Broca-do-café: praga exige prevenção e combate

Broca-do-café: praga exige prevenção e combate

O Brasil é o maior produtor mundial de café, respondendo por um terço de toda safra, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC).

Apesar dos avanços tecnológicos e das melhoras na cafeicultura, visando manter a qualidade do produto, pragas ainda preocupam os donos de lavouras e, portanto, precisam ser combatidas.

Uma das pragas que mais prejudicam a cafeicultura brasileira é a broca-do-café, considerada a segunda mais importante. Por isso, vamos explicar, a seguir, como prevenir e combater essa praga causada por um besouro.

O que é broca-do-café?

Estima-se que os primeiros frutos brocados, em solos brasileiros, ocorreram em 1913, na região de Campinas, trazidos através de sementes importadas da África Central.

Imagem aproximada do besouro da broca-do-café
A broca-do-café é causada pelo ataque deste besouro ao grão de café. Foto: Wikipedia.

Desde então, a broca-do-café se alastrou por praticamente todas as regiões produtoras do país e causaram sérios danos aos cafeeiros.

Essas pragas são pequenos besouros de cor preta que, além dos grãos de café, também atacam outros frutos, gerando muito prejuízo para produtores rurais.

Principais sintomas

A broca ataca o fruto do café nos vários estágios de maturação. O inseto se alimenta dos tecidos da semente, causando perda de peso dos grãos e também da qualidade, alterando o sabor e comprometendo  o valor comercial do produto.

Para a tarefa de prevenção e combate, o produtor consegue identificar se a broca atingiu o fruto do café quando apresenta uma pequena perfuração na região da coroa. Já para o café beneficiado, os sintomas são as sementes de café perfuradas.

Após perfurar o fruto e as sementes, o inseto adulto da broca deposita seus ovos. As larvas que nascem se alimentam das sementes do café, podendo ficar completamente destruídas.

Principais danos da broca-do-café

  • Apodrecimento dos grãos;
  • Redução do peso da safra (pode chegar a 20%);
  • Queda prematura de grãos;
  • Inviabilização da produção de sementes brocadas.
Roseta de café verde com broca
A broca-do-café ataca também os grãos verdes de café, comprometendo a produção

Primeiros controles de broca-do-café

O surgimento da ferrugem do cafeeiro fez com que muitos cafeicultores adotassem medidas para proteção de suas safras.

Quer saber mais sobre ferrugem do cafeeiro? Acesse o nosso site e descubra o que é e como controlá-la.

Novos sistemas de plantio e de manejo foram desenvolvidos, o que ajudou a minimizar também os impactos da broca.

Foi a partir da década de 70, contudo, que o uso de inseticidas para combate à praga foi aprovado. Apesar de extremamente tóxico, o produto foi utilizado por décadas e, de fato, conteve o avanço da broca e os prejuízos por ela causados.

Em 2013, o governo proibiu o uso legal do inseticida e a preocupação pela volta da broca-do-café foi reacendida.

Como controlar e prevenir hoje?

Após a proibição do uso indiscriminado de inseticidas, o cafeicultor só pode usar o produto em talhões, onde as broca atingem certa porcentagem do plantio.

Para que isso seja feito de forma precisa, produtores de café devem monitorar constantemente sua lavoura. O objetivo é reduzir o uso de inseticida, evitando quando não há necessidade.

Lavoura de café com grãos maduros
Os cafeicultores devem ficar atentos ao controle da broca-do-café. Prejuízos são grandes

Atualmente, para controlar as pragas, cafeicultores preenchem a cada ano uma planilha de monitoramento de cada talhão do cafeeiro. O ideal é iniciar o monitoramento pelos talhões mais baixos e mais úmidos.

A metodologia do preenchimento consiste em observar plantas aleatórias do talhão. Em seguida, os frutos são analisados e deve-se contar os broqueados. No final da análise, o produtor terá o Total de Frutos Broqueados (TFB).

Fonte: Carlos Pena Vídeos

Caso o valor supere 5% do talhão, a pulverização é permitida. O monitoramento deve começar meses após a primeira florada, normalmente entre novembro e janeiro. Esse período é conhecido como “época de trânsito” da broca e exigem cuidados maiores.

Controle cultural da broca-do-café

Há outras condições desfavoráveis para a broca-do-cafe e que servem como medidas de prevenção e combate à essa praga.

Os cafezais devem ser plantados em espaçamentos que permitam maior arejamento e penetração de luz a fim de propiciar baixa umidade do ar em seu interior, condições que são desfavoráveis à praga, além de permitir a circulação de pulverizadores acoplados a tratores.

Moça colhendo café com as mãos
Todos os frutos devem ser colhidos porque a broca sobrevive dos grãos deixados nos pés ou no solo

Outra tarefa importante é uma colheita de café muito bem feita. É preciso evitar a permanência de frutos nas plantas e no chão porque a broca poderá sobreviver na entressafra se alimentando desses frutos remanescentes. É recomendável fazer o repasse ou a catação dos frutos remanescentes da colheita.

Portanto, o manejo da broca-do-café nunca deve ser deixado de lado em virtude dos altos custos e da carência de produtos eficientes para o seu controle.

A pesquisa agrícola em cafeicultura no Brasil sempre esteve atenta em buscar novos métodos de controle da broca-do-café, inclusive o químico por achar que ainda é o mais eficiente no controle da praga.

Apesar dos avanços das pesquisa no setor, esta praga ainda está longe de ser eliminada dos cafezais brasileiros.

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Veja mais: Após colheita, cafeicultor deve monitorar a fertilidade do solo

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