No Brasil, problemas com deficiência de fósforo são bastante observados devido às características dos solos brasileiros.
Como consequência, sua limitação gera perda de produtividade devido a importância deste elemento para as plantas.
É importante conhecer as funções que este macronutriente apresenta no interior das plantas, para entender a grande interferência que ele apresenta na produção.
Neste artigo trouxemos esta e outras informações a respeito do fósforo nas plantas: funções, modos de aplicação, formas de fertilizantes e outras informações que irão ajudar a melhorar cada vez mais o solo fornecendo este nutriente de modo adequado para as plantas. Confira!
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Atuação do fósforo nas plantas
O fósforo (P) é um elemento essencial, juntamente com nitrogênio e potássio para as plantas, pois sua falta interfere diretamente no desenvolvimento e crescimento da planta.
Mesmo sendo requerido em pouca quantidade e variando de 1,0 a 10 g/kg nas plantas, sua atuação se torna imprescindível.
Este elemento é constituinte da ATP (trifosfato de adenosina), AMP (monofosfato de adenosina), ADP (adenosina difosfato) e NADP (nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato), que estão ligados a produção de energia, pela fotossíntese, divisão celular e transporte de assimilados.
Ele também é componente do DNA e RNA das plantas, que tem a finalidade de transportar os genes para geração seguinte.
São essenciais na formação de sementes, pois fazem parte da formação do sistema radicular inicial.
Além disso, nas plantas, também induzem a resistência a alguns patógenos que causam doenças, como no caso da requeima ou podridão da raiz, causados por Phytophthora spp.
Formas e disponibilidade de fósforo nos solos agrícolas brasileiros
Formas do fósforo no solo
Primeiramente é importante definir as três formas que o fósforo (P) está presente no solo:
- Fósforo (P) não lábil;
- Fósforo (P) lábil;
- Fósforo (P) na solução.
Estas três formas estão relacionadas a disponibilidade ou não de fósforo para as plantas.
O P- não lábil é aquele que está ligado à superfície de um mineral por muito tempo. Este P é indisponível para a planta, devido à forte reação do P com o mineral, tornando a solubilização mais difícil. Está em maior quantidade nos solos brasileiros.
P-lábil também está adsorvido ao mineral, mas por pouco tempo, o que o torna mais fácil de ser liberado para a solução do solo. À medida que a planta vai absorvendo o P disponível na solução, vai ocorrendo a dessorção, que é a passagem do P-lábil a P na solução.
Enfim, o P na solução é aquele prontamente disponível para a planta, que está presente no solo em menor proporção. É passível de perda por erosão e lixiviação (pouco ocorrido) por ser um nutriente pouco móvel no solo.
Para entender melhor as formas, veja este estudo feito pela Embrapa que mostra a quantidade de P total no solo, em diferentes usos da terra.
Este teor P-total no solo contabiliza as três formas de P no solo, no gráfico a seguir mostra quanto deste solo está na forma lábil.
Pelos gráficos, nota-se a proporção de P no solo e P-lábil no solo, o que interfere na disponibilidade deste para as plantas.
Disponibilidade do fósforo no solo
O fósforo na maioria dos solos brasileiros está presente na forma P- não lábil devido ao intemperismo sofrido pelos solos por conta do clima tropical.
O P é adsorvido no solo principalmente pelos óxidos de ferro (Fe) e alumínio (Al), que estão em grandes quantidades, e pelas partículas de argila.
Assim, existe uma relação de quanto maior o teor de argila e maior a concentração de óxidos nos solos, maior será a retenção de P nos minerais.
Outro fator que interfere na disponibilidade do fósforo é o sinergismo com alguns nutrientes como molibdênio e magnésio. O uso de corretivo do solo, como a calagem, além de reduzir o Al no solo, fornece magnésio, o que aumenta a disponibilidade de P.
Desse modo, pode notar que o pH do solo influencia na disponibilidade de fósforo: quanto menor a acidez do solo, maior a disponibilidade, mas em solos muito alcalinos, com pH elevado, o fósforo está presente na forma de HPO42-, e a forma predominante da absorção pelas plantas é H2PO4-.
