Com destaque para o seu tamanho, força, resistência e docilidade, o cavalo Bretão é um animal muito requisitado nas atividades do campo. Trata-se de uma raça muito popular na equinocultura, que possui múltiplas funções, sendo utilizado em competições esportivas, lazer e em trabalhos de tração.
Neste post, vamos apresentar a história do cavalo Bretão, suas principais características e funções, bem como detalhes da sua criação no Brasil. Confira!
História do cavalo Bretão
A origem do cavalo Bretão se deu na região de Bretagne, no noroeste da França, por volta do século XIII.
Suas características começaram a ser desenhadas por meio de cruzamentos realizados entre os pequenos cavalos “Bidets“, trazidos pelos Celtas para Bretagne, com os cavalos de raça oriental. Assim, esses cruzamentos foram responsáveis por fortalecer a estrutura dos Bidets, que foram se reproduzindo pelos campos da região francesa. Nesse período, também houve introdução de sangue de cavalos ingleses, irlandeses, espanhóis e húngaros, até início do século 18.
Nessa época, Napoleão Bonaparte decretou o melhoramento de todos os cavalos franceses, criando haras nacionais e selecionando os animais mais fortes e rústicos para a guerra. A partir desse momento, iniciaram-se os controles genealógicos das raças equinas em terras francesas. O Bretão foi a primeira raça a ser reconhecida na região de Bretagne como cavalo de tração, sendo denominada de Bidet Breton.
O Bidet Breton ainda sofreu influência de outras raças, como Ardennais e Percheron, em busca de mais altura. No entanto, os resultados não agradaram. Por isso, optou-se por realizar cruzamentos com os garanhões ingleses da raça Norfolk, dando origem ao cavalo Trait Postier Breton, que contava com andamentos mais fortes e altos, maior distinção e, ao mesmo tempo, mais finos de ossatura.
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Principais características do cavalo Bretão
Conforme citamos no começo do post, o Bretão é um cavalo de tração, que tem porte médio, temperamento dócil, andar confortável e é de fácil manejo. A raça surpreende no quesito energia, bem como quanto a sua capacidade máxima de tração, que corresponde a 4 vezes o seu peso. Assim, um animal de 800 kg possui a aptidão de tracionar 3.200 kg sozinho num veículo com rodas, capacidade essa que tem relação direta com o treino, condição física e alimentação do animal.
Outro detalhe interessante dessa raça é que os animais estão sempre prontos para o trabalho, bastando um toque para executar a função. Além disso, possui garupa ampla e forte, fácil motivação e gosta de trabalhar atrelado. Apesar de muito corajoso, trata-se de um cavalo sociável, especialmente com os humanos.
Conheça as principais características do cavalo Bretão:
- Cabeça: é quadrada, de tamanho médio, fronte larga, chanfro largo e reto, olhos vivos e de aparência dócil. As orelhas são pequenas, bochechas bem fortes, narinas amplas e bem abertas mostrando a potência da respiração quando é exigido esforço físico;
- Pescoço: largo, forte, curto, de formato piramidal, ligeiramente rodado. Possui crinas abundantes e que normalmente caem para os dois lados;
- Tronco: esse animal possui excelente estrutura corporal, capaz de carregar grandes pesos sem dificuldades. Apresenta paletas musculosas e inclinadas, mais para oblíquas. Sua garupa é ampla, larga, dupla (dividida) e ligeiramente inclinada, visando a função de empurrar na tração pesada;
- Pelagem: cores alazã (avermelhada, variando de vermelho escuro a amarelada), castanha, e rosilha e suas variações. Não são admitidas em animais puros as pelagens tordilha, pampa e pseudo-albina;
- Altura e peso: o Bretão possui altura desejada de 1,58m, podendo chegar a até 1,70m. A média de peso é de 650 kg para fêmeas e 850 kg para os machos, podendo chegar a 1.100 kg.
Aptidões do cavalo Bretão
Com uma movimentação ampla e desenvolta, o cavalo Bretão é uma raça com múltiplas funções, como atrelagem (cavalos de tração), sela, além de ser muito utilizado em cruzamentos.
A atrelagem, termo mais utilizado em se tratando de cavalos de tração, significa atrelar um veículo ou implemento a um animal, seja para lazer, esporte ou trabalho.
