O pistache é uma noz típica do oriente médio, com um sabor único e muito apreciado em todo o mundo. Apesar de ser tradicionalmente cultivado em países de clima frio, atualmente tem-se estudado a possibilidade de cultivá-lo em escala comercial no Brasil.
No presente artigo iremos apresentar as principais características do pistacheiro, benefícios que o fruto proporciona à saúde, dicas de como efetuar o plantio, além de como o Brasil pode quebrar a barreira climática para o cultivo da espécie. Boa leitura!
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Aspectos gerais do pistache
O pistacheiro (Pistacia vera L.) pertence à família Anacardiaceae, que é formada por cerca de 70 gêneros e 700 espécies. Desse total, 15 gêneros e cerca de 70 espécies existem no Brasil, destacando-se o cajueiro, do qual é extraída a castanha de caju. Originária da Ásia Central, durante muito tempo essa espécie foi cultivada apenas em países mediterrâneos, expandindo-se mais tarde para países como Austrália e Chile.
Nos últimos anos, o consumo mundial de nozes (amêndoa, noz-europeia, pistache, castanha-de-caju, avelã, noz-pecã, macadâmia e castanha-do-Brasil) e a sua produção apresentaram um crescimento considerável, passando de 50 mil toneladas em 2004 para 4 milhões de toneladas no ano de 2018, correspondendo a um aumento de 80% da produção.
De 2004 a 2016, a produção mundial de pistache foi de 425 mil para 735 mil toneladas. Atualmente, os principais responsáveis pelo cultivo da espécie são o Irã, os Estados Unidos (especialmente a região da Califórnia) e a Turquia, que juntos detêm mais de 90% da produção mundial de pistache.
Características
O pistacheiro é uma árvore de tamanho moderado que atinge de 3 a 8 metros de altura. Com um período juvenil extenso, essa espécie requer ao menos 5 anos de cultivo para estabelecer uma copa de tamanho razoável, e 7 a 10 anos para alcançar o auge de produção.
São plantas dióicas e decíduas, com floração gradual, começando pela base e estendendo-se até o extremo apical. Dessa forma, durante o período de floração, as plantas femininas devem ser cobertas por mais de um polinizador, considerando que a produção ótima ocorre quando são polinizadas durante os dois primeiros dias de floração.
As datas de floração podem variar entre cultivares, sendo de 3 semanas para as que florescem mais cedo e 4 semanas para as mais tardias.
Quanto ao fruto, trata-se de uma drupa seca de formato oval, coloração verde-amarelada, que é consumido na forma de noz, tanto em sua forma natural como torrado e salgado na própria casca. Geralmente, a noz se abre naturalmente, expondo a amêndoa. No entanto, aquelas que não se abrem são aproveitadas para indústria alimentícia, já que apresentam dificuldade de processamento final.
A produção do pistacheiro é bienal, ou seja, alterna entre uma safra maior que a média e outra menor que a média.
Composição e benefícios do pistache
O pistache, assim como as demais nozes, tem um alto valor nutritivo. Apresenta ótimos teores de fibras, proteínas, vitaminas A, B1, B2 e B3 e minerais como cálcio, fósforo, selênio e magnésio. Além disso, também possui boas quantidades de gorduras saudáveis e antioxidantes.
Devido à sua rica composição, o pistache apresenta diversos benefícios:
- Melhora a saúde dos olhos: devido à quantidade de zeaxantina, luteína e carotenoides que apresenta, o pistache auxilia na proteção da retina contra radicais livres e raios ultravioletas do sol, prevenindo doenças como catarata e degeneração macular;
- Prolonga a saciedade e mantém a saúde do intestino: o pistache é rico em fibras, proteínas e gorduras saudáveis que ajudam a prolongar a saciedade. Além disso, as fibras favorecem a manutenção de bactérias benéficas no intestino, prevenindo diarreias e infecções intestinais;
- Reduz o nível de o colesterol e triglicerídeos: a sua composição rica em gorduras saudáveis, antioxidantes e fibras ajuda a reduzir os níveis de LDL (colesterol “ruim”) e triglicerídeos no sangue, favorecendo ainda os níveis de colesterol HDL (colesterol “bom”);
- Controle do açúcar no sangue: devido aos altos teores de fibras presentes no pistache, ele ajuda a retardar o tempo de digestão dos alimentos, equilibrando os níveis de glicose no sangue;
- Promove o crescimento muscular: com ótimo teor de proteínas, é uma ótima opção para ser consumido no pré-treino e pós-treino.
