Por que conhecer melhor a raça de gado de leite conhecida como Jersolando?
A resposta está diretamente relacionada aos resultados produtivos que você, pecuarista, pode alcançar com essa raça. Ou ainda, aos princípios utilizados nos cruzamentos que resultaram nesse genoma.
Cruzamentos dirigidos ou acasalamentos entre raças diferentes sempre são o melhor modo de realizar o melhoramento genético dos bovinos. A geração seguinte terá a união das principais características positivas encontradas em ambas as raças.
Assim, no post de hoje, falaremos exclusivamente sobre a raça Jersolando. Continue lendo e descubra a origem, as principais características e as vantagens que ela oferece.
Origem da raça Jersolando
Resultado do cruzamento entre a raça Jersey e Holandês, o Jersolando, também chamado de Kiwicross, apresenta qualidades produtivas importantes e têm levado muitos produtores de leite a investirem na sua aquisição, a fim de ampliar o potencial genético leiteiro.
O gado holandês é conhecido por seu alto potencial de rendimento em picos de lactação, apesar de seu leite ser pobre em proteína e gordura, e a raça inglesa Jersey, sendo a segunda raça leiteira mais importante do mundo, produz leite saboroso, nutritivo e com alto teor de gordura e proteína (teor de sólidos).
A raça é originária da Nova Zelândia, país referência mundial na produção de leite e que detém cerca da metade de todo o rebanho de vacas lactantes Jersolando.
Ademais, com certeza como produtor rural, você sabe o quanto a condução de um plano bem direcionado no manejo reprodutivo influencia na produtividade de suas vacas.
Nesse sentido, os estudos já demonstram resultados, pois a combinação entre os perfis genéticos em questão somente trouxe pontos positivos, elevando a qualidade do leite e reduzindo a demanda de alimento por animal.
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Principais características da raça Jersolando
A raça Jersolando, além de apresentar características que são tidas como diferencial no mercado produtor de leite, também contribui com o plano de melhoramento genético do rebanho.
Ambos os fatores são de grande importância para o produtor e para a indústria láctea. Isso porque a principal característica da raça é o alto potencial produtivo com menores exigências e baixa sensibilidade.
Além disso, os teores de gordura e proteína também estão relacionados ao rendimento de produtos processados a partir do leite, como é o caso do queijo. Essa raça garante melhor aproveitamento e rendimento de produto final, o que gera maior renda e muitas vezes, pagamento de bonificações.
Quanto às características físicas, a raça Jersolando, além de representar heterose pura e se traduzir em indivíduos melhorados, também apresenta: boa fertilidade, menor porte, longevidade, facilidade de parto, bons úberes, precocidade sexual e persistência na lactação.
Volume de produção de leite da raça Jersolando
Animais que têm alta produtividade leiteira demandam sistemas produtivos e condições específicas de criação. A oferta de ambiente de qualidade colabora diretamente com os resultados.
Embora tenham melhor adaptação a climas tropicais, se comparados a raças originalmente europeias, é vital que o ambiente contribua para que os animais expressem em sua plenitude a capacidade produtiva que detém.
Nesse sentido, por exemplo, vacas criadas em sistemas extensivos, ou seja, onde fiquem soltas para se alimentar no pasto de alta qualidade, refletem uma produção de leite expressiva, sendo até mesmo possível a nível industrial. A exemplo disso, temos o Leitíssimo, produzido no estado da Bahia em nosso país.
Da mesma maneira, vacas submetidas a um sistema intensivo, ou seja, confinadas e alimentadas no cocho, chegam a produzir picos mais expressivos de leite, uma vez que a energia desses animais é sumariamente voltada para a produção de leite em litros.
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Principais vantagens da raça Jersolando
Além do já comentado alto padrão de produtividade leiteira apresentado pela raça Jersolando, podemos citar algumas outras vantagens que fazem desses animais uma excelente opção para os produtores que desejam ampliar os seus rebanhos:
- Uma dessas vantagens está no aumento da produção artesanal de queijo. É possível, por exemplo, produzir mais quilos de queijo com menos litros de leite da raça Jersolando;
- De acordo com uma pesquisa realizada na Embrapa Pecuária Sudeste, localizada na cidade paulista de São Carlos, as vacas dessa raça emitem menos gases de efeito estufa (GEE) quando comparadas a raça holandesa;
- No que diz respeito à quantidade de árvores que seriam necessárias para neutralizar as emissões de GEE por quilo de leite por hectare, a raça Jersolando também se mostrou superior: 40 árvores por vaca em sistema intensivo, sendo que para a holandesa esse número sobe para 52 árvores.
Essa é uma vantagem importante, que pode ser melhor explorada na pecuária brasileira dos próximos anos. Afinal, o mundo todo está preocupado com as questões ambientais e qualquer solução que ajude a reduzir a emissão dos gases de efeito estufa é sempre bem vinda.
Além de mais produtiva, a raça Jersolando é também uma ótima alternativa para a sustentabilidade do sistema de produção de leite do país.
Direcionando melhor seu plano reprodutivo
É importante ressaltar que as vantagens e as características apresentadas ao longo desse texto só podem se expressar quando os animais são frutos de cruzamentos criteriosos e com registros genealógicos.
Sempre que adquirir animais novos, é de vital importância conhecer a procedência, considerando seu planejamento reprodutivo e qual o impacto que essa escolha terá ao fim do seu planejamento estratégico.
Do contrário, o resultado pode ser bastante prejudicial, inclusive com baixa produção de leite, sendo que o produtor se verá diante de um problema, em vez de encontrar a solução para o seu negócio leiteiro.
O ideal é que as vacas sejam adquiridas de criadores que tenham domínio do seu plano produtivo e reprodutivo e que elas sejam devidamente registradas em associações correspondentes de criadores de gado, como a Associação dos Criadores de Gado Jersey do Brasil (ACGJB).
Isso garante idoneidade ao produtor, atestando a procedência e origem de boa qualidade dos animais, proporcionando, assim, resultados esperados da raça.
O que considerar no cruzamento dirigido?
Ao considerar o melhoramento genético de seu rebanho, tenha em mente o quão importante é conhecer os pontos críticos, ou seja, as características que deseja melhorar no gado. O cruzamento dirigido visa agregar características importantes de ambas raças envolvidas.
Considere cruzamentos com animais de boa procedência, ou seja, na maioria dos casos, vacas Jersey registradas e com linhagem genética bem determinadas recebem material genético de touros Holandeses também de alto potencial e linhagem já determinada, atribuindo assim, cruzamento de aspectos previamente e estrategicamente determinados. Resultado disso: alto potencial produtivo com qualidade em termos de presença de sólidos totais.
E então, gostou do artigo? Aproveite e confira também nosso post sobre bovinocultura de leite. Boa leitura!