Mancha-alvo: conheça os sintomas e formas de controle

Mancha-alvo: conheça os sintomas e formas de controle

A mancha-alvo é uma doença foliar que ocorre em diversas culturas, mas principalmente na soja e no algodão.

A doença vem ganhando destaque nas safras atuais, pois está amplamente distribuída por todas as regiões produtoras do Brasil, podendo causar perdas que chegam a 50%.

Além disso, seu controle se tornou mais difícil devido ao aumento da suscetibilidade das cultivares mais modernas.

Quer conhecer os sintomas e formas de controle da mancha-alvo? Neste artigo te explicaremos tudo isso e muito mais. Confira!

Leia também: Principais doenças da cultura do algodão: identificação, sintomas e manejo

O que é a mancha-alvo?

A mancha-alvo é uma doença causada pelo fungo Corynespora cassiicola. Os primeiros registros do fungo foram em 1976, mas, atualmente, a doença se espalhou por todas as regiões de cultivo, com ataques severos no Sul e nas regiões altas do Cerrado.

A ocorrência da mancha-alvo tem sido motivo de preocupação para os agricultores, pois o fungo pode ser transmitido através das sementes, e também tem a capacidade de sobreviver em restos culturais, mantendo-se na palhada por mais de dois anos.

Os sintomas mais comuns se iniciam com pequenas manchas circulares, com halo amarelado e pontuação escura no centro. A evolução das lesões em camadas circulares tem um aspecto de um “alvo”. 

Folha de soja com sintoma de mancha-alvo, apresentando pequenas manchas circulares, com halo amarelado e pontuação escura no centro
Sintoma de mancha-alvo (Corynespora cassiicola) em folha de soja. Fonte: Cláudia Vieira Godoy (Embrapa).

Na soja, os sintomas não se manifestam apenas nas folhas, mas também podem ser observados em todas as partes da planta, incluindo raízes, hastes, pecíolos, vagens e sementes.

A evolução da doença pode causar desfolha prematura das plantas, principalmente se ocorrer em cultivares suscetíveis e condições de clima favorável.

No algodoeiro, os sintomas iniciam nas folhas do terço inferior da planta, mas se espalham rapidamente após o fechamento da entrelinha, pois o elevado número de folhas cria um ambiente favorável de alta umidade e temperatura para o fungo.

Sintoma da doença mancha-alvo nas folhas e maçã do algodoeiro, apresentando lesões em formato circular e de coloração escura
Mancha-alvo (Corynespora cassiicola) em folhas e maçã de algodoeiro. Fonte: The University of Tennessee.

A mancha-alvo causa prejuízos às culturas atacadas, pois a queda prematura das folhas e as lesões causadas pela doença diminuem a capacidade da planta de realizar fotossíntese.

Como consequência, a planta não consegue se desenvolver de forma adequada e isso causa a redução da produção.

Quais as condições favoráveis para a ocorrência da mancha-alvo?

O ambiente ideal para o desenvolvimento da mancha-alvo apresenta temperatura amena (entre 18°C e 21°C) e umidade relativa do ar alta (superior a 80%). Outro fator que favorece a doença são longos períodos de molhamento foliar, pelo menos 24 horas.

Essas condições favorecem a ocorrência do fungo. Em torno de 7 a 10 dias depois que ele penetra na planta, é possível observar o surgimento dos primeiros sintomas, que são os pontos escurecidos nas folhas.

Normalmente, quando as plantas começam a se desenvolver e fechar as entrelinhas, elas criam um microclima úmido na lavoura, além de sombrear o baixeiro das plantas. É mais comum a doença se desenvolver nessas condições.

Veja também: Fungicidas: conheça os produtos responsáveis por controlar doenças nas plantas

Saiba como controlar a mancha-alvo

O ideal é controlar a mancha-alvo de forma preventiva, por meio do uso de cultivares resistentes, rotação de culturas com plantas não hospedeiras e tratamento de sementes.

No entanto, não há cultivares de soja com resistência completa adaptadas a todas as regiões. Também não existem ainda cultivares de algodoeiro resistentes à mancha-alvo. Dessa forma, o controle deve ser voltado para outras práticas.

A rotação de culturas deve ser feita evitando a sucessão de plantio algodão-soja, pois ambas são suscetíveis à mancha-alvo. O ideal é seguir um sistema de plantio que não utilize soja todos os anos na mesma área.

Como estas práticas preventivas nem sempre são possíveis de serem adotadas, a principal forma de controle tem sido com a aplicação de fungicidas em parte aérea.

