O café conilon, com seu sabor mais forte e resistente no manejo, é usado principalmente na produção de cafés “solúveis” e também nos chamados “gourmets”.
Portanto, conheça um pouco da história, a importância do seu cultivo, plantio e características do café conilon. Ele representa hoje 30% da produção cafeeira do Brasil e destaque entre os produtos exportados pelo país.
Importância do café para o Brasil
Há mais de 150 anos, o Brasil é o maior exportador de café no mercado mundial. Responde por um terço da produção mundial e ocupa a segunda posição, entre os países consumidores da bebida.
Um detalhe interessante é que o café é um dos poucos produtos agrícolas no Brasil, cujo preço é baseado em parâmetros qualitativos. A variedade tem uma valorização maior com a melhoria de sua qualidade.
Hoje, duas variedades se destacam no plantio brasileiro: O arábica (Coffea arabica) que detém maior espaço (70%) e o café conilon ou robusta (Coffea canephora), com 30% da produção nacional.
As duas possuem sabor e aroma bastante distintos. O café arábica costuma ser mais ácido ou seco e suave. Já o conilon conta com um amargor mais presente e marcante quando bebido.
Então, após mostrar essas diferenças, vamos apresentar todos os detalhes sobre o café conilon, que é o tema desse artigo. Boa leitura!
Origem do café conilon
Conilon ou “robusta” é uma espécie de café cujo plantio ocorre em terras baixas da Bacia do Congo, na África. No Brasil, o conilon é muito cultivado no estado do Espírito Santo, onde se concentra a maior produção brasileira dessa variedade de café.
O café conilon é a principal fonte de renda em 80% das propriedades rurais capixabas, localizadas em terras quentes e responsável por 35% do PIB agrícola daquele Estado.
Geralmente a produção é feita por família de cafeicultores, por ter um custo de produção menor e ser resistente à pragas e doenças.
Aliás, o Espírito Santo é o maior produtor de café conilon do Brasil, responsável entre 75% e 78% da produção nacional. e também por até 20% da produção do café robusta do mundo.
O seu grão também é mais ‘robusto’. Proporciona sabor mais forte, por ter o dobro de cafeína se comparado ao café arábico, além de ser mais neutro.
Histórico do plantio do café conilon
O café conilon é o principal componente dos blends (misturas) de café solúveis, já que seu rendimento é maior que o arábico, após o processo de torração. Ele também é essencial para a produção dos cafés gourmets que fazem sucesso em cafeterias de todo o país.
Historicamente, o café conilon chegou a ter o plantio quase proibido no Brasil e no mundo, porque a sua qualidade era considerada muito inferior em relação ao arábica.
Há cerca 50 anos, no norte do estado do Espírito Santo, predominava o cultivo do café arábico, que adaptou-se bem ao solo fértil, onde antes era ocupado por matas devido ao maior índice de chuva.
Com o tempo, o plantio e a produção do arábico deixaram de ser vantajosos naquele Estado. Assim, houve necessidade de um café que se adaptasse melhor ao clima mais quente e tropical. Aí quem ganhou espaço para plantio foi a variedade conilon.
Mas, o começo do cultivo não foi fácil. Muitas vezes, a baixa produtividade e qualidade ocorriam por falta de conhecimento sobre as melhores condições de cultivo, adubação e poda.
Evolução das pesquisas para plantio
Primordialmente entrou mais uma vez o trabalho dos pesquisadores que vem buscando melhorar as espécies do café conilon para cultivo. É um trabalho constante.
Embora, como dissemos, seja responsável por cerca de 30% de toda a safra brasileira de café, hoje o plantio do conilon ocorre, em sua maioria, a baixas altitudes, até 800 metros. Dessa maneira, o plantio fica limitado.
Agora, o esforço dos técnicos é para que o plantio possa atingir áreas com relevos mais elevados, como as montanhas do Espírito Santo.
