Quais são os benefícios da agricultura regenerativa?
A curto prazo, pode parecer que a agricultura regenerativa não é tão vantajosa assim. Mas, a verdade é que seus maiores benefícios começam a ser percebidos com o passar do tempo.
Logo no início, é preciso fazer uma série de investimentos e desembolsar recursos até que as práticas deem resultados. Só que é com o passar dos meses que o agricultor vai colher os resultados daquilo que plantou. Confira os principais benefícios:
Saúde do solo
Um dos principais benefícios das práticas da agricultura regenerativa é a melhoria na qualidade do solo, que se torna mais “pegajoso”, com maior capacidade de retenção de água, auxiliando no crescimento e desenvolvimento das raízes. Maior retenção de água também auxilia na preservação das águas subterrâneas.
Solo mais saudável também reduz a necessidade de exploração de novas áreas para agricultura, pois haverá uma maior produção devido à boa qualidade do solo.
Redução de custos
A agricultura regenerativa aproveita aquilo que o solo dá de melhor. Por isso, demanda menos insumos, o que inclui fertilizantes e defensivos agrícolas em geral. Com isso, é evidente que o produtor rural tenha uma redução expressiva de custos, um recurso importante que pode ser investido no desenvolvimento de outros aspectos do negócio.
Aumento da produtividade
A agricultura regenerativa acaba sendo uma estratégia muito inteligente para o aumento da produtividade.
Não é novidade que um solo repleto de nutrientes contribui com melhores resultados na produção e, quando aliado a culturas rotativas e outras práticas, favorece a biodiversidade.
Dessa maneira, solo e cultura demandam muito menos produtos químicos, prejudicando menos o campo e facilitando a produtividade das próximas culturas também.
Promoção do crescimento
Os consumidores estão cada vez mais informados, atentos e exigentes quanto à qualidade da sua alimentação e também dos processos por meio dos quais são produzidos.
Assim, a agricultura regenerativa se torna muito mais competitiva e conquista diferenciais importantes em relação à concorrência, crescendo muito mais rápido no mercado.
Conclusão
Como você viu ao longo deste conteúdo, ficar atento aos aspectos ambientais e de sustentabilidade é algo emergente e que vem se tornando, de certa forma, urgente dentro das atividades no campo.
Veja, no vídeo abaixo, um resumo sobre a agricultura regenerativa:
A agricultura é uma prática indispensável à sobrevivência humana e ao suprimento da demanda por alimentos. No entanto, é preciso que ela seja realizada de uma forma inteligente e integrada, respeitando as condições naturais e criando a possibilidade de que o meio ambiente também se beneficie dessas atividades. É exatamente por isso que surgiu a proposta de regenerar as áreas de cultivo.
Agora que você já está por dentro do que é a agricultura regenerativa, seus objetivos e benefícios, nossa sugestão de leitura complementar nessa mesma linha de sustentabilidade é o artigo que trata do reúso de água na agricultura. Confira como implementar essa prática. Boa leitura!