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Como plantar o pistacheiro
O pistacheiro apresenta alta exigência climática, um dos fatores que leva à maior dificuldade de produção da cultura no Brasil. Atualmente, inclusive, existem pesquisas a respeito da viabilidade do plantio da cultura no país.
Os cultivares diferem entre os países nos quais é cultivado e são enxertados em mudas de diferentes porta-enxertos de Pistacia.
Vejamos as condições climáticas e de solo para o bom desenvolvimento do pistacheiro:
- Clima: a produção de pistache é caracterizada por verões longos, quentes e secos e invernos moderadamente frios a frios. Na Califórnia, por exemplo, as plantas são cultivadas em áreas em que as temperaturas no inverno somam 1.000 horas abaixo de 7°C. Essas são as condições exigidas para quebrar o período de repouso e proporcionar o crescimento normal e frutificação do pistache. Em contrapartida, geadas próximas ou logo após a brotação diminuem drasticamente a produção da espécie;
- Condições de solo: a planta apresenta alta produtividade em solos profundos e bem drenados, mas pode crescer também em solos rasos rochosos. São tolerantes a solos salinos ou alcalinos e solos com alto conteúdo de calcário;
- Pluviosidade: para produzir bem, o pistacheiro é mais exigente em relação a água do que as demais frutíferas. No Vale Central da Califórnia, é necessário aproximadamente 10.000 m3/ha/ano para manter a produção, enquanto ao Sul da Itália a irrigação mínima indicada é de 500 a 600 m3/ha/ano durante o verão.
Plantio e cultivo do pistache
Conforme mencionamos anteriormente, a propagação do pistache se dá por enxertia, com a utilização de porta-enxertos de plantas das espécies Pistacia terebinthus, Pistacia atlantica e Pistacia integerrima e do híbrido P. atlantica x P. integérrima, desenvolvido na Califórnia.
O plantio do pistacheiro deve ser realizado, de preferência, no início da estação chuvosa e em nível, mantendo-se as entrelinhas sempre roçadas. Recomenda-se que os porta-enxertos sejam plantados em dias nublados e em covas previamente preparadas de 40 cm x 40 cm X 40 cm, irrigando-se abundantemente. Os espaçamentos mais utilizados são 5 x 6 m; 6 x 7 m; 6 x10 m na Austrália, e 8 x 10 m na Turquia.
As enxertias serão feitas apenas após 3 anos do plantio, sugerindo-se o cultivo intercalar com outras culturas, como a videira, por exemplo, devido ao longo período até o início da produção do pistacheiro.
Quanto à adubação no plantio, é necessário fazer uma análise do solo para verificar as necessidades específicas de reposição. Verificando-se que a matéria orgânica se encontra abaixo de 2%, é recomendável utilizar materiais orgânicos, como o esterco de curral, aplicado em uma base de 30 t/ha, misturando-se à terra antes do plantio.
Na Califórnia, maior região produtora dos Estados Unidos, verificou-se que o principal ingrediente necessário ao crescimento apropriado da planta é o nitrogênio, além de outros elementos, como boro e zinco foliar. No entanto, é necessário realizar análises foliares para verificar qual a indicação da concentração de nutrientes necessários ao crescimento normal da planta.
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Pragas e doenças
Ainda não há relatos de doenças graves que atinjam o pistacheiro na Turquia e no Irã. Todavia, na Califórnia tem-se registrado o aumento da ocorrência de algumas doenças em pomares, como: murcha de Verticillium (Verticillium dahliae); ferrugem de Botrytis nas flores e ramos (Botrytis cinerea), e ferrugem de Botryosphaeria na panícula e broto causada por Botryosphaeria dothidea.