- Atrelagem de lazer: dentro ou fora da propriedade, em desfiles de eventos equestres e passeios com a família;
- Atrelagem esportiva: começou a ser praticada no Brasil no ano de 2007 e reconhecida como esporte pela Confederação Brasileira de Hipismo em 2009. É uma modalidade praticada com 1 ou parelhas de 2 ou 4 animais (team) em que são atrelados a uma charrete, carruagem ou carroça e realizam provas como adestramento, maneabilidade, maratona e tração. A atrelagem esportiva é muito praticada na Europa e na América do Norte;
- Atrelagem para trabalho: a atividade ainda é mantida em muitas regiões agrícolas (proporciona economia na produção da fazenda) e locais em que há necessidade do uso de tração animal. Os implementos mais utilizados para o trabalho agrícola são: carroções, charrua, arados e grades.
Embora não tenha peso ideal para ser um animal ágil como outras raças de equinos, o cavalo Bretão tem estrutura física para a função de sela. Tanto que é usado em desfiles, apresentações em shows e passeios curtos de lazer por serem mais tranquilos, além de terem o trote alongado e confortável.
Ademais, os garanhões da raça Bretão são usados em cruzamentos principalmente com éguas de outras raças reconhecidas como de sela (mais leves) para a formação de mestiços. Os resultados têm sido considerados excelentes, formando animais mais resistentes, fortes e bonitos já na primeira geração, voltados tanto às atividades de sela quanto de tração leve.
Além das funções abordadas, as fêmeas mestiças também são utilizadas como receptoras de embriões de outras raças, bem como matrizes de novos cruzamentos com garanhão puro Bretão. Após 4 gerações, serão produzidos produtos puros por cruza e estes, após avaliação, poderão dar origem à animais puros de origem.
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Criação do cavalo Bretão no Brasil
Por ser um animal extremamente forte e muito usado na função de atrelagem, o cavalo Bretão foi introduzido no Brasil na década de 1930 pelo Exército Brasileiro. Na época, precisava-se de uma raça equina que tivesse condições de puxar pesadas peças de artilharia. Entre 1932 e 1956, o Exército importou cerca de 100 garanhões.
Posteriormente, o próprio Exército acabou emprestando muitos desses reprodutores aos governos estaduais e criadores particulares, com o propósito de cruzar com as éguas Bretãs e de raças comuns. Além disso, éguas puras da raça Bretão eram vendidas em leilões pelos militares.
No ano de 1982 foi criada a Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Bretão que, em 1989, abriu seus livros de Registro Genealógico. A entidade possui criadores principalmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná, com expansão também no Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país.
De acordo com a entidade, o Brasil conta com 2500 animais registrados de 1989 a 2011, sendo 1350 puros e 1150 mestiços, o que representa o segundo maior plantel de Bretões puros do mundo. É considerada a raça de tração mais conhecida e difundida em solo brasileiro.
Criador se apaixonou pela raça
O empresário Júnior Cesar Parpineli, morador em Marília/SP, é um exemplo de criador que se apaixonou pelo cavalo da raça Bretão. Ele começou nessa atividade com o cavalo Quarto de Milha, mas ao visitar algumas exposições e conversar com criadores e juízes, logo se interessou pelo Bretão. Hoje, no seu haras, o JPar Marília, só existem animais dessa raça.
Parpineli possui cinco éguas matrizes POI (Puro de Origem Importada) trazidas diretamente da França, outras cinco matrizes, filhas de animais também importados, além de um garanhão que é chefe de produção.
Veja na entrevista abaixo, os detalhes da criação e paixão de Júnior Parpineli:
Ademais, o criador procura investir no melhoramento genético, inclusive por meio de inseminação, ofertando animais de grande diferencial, seguindo sempre o padrão francês, “berço” do Bretão. As 10 matrizes do haras proporcionam de 8 a 10 produtos por ano, que são adquiridos por criadores de todo o país.
“Não tem como você não se apaixonar pelo cavalo Bretão, pela sua beleza, musculatura, morfologia e docilidade. É um animal que sempre quer ficar perto da gente, como se fosse um pet“, observou Parpineli. Aliás, seus animais já conquistaram diversos prêmios em julgamentos da raça.
Ele destaca o trabalho realizado pela Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Bretão, que é responsável por incentivar novos criadores e ao mesmo tempo expandir essa criação para diferentes regiões brasileiras.
E então, gostou de conhecer mais sobre essa raça? Aproveite e acesse também nosso artigo sobre bem-estar e economia na criação de cavalos. Boa leitura!