Embora os lepidópteros, na fase adulta, possam parecer inocentes, a verdade é que quando aparecem são um sinal de perigo às lavouras. Isso porque esses insetos utilizam as folhas das plantas para depositarem seus ovos, que posteriormente, se transformam em lagartas.
Estas, por sua vez, passam a comer de tudo, podendo causar grandes prejuízos à diversas plantações, como de trigo, milho, soja, feijão e algodão. Isso sem falar em hortaliças, frutas, grãos secos e até botões de flores.
Sendo assim, o manejo correto dos lepidópteros é essencial para manter a saúde das plantas e do seu negócio. Por isso, neste artigo, vamos apresentar todos os detalhes sobre os lepidópteros, o seu ciclo de vida, os perigos às lavouras e também como fazer o controle com o propósito de evitar prejuízos. Confira!
O que são lepidópteros?
Os lepidópteros são a segunda ordem de insetos mais diversificada do planeta, somando mais de 150 mil espécies, que são encontrados em todo o mundo, principalmente em climas tropicais.
Esses insetos sofrem metamorfose completa, isto é, se apresentam em estágios de ovo, larva (lagarta), pupa (crisálida) e adulto (imago). Os adultos são totalmente diferentes das formas imaturas. Temos como exemplos desses insetos as mariposas e borboletas.
As suas principais características incluem asas cobertas com escamas, cabeça redonda, aparelho bucal sugador e um par de antenas logo acima dos olhos. Aliás, têm esse nome pela presença de escamas (“lepido”) que cobrem o corpo e asas (“ptero”) dos insetos.
As fêmeas geralmente são maiores. Os machos são mais coloridos e possuem antenas diferenciadas (chamadas pelos estudiosos de ornamentais).
De acordo com a Embrapa, no Brasil existem de 5 a 8 mil espécies de mariposas e mais de 3.500 espécies de borboletas, concentradas principalmente no Cerrado.
Ciclo de vida dos lepidópteros
Embora existam milhares de espécies de lepidópteros, todos os insetos dessa ordem apresentam as quatro fases no seu clico de vida: ovo, lagarta, pupa e adulta, conforme citamos acima.
Primeiramente, após a fecundação as fêmeas procuram uma planta para depositar seus ovos, o que pode variar de acordo com a preferência de alimento da espécie.
Então, depois da eclosão dos ovos, a lagarta começa a se alimentar das plantas onde se encontram. Nessa fase, é encontrada em grande quantidade e passam a ser consideradas pragas às lavouras.
Depois de algum tempo, quando a lagarta já comeu o suficiente, procura um lugar para a fase de pupa. Após construírem um casulo de seda, os lepidópteros se fixam nas plantas até que se complete a sua metamorfose, transformando-se novamente em inseto voador, passando a se alimentar do néctar e do pólen das flores.
Importância ao ecossistema
Embora o excesso de lepidópteros seja classificado como praga, os insetos dessa espécie são muito importantes ao ecossistema. Por exemplo, os ovos e as pupas podem servir de hospedeiro à outros insetos. Além disso, as lagartas são a base da alimentação de muitos animais.
Por outro lado, quando na fase adulta, os lepidópteros trabalham como polinizadores e predadores. Assim, eles também podem servir para o controle biológico de alguns tipos de pragas. Porém, para que ela seja benéfica para as plantações, é necessário haver equilíbrio biológico.
Qual o perigo dos lepidópteros nas lavouras?
Agora que você já conhece o ciclo de vida dos lepidópteros, vamos tratar da questão que mais interessa e preocupa os agricultores: a sua fase de lagarta, quando pode causar sério prejuízo às lavouras.
A lagarta ataca as folhas em busca de alimento. Todavia, algumas espécies se alimentam das flores, do caule, dos frutos, das raízes e até dos grãos secos. Por isso, essa praga pode acabar com cultivos inteiros.
O maior perigo dos lepidópteros é a frequência de reprodução e a grande quantidade de ovos que são postos de uma só vez. Assim, caso não haja o controle e manejo correto da plantação, a praga pode evoluir muito rápido.
Uma das lavouras mais atacadas por lagartas é a de soja. Isso ocorre em todas as suas fases de desenvolvimento e devido a facilidade de proliferação as perdas podem chegar a 50%.
O milho também é outra cultura que sofre muito com o ataque dos lepidópteros. É o caso, por exemplo, da lagarta do cartucho, considerada uma das principais pragas dessa cultura. Ela é capaz de causar grandes perdas na plantação, ao provocar o chamado “coração morto” que impede o crescimento da planta.
Veja também: Cigarrinha-do-milho: veja como fazer o controle.
Como fazer o controle correto dos lepidópteros?
A melhor forma de fazer o controle dos lepidópteros é por meio da inspeção e do monitoramento, principalmente seguindo os conceitos do Manejo Integrado de Pragas (MIP), um conjunto de técnicas e medidas sustentáveis para prevenir pestes e doenças na lavoura.
Além disso, existem hoje variedades mais resistentes, como é o caso do milho geneticamente modificado contendo o gene Bt. Esse gene é responsável pela expressão de proteínas inseticidas a determinados grupos de insetos, entre eles os da ordem Lepidóptera (lagarta-do-cartucho-do-milho, broca-do-colmo, lagarta-da-espiga e lagarta-elasmo).
Os esforços técnicos com objetivo de controlar os lepidópteros não param por aí. No ano passado a Embrapa anunciou um novo produto biológico que atinge 100% de eficácia contra a lagarta-do-cartucho, justamente a praga que mais ataca as lavouras de milho.
Medidas preventivas
Ademais, algumas medidas preventivas com o propósito de evitar a infestação por lepidópteros estão listadas a seguir:
- Selecionar mudas sadias;
- Preferir cultivares de ciclo curto;
- Evitar o escalonamento de plantio;
- Implantar barreiras vivas ou faixas de plantio;
- Fazer rotação de cultivo com plantas resistentes a praga;
- Cultivar as plantas sob manta de TNT especial para agricultura;
- Manejar adequadamente a nutrição e a irrigação.
No vídeo abaixo, veja como é possível fazer, de forma bem simples, uma armadilha para capturar os lepidópteros e afastar os problemas nas lavouras:
Contudo, caso os lepidópteros já tenham infestado a plantação, na fase de lagarta, pode ser necessário recorrer ao controle biológico, como por exemplo o que citamos acima, ou químico.
Se o agricultor optar por fazer o controle químico dos lepidópteros, é preciso usar apenas produtos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para aquele tipo planta, sempre dando preferência a produtos não tóxicos a outros polinizadores e ao homem.
E então, esse artigo foi útil para você? Aproveite e acesse também o nosso post onde explicamos como combater a lagarta mandarová da mandioca. Boa leitura!