Brachiaria é um gênero de forrageiras de origem africana, bastante tolerante ao frio, seca e fogo. Foi introduzido no Brasil na década de 1960, na região da Amazônia, mas rapidamente expandiu-se às demais regiões tropicais e subtropicais do país. É representado por diversas espécies e cultivares.
Hoje em dia, está presente em quase 90% das pastagens brasileiras. Além da engorda do gado, a brachiaria é utilizada na alimentação de outros animais, a exemplo dos bubalinos, caprinos e ovinos. Também é usada na agricultura em áreas de plantio direto.
Sua produtividade é elevada, podendo chegar a 20 toneladas anuais de matéria seca, dependendo da variedade. No entanto, para que ela cresça de forma saudável e atenda aos seus principais objetivos, é preciso que o solo esteja bem drenado.
Embora existam cerca de 80 espécies do gênero Brachiaria, em nosso país nem todas são plantadas. Dentre as mais utilizadas podemos citar, por exemplo, a B. decumbens, B. brizantha, B. humidicola e B. ruziziensis, que possuem diferentes características e formas de manejo. Neste artigo, iremos falar um pouco sobre cada uma delas. Confira!
Brachiaria decumbens
Conhecida também como braquiarinha ou capim-braquiária, a Brachiaria decumbens foi a primeira a ser introduzida no Brasil e logo teve grande aceitação dos produtores devido às suas características bastante favoráveis em solos de baixa fertilidade, encontrados em grande parte das regiões pecuárias do país.
Essa espécie de braquiária pode alcançar até 1 metro de altura. Ademais, não tolera solos encharcados e nem temperaturas abaixo de 15 ºC, podendo apresentar um crescimento menor e até interrompê-lo totalmente nas regiões frias.
Os inimigos naturais dessa espécie de capim são as cigarrinhas-das-pastagens. Com o propósito de identificar a sua infestação, é possível verificar que as folhas novas começam a amarelar, o que só ocorreria com as folhas mais velhas. Em seguida, a pastagem fica seca, semelhante ao feno, só que com uma coloração marrom.
Principais características:
- Devido a sua rusticidade, se adapta bem aos solos ácidos e de baixa fertilidade, com fácil manejo;
- Elevada produção de sementes em períodos chuvosos;
- Alta capacidade de competição com plantas invasoras;
- Boa produção de forragem.
Brachiaria brizantha
Essa espécie de braquiária é uma das mais utilizadas nas pastagens brasileiras, revolucionando o plantio de forrageiras, em virtude de sua alta produtividade e grande adaptação às nossas condições climáticas.
A exemplo de outros tipos de plantas, não se adapta bem em solos encharcados. A Brachiaria brizantha pode atingir de 1 a 1,5 metro de altura, e dentre as cultivares mais utilizadas estão: marandu (conhecida como braquiarão); xaraés (apresenta bom valor nutritivo e tolerância ao pastejo); e piatã (fácil estabelecimento e aceita melhor solos pouco drenados).
Ademais, está presente em cerca de metade das áreas de pastagens de todo o Brasil, sendo muito utilizada também pelos agricultores no sistema de plantio direto.
Apresenta alta produtividade, com sistema radicular profundo e resistência à cigarrinha, principal praga das pastagens.
Principais características:
- Alta produtividade;
- Grande adaptação às condições climáticas;
- Cresce em forma de touceiras eretas ou semieretas (depende da variedade);
- Resistente à cigarrinha-das-pastagens;
- Média tolerância a solos mal drenados;
- Utilizada no sistema de plantio direto.
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Brachiaria humidicola
A Brachiaria humidicola foi a primeira espécie lançada pela Embrapa, após um trabalho de avaliação e seleção que durou 18 anos.
O objetivo foi apresentar aos pecuaristas uma opção de pastagem para áreas úmidas de baixa e média fertilidade, com uma boa produtividade, vigor, rapidez de estabelecimento e ao mesmo tempo com boa distribuição da produção ao longo do ano.
Outra característica importante dessa brachiaria é que produz mais folhas do que talos durante o período seco do ano, contribuindo, assim, para a alimentação do gado.
Aliás, além de tolerar a acidez do solo, essa espécie tem como melhor época para ser semeada de novembro a janeiro, se desenvolve bem em solos arenosos e de baixa fertilidade, tem boa tolerância a períodos de seca e pode atingir cerca de 1 metro de altura.
Principais características:
- Boa aceitação em solos de baixa fertilidade;
- Boa tolerância ao frio e à seca;
- Plantio durante a estação chuvosa utilizando sementes;
- Crescimento em torno de 1 metro;
- Usada com o fim de pastejo, com índices satisfatórios de digestibilidade e palatabilidade pelos animais;
- Tolerante à cigarrinha-da-pastagem.
Brachiaria ruziziensis
Essa espécie de gramínea forrageira é utilizada primordialmente em áreas de integração lavoura-pastagem ou áreas apenas de lavoura, proporcionando cobertura de solo e produção de palhada, com altura média de 50 cm.
As principais características da Brachiaria ruziziensis são o rápido crescimento e com boa qualidade e excelente aceitabilidade pelos animais. Todavia, tem baixa resistência à cigarrinha-das-pastagens.
Diferentemente das demais espécies que apresentamos neste artigo, a B. ruziziensis exige uma boa fertilidade do solo a fim de que haja um desenvolvimento ao longo do tempo como planta forrageira. Isso significa que é preciso haver uma reposição periódica da fertilidade dessa área onde foi plantada.
Assim, não é indicada aos sistemas extensivos de pastagem e nem aos sistemas muito intensivos devido a sua menor capacidade de resposta à adubação, em comparação a outros cultivares.
Principais características:
- Se adapta à integração lavoura-pecuária;
- Excelente valor nutritivo;
- Rápida cobertura da área de plantio;
- Exige boa fertilidade do solo;
- Plantio em regiões de solos com boa drenagem e precipitação anual mínima de 900 mm;
- Pouca resistência ao ataque de cigarrinhas-das-pastagens.
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Importância dessas espécies de brachiaria
De acordo com o pesquisador da Embrapa, Lourival Vilela, o diferencial da braquiária em relação a outras forrageiras tropicais é que, por ser menos exigente em termos de fertilidade, se adapta melhor aos diferentes solos.
Lourival Vilela destaca outra característica importante, “além de possuir um sistema radicular bastante eficiente, com raízes que alcançam até quatro metros de profundidade. Isso faz com que ela seja uma excelente recicladora de nutrientes do solo”.
Antes de concluir, conheça o trabalho que é desenvolvido pela Embrapa no desenvolvimento e melhorias das espécies de Brachiaria:
E então, gostou do artigo? Aproveite e acesse também nosso post sobre volumosos e concentrados na alimentação de bovinos. Boa leitura!
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