Assim, permitiria a expansão da lavoura, inclusive para outros Estados. Só lembrando que a altitude influencia diretamente no sabor e aroma do café.
No vídeo abaixo, confira duas novas tecnologias de café conilon, lançadas pela Secretaria Estadual de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) do Espírito Santo.
Uma delas tolerante à seca e a outra para a multiplicação rápida de cultivares clonais melhoradas:
Aliás, os conhecimentos científicos, tecnologias e experiências durante os mais de 30 anos de pesquisas sobre a cafeicultura do conilon no Espírito Santo e no Brasil foram reunidos no livro “Café Conilon“. A obra tem quase mil páginas e contou com a participação de mais de 70 especialistas.
Café conilon amarelo
Desde a década de 1980, o Espírito Santo é referência brasileira e internacional na cafeicultura de conilon, completando uma história com mais de 30 anos de resultados importantes para o campo.
O trabalho dos pesquisadores para melhoramento genético envolve até um café conilon amarelo, ou seja, diferente da tradicional cor vermelha.
Tudo começou com cafeicultor Luis Carlos Gomes, da cidade de Santa Teresa, na região Noroeste do Espírito Santo.
Em 2013, ele encontrou alguns pés com frutos nessa coloração, no meio lavoura. Dessa forma, decidiu estudar os grãos, porque percebeu que eram mais doces.
O cafeicultor plantou 200 pés em uma lavoura experimental, para poder monitorar e conhecer o “café amarelo”, que não é tão comum. Quatro anos depois, colheu os resultados da nova plantação.
Para aprender ainda mais sobre o café, dois degustadores foram à propriedade do sr. Luis Carlos, provaram ambos cafés e encontraram diferenças no sabor.
Já a pesquisadora do Incaper, Maria Amélia Gava Ferrão, explicou que o conilon amarelo não é algo inédito. Segundo ela, provavelmente é um caso de “arabusta”, que é um junção de conilon e arábica.
Mas as pesquisas que realmente vão comprovar isso ainda estão em andamento.
Produtividade do café conilon
De acordo com a Embrapa, a safra brasileira de café, em 2019, foi de 49,31 milhões de sacas beneficiadas de 60 kg, registrando queda de 20%, em comparação ao ano anterior, quando atingiu a marca de 61,66 milhões de sacas.
A partir desses dados, constata-se que a média de 27,20 sacas por hectare, ou seja, uma queda de 17,8%. Todavia, houve uma grande diferença de produtividade entre os dois tipos de café.
Enquanto a produção do café arábica correspondeu a 23,66 sacas por hectare em área de 1,45 milhão de hectares, o conilon colheu quase o dobrou, ou seja, 41,35 sacas, numa área de 363,1 mil hectares.
Conforme os dados apresentados, mesmo havendo uma redução na safra, total devido às condições climáticas, ambientais e o estado do solo e bienalidade, o conilon registrou um aumento na produção devido a sua qualidade.
A importância de uma boa muda
A produção de mudas sadias, vigorosas e resistentes à seca, é o primeiro passo para a formação de uma lavoura cafeeira produtiva, visando uma eficiência na produção.
Para o café conilon, por exemplo, a propagação por via assexuada tem sido praticada em grande escala.
O sistema garante a transmissão das características da planta mãe, eleva o nível de produtividade da lavoura, uniformiza as plantas e a maturação.
Além disso, possibilita escalonar a colheita, melhora o tamanho e a qualidade dos frutos, reduz a brotação de ramos ladrões, estimula a formação de ramos produtivos, proporciona maior resistência à doenças e ainda permite a produção de mudas durante todo ano.
Conclusão
Portanto, como mostramos acima, o café conilon tem uma grande importância econômica para o Brasil.
Mas, o desafio é o melhoramento genético dessa variedade para aumentar as áreas de plantio e, consequentemente, a safra cafeeira.
Confira também nosso artigo sobre como a tecnologia está ajudando os cafeicultores brasileiros na colheita de café plantado em regiões montanhosas.