Controle químico da mancha-alvo na soja

Atualmente existem mais de 40 fungicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para controlar a mancha-alvo na cultura da soja. Os grupos químicos que se destacam são os seguintes:

  • Triazol;
  • Estrobilurina;
  • Carboxamida;
  • Benzimidazol;
  • Ditiocarbamato;
  • Carboxanilida;
  • Dimetilditiocarbamato; e
  • Fenilpiridinilamina;

Muitos produtores têm optado pelas misturas formuladas dos seguintes grupos:

  • Triazol + estrobilurina;
  • Carboxamida + estrobilurina; e
  • Carboxamida + estrobilurina + triazol.

Controle químico da mancha-alvo no algodoeiro

Os principais fungicidas utilizados para controlar mancha-alvo no algodoeiro contêm as moléculas:

  • Epoxiconazol + fluxapiroxade + piraclostrobina;
  • Protioconazol + trifloxistrobina;
  • Bixafen + protioconazol + trifloxistrobina;
  • Fluxapiroxade + piraclostrobina;
  • Azoxistrobina + mancozebe + tebuconazol; e
  • Azoxistrobina + mancozebe.

Confira também: 5 dicas para combater a ferrugem asiática da soja

Como realizar o controle químico da mancha-alvo?

Mesmo com vários produtos registrados, muitos com alta eficiência, é comum o controle da mancha-alvo não ser eficaz nas lavouras. 

Os principais erros cometidos que levam à estas falhas no controle são a escolha do fungicida ou utilização da dose incorreta, realização da aplicação no momento errado, intervalos entre as aplicações muito longos ou com tecnologia de aplicação que não oferece a cobertura adequada das folhas do baixeiro com fungicida.

Atrasos na primeira aplicação de fungicida podem diminuir significativamente a eficiência do controle.

Por isso, é muito importante realizar o monitoramento da lavoura desde o início. Como o fungo pode ser transmitido pela semente e sobreviver na palhada, normalmente a doença surge ainda no início, no período vegetativo.

Conforme comentamos anteriormente, quando se dá o fechamento das entrelinhas, as condições para o desenvolvimento do fungo se tornam mais favoráveis e a doença mais severa, ficando mais difícil de controlar.

Cabe ainda destacar que o modo de ação da maioria dos fungicidas disponíveis é preventivo e alguns curativos. Por isso, a eficiência do controle será muito maior se a aplicação for feita antes do surgimento dos primeiros sintomas, ainda nos estádios vegetativos.

Mas, ainda existe outro ponto muito importante, que é a tecnologia de aplicação empregada. Mesmo que o controle preventivo seja feito no momento correto, ele perde sua eficiência se não atingir as folhas do baixeiro.

A aplicação deve ser feita de modo a cobrir as plantas como um todo, com cuidado especial para os terços mediano e inferior das plantas.

Um último alerta sobre o controle químico se refere à correta utilização dos fungicidas para evitar o surgimento de resistência aos produtos.

Nesse sentido, é fundamental fazer a rotação de grupos químicos com mecanismos de ação diferentes para preservar as moléculas fungicidas disponíveis.

Utilizar as técnicas de controle disponíveis de forma conjunta também é indispensável para obter sucesso no controle da mancha-alvo e alcançar alta rentabilidade nas lavouras. Algumas outras estratégias incluem:

  • Utilizar sementes de boa qualidade;
  • Realizar tratamento de sementes com fungicidas;
  • Realizar a rotação de culturas;
  • Utilizar cultivares com algum nível de resistência, quando disponíveis;
  • Realizar o controle de plantas daninhas (possíveis hospedeiras);
  • Incorporar restos culturais;
  • Evitar espaçamentos adensados;
  • Parcelamento da adubação nitrogenada;
  • Proteger a parte aérea com fungicidas foliares;
  • No caso do algodão, manejo da altura das plantas com reguladores de crescimento.

Conclusão

A mancha-alvo é uma doença fúngica que ataca culturas agrícolas como o algodão e a soja. Os principais sintomas são manchas escuras com halo amarelado e desfolha precoce. Isso prejudica a fotossíntese e o desenvolvimento da planta, reduzindo a produção.

Quanto antes os sintomas forem detectados, mais eficiente será o controle, que deve ser feito por meio de ações combinadas que incluem o uso de fungicidas.

Fique atento aos aspectos sanitários da sua lavoura e não tenha prejuízos causados pela mancha-alvo!

E então, gostou desse conteúdo? Confira também o nosso artigo sobre como fazer a identificação e o manejo de nematoides na soja. Boa leitura!

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