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Como e quando aplicar fósforo nas lavouras?
Devido a adsorção de fósforo nos solos, o manejo deste nutriente deve ser realizado com cuidado, para que possa aproveitar o que já tem no solo e o que irá aplicar.
O importante é primeiro saber o teor de fósforo no solo, para isso, realizar análise de solo é fundamental.
Após saber a quantidade de P presente no solo, é preciso verificar no manual de adubação do seu estado o enquadramento do solo em relação ao teor de P, se é baixo, médio ou alto. Por este teor e levando em consideração a produtividade esperada, tem a definição da quantidade de P2O5 a ser aplicada.
Definindo a quantidade a ser aplicada, é importante lembrar que o fósforo no solo é pouco móvel, com isso, é necessário colocar a adubação de P próximo às raízes da planta, de preferência um pouco abaixo da linha de deposição das sementes.
As principais fontes de fósforo utilizadas no sulco de semeadura são os fosfatos solúveis em água, como superfosfato simples e triplo, MAP e DAP na forma granulada.
A adubação a lanço também é um opção para correção do perfil do solo devido a pouca mobilidade do P, entretanto deve ser incorporado para que não fique na camada superficial. Neste caso, os fosfatos insolúveis em água são mais utilizados, como os fosfatos naturais e termofosfato, aplicados em forma de pó e incorporados.
Outra forma de aplicar fósforo nas culturas é via foliar, utilizando produtos foliares nos estádios vegetativos das culturas, pois na planta este elemento é muito móvel, sendo redistribuído para as raízes e outras partes da planta.
A aplicação foliar de P é um complemento da adubação de solo, onde tanto para soja quanto para o feijão, foram realizados estudos onde houve incremento da produtividade com a combinação das duas adubações de P.
Ademais, o uso de bactérias que solubilizam o fósforo que está adsorvido no solo é uma realidade possível nas lavouras. Estudos feitos pela Embrapa em conjunto com empresas mostraram a eficiência de algumas cepas de bactérias que têm essa função de disponibilizar para as plantas o fósforo que antes era indisponível. Assim, é possível juntamente com a adubação via solo, proporcionar maior disponibilidade deste nutriente para as plantas.
Deficiência e excesso de fósforo
Sintomas de excesso de fósforo são difíceis de serem encontrados nos solos brasileiros, devido ao elevado grau de intemperismo, como dito anteriormente.
Entretanto, caso ocorra, ele interfere indiretamente, pois reduz a absorção de outros nutrientes como: zinco, cobre, manganês e ferro.
Já a deficiência de fósforo pode ser observada em diversas culturas, principalmente na coloração das folhas mais velhas.
Como o fósforo é fundamental no crescimento e desenvolvimento, sua falta logo no início da lavoura pode causar redução no crescimento da planta, com menor limbo foliar, podendo afetar também as raízes.
Por ter uma alta mobilidade dentro da planta, seus sintomas aparecem primeiramente nas folhas mais velhas, na mudança de coloração das mesmas.
A coloração das folhas pode variar conforme a cultura. Em soja por exemplo, as folhas adquirem uma coloração verde escura a azulada, com pouco brilho, podendo apresentar clorose e necrose. Para cultura do milho ou trigo, a coloração das folhas é arroxeada, sendo observada também no caule das plantas, principalmente quanto mais jovens.
Com o porte reduzido, as plantas têm limitação no desenvolvimento e atraso no florescimento e maturação dos frutos ou grãos, o que interfere diretamente na produtividade.
Conclusão
O fósforo é um nutriente que necessita de cuidados ao ser aplicado, em baixas e grandes quantidades seu aproveitamento pode ser reduzido.
Conhecer a quantidade deste nutriente presente no solo faz a diferença para o manejo de aplicação dos fertilizantes fosfatados.
A junção de mais de um modo de aplicação tem sido vantajosa para aumento da produtividade.
Fique atento e use alternativas para conseguir aproveitar o fósforo já presente no seu solo!
Espero que este artigo tenha fornecido informações úteis para você.
Até mais!
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