O cultivo da canola está em expansão no Brasil. Isso ocorre graças ao esforço dos pesquisadores em conseguir novas variedades que atendam às condições do solo e clima do país.
A canola é usada na fabricação de óleo para consumo humano, produção de biodiesel e ainda para obtenção de farelo com alto valor de proteínas na formulação de ração animal.
Neste artigo, vamos falar sobre o cultivo da canola no Brasil, os desafios e os o avanço tecnológico.
Afinal, o que é canola?
A Canola é originada da colza, uma planta cujas sementes se extrai o óleo. A palavra canola faz referência a três espécies de variedades de plantas da família das crucíferas (Brassica napus L., Brassica rapa L., e Brassica juncea). Elas pertencem ao gênero Brassica, das quais se produz óleo comestível.
Durante os anos 60, no Canadá, conseguiu-se extrair da colza um óleo livre de ácido erúcico, que não tem benefícios para o homem, mantendo apenas os elementos que fazem bem à saúde, como a vitamina E, os ácidos graxos monoinsaturados e Ômega 3.
Para ser considerado canola, o óleo deve conter menos de 2% do ácido erúcico. Além disso, cada grama do componente sólido da semente deve ter menos de 30 micromoles de glucosinolatos. Portanto, é uma planta que traz muitos benefícios à saúde humana.
Início do cultivo de canola no Brasil
A canola começou a ser cultivada no Brasil no Rio Grande do Sul, em 1974. Depois, essa cultura também expandiu para o Paraná, a partir de 1980. Hoje, a produção ocorre em outros estados brasileiros, tornando-se uma importante fonte de benefícios econômicos para essas regiões.
O cultivo de canola se incorpora muito bem aos sistemas de produção de grãos que são realizados no Sul do Brasil.
Isso porque permite aos produtores utilizar a mesma infraestrutura de maquinário existente em suas propriedades. Portanto, sem a necessidade de adquirir novos equipamentos.
O cultivo é feito em rotação de culturas, especialmente com o trigo. Hoje, no Brasil, só se cultiva a canola Brassica napus L. var. oleifera, conhecida como canola de primavera. Ela é resultado de melhoramento genético do grão de colza, que possui maiores teores de glucosinolatos e de ácido erúcico.
É muito comum ligarmos a canola ao óleo utilizado na cozinha, para a feitura de alimentos. No entanto, ela tem outras utilidades.
Como dissemos no começo do texto, pode ser usada na produção de biodiesel, por exemplo. Seu farelo resultante pode ser utilizado na produção de rações para animais, pois tem entre 34 a 38% de proteínas.
Crescimento da produção no Brasil
O cultivo de canola no Brasil tem grande apoio da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), que vem buscando novas técnicas para melhorar e expandir a produção. A Embrapa Trigo é uma das responsáveis pelo sucesso do cultivo.
De acordo com o pesquisador dessa unidade da Embrapa, Gilberto Tomm, as primeiras experiências de cultivo de canola no Brasil exigiram grande esforço da pesquisa na adaptação de híbridos que atendessem às condições do ambiente brasileiro.
Com o avanço tecnológico ao longo dos anos, foi possível aumentar a produtividade de 906 kg/ha (média 1980 a 1997) para 1.500 kg/ha (2016). Em 13 anos, a área de plantio passou de 12 mil hectares (em 2004), para mais de 57 mil hectares em 2017. Somente no ano de 2019, área de plantio da canola cresceu 12%, principalmente no Rio Grande do Sul.
Segundo a Embrapa, ter um maior conhecimento sobre o cultivo da canola está estimulando o aumento da área de cultivo, com expectativa de atingir 500 mil hectares em algumas décadas.
Expansão do cultivo de canola
O motivo principal para o crescimento do cultivo de canola no Sul do Brasil, com probabilidade de expansão para outras regiões do país, é a necessidade de realizar a diversificação e a rotação de culturas.
Aliás, a Embrapa realizou um estudo neste sentido, com base em entrevistas com 77 produtores rurais no Rio Grande do Sul.
“O fator econômico aparece em segundo lugar como motivador na adoção da canola, porém o aumento no rendimento das culturas subsequentes também foi destacado pelos entrevistados”, explica o analista de transferência de tecnologia da Embrapa Trigo, Álvaro Dossa.
Segundo a Embrapa, a canola pode aumentar o rendimento dos cultivos subsequentes de milho, de soja e de trigo em até 20%. Isso ocorre pelo controle de doenças, bem como pelo resíduo de fertilizantes e ciclagem de nutrientes. Confira no vídeo:
Avanço da canola para outros Estados
Ainda concentrada na Região Sul, a canola começa a ampliar horizontes a partir da geração de novos conhecimentos da pesquisa.
Em São Paulo, por exemplo, existe um estudo que avalia a possibilidade de consorciar a canola com a cana-de-açúcar, cultura de maior expressão econômica no Estado.
A canola tem colorido o cerrado brasileiro. Na região do triângulo mineiro houve um aumento de quase 300% em relação ao ano passado, saltando de 675 para 2 mil hectares.
O incentivo ao cultivo desta oleaginosa em Minas Gerais surgiu da necessidade crescente de óleos vegetais de alta qualidade para consumo humano, bem como para a produção de biodiesel.
O cultivo da canola no Brasil levou inclusive a criação da Associação Brasileira de Produtores de Canola (Abrascanola). Dessa maneira, a entidade dá apoio aos produtores, regulamentando a produção, comercialização e uso dessa oleaginosa, considerada a terceira em volume de produção a nível mundial.
Portanto, nesse artigo procuramos mostrar as perspectivas de produção da canola no Brasil, uma planta que aos poucos vem ganhando espaço pelo país.
Mas, existe outra planta com as mesmas características da canola, ou seja, pode ser usada na extração do óleo, biodiesel e fabricação de farelo. Estamos nos referindo ao girassol. Confira como o seu plantio pode ser uma boa opção para o agricultor.