Tratos culturais e colheita
Com o propósito de obter árvores de boa conformação e permitir maior facilidade na realização dos tratos culturais, o produtor deve ficar atento às podas de formação e de condução.
- Formação: após o primeiro ano de crescimento do enxerto, durante o inverno, é feita a poda de 70 a 100 cm, com o intuito de formar de três a cinco ramos laterais, seguindo o sistema de taça, mantendo-se o centro da árvore aberto para a entrada de luz. Já na etapa da formação, deve-se despontar a 75 cm os brotos novos, visando impedir excesso de peso no ápice da rama, promovendo ainda a brotação das gemas laterais das ramas mães. Importante ressaltar que não é recomendada a poda de todos os ramos de forma uniforme, pois as diferentes alturas proporcionam boa bifurcação e crescimentos fortes onde é necessário;
- De condução: depois de estabelecida a estrutura básica, apenas podas leves serão necessárias. Visando manter a formação dos frutos próxima ao eixo central, uma vez que a dominância da gema terminal é forte, deve-se eliminar os ramos apicais a cada certo número de anos. Além disso, também devem ser eliminadas as ramas débeis, delgadas, sombrias e as muito vigorosas e secas.
A colheita é realizada mecanicamente por vibradores aplicados ao tronco ou manualmente. Detalhe importante é que as nozes que caem no chão devem ser processadas no mesmo dia, pois pode haver o crescimento de compostos tóxicos produzidos por certos fungos, as chamadas aflatoxinas.
Na Califórnia e na Austrália os melhores pomares produzem cerca de 5 toneladas/ha em anos bons e 3 toneladas/ha em anos ruins, com plantas de cerca de 12 anos de idade.
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Pistache pode ser produzido no Brasil?
Depois das informações sobre como é feito o plantio e o cultivo do pistacheiro, além dos benefícios e utilidades do pistache, vamos abordar o tema que interessa aos produtores brasileiros: afinal, como essa fruta pode ser cultivada em condições tropicais, uma vez que é originária de clima frio?
Devido à alta exigência em frio para o seu desenvolvimento, tanto vegetativo como reprodutivo, inicialmente não seria recomendado o cultivo de pistache no Brasil. No entanto, vem sendo vislumbrada a possibilidade de cultivo de cultivares mais rústicos aliado a produtos promotores de crescimento.
De acordo com pesquisas realizadas no Irã, o cultivo do pistache em condições subtropicais já foi realizado com êxito por meio da quebra da dormência de gemas de cultivares femininas (Antep, Siirt e Ohadi) e masculinas (Male-1), utilizando-se KNO3 (2%) e cianamida hidrogenada (Dormex) (1% e 2%), e combinações de KNO3 e Dormex com Armobreak (surfactante a 1%).
Considerando a viabilidade da cultura em relação ao clima, as regiões mais frias do Sudeste e do Sul seriam mais adequadas para o cultivo do pistacheiro. No entanto, outro fator a ser considerado é a demora da espécie para entrar em produção econômica. Por isso, em algumas regiões, como é o caso do polo Petrolina/Juazeiro no Nordeste, existe a possibilidade de aproveitar as entrelinhas para o consórcio com outros cultivos que produzem mais rápido e são rentáveis, como é o caso da exploração da videira.
Inclusive, a Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec) solicitou à Embrapa a importação de material genético de pistache, visando conquistar o status de primeiro estado produtor do fruto no Brasil. A Faec pretende utilizar o pistache em campo experimental, realizando testes em áreas a serem definidas ainda.
Para arrematar as informações sobre essa espécie, confira abaixo o vídeo com o resumo das principais características, benefícios e condições de plantio do pistache:
E então, gostou desse conteúdo? Que tal conferir o nosso artigo sobre como plantar araçá e seus principais benefícios. Boa leitura!