Montana é uma raça composta que foi desenvolvida aqui no Brasil com o objetivo de incrementar a produtividade e a qualidade da carne. O conceito de raças compostas, que já é utilizado na produção de suínos, aves e na agricultura, também passou a ser utilizado na seleção de bovinos, com resultados considerados altamente positivos em relação à raça de gado Montana.
Neste artigo, vamos apresentar as características e a importância da raça bovina Montana, 100% brasileira que apresenta ao mercado pecuário animais de alta qualidade e que se desenvolvem bem nas condições tropicais do nosso país. Acompanhe!
Como surgiu o Composto Montana?
Na bovinocultura de corte, o objetivo do pecuarista é criar animais que tenham características relacionadas à precocidade, fertilidade, qualidade da carne e bom rendimento de carcaça.
Nesse sentido, em 1994, um grupo de pecuaristas decidiu se unir com um grande desafio: desenvolver uma nova raça de gado de corte com animais uniformes, com grande potencial de ganho de peso, precoces e com carne de qualidade.
O objetivo era aproveitar as vantagens dos cruzamentos entre raças com o intuito de alcançar os níveis de produção desejados, explorando os efeitos da heterose, complementaridade entre raças e da genética aditiva com uso de touros em reprodução a campo.
Montana: resultado de parcerias
Baseando-se nos estudos do Clay Center, um importante e reconhecido centro de pesquisas da Cidade de Nebraska (EUA), surgiu o projeto Composto Montana, uma franquia envolvendo a Companhia Agropecuária CFM, de São José do Rio Preto/SP, e a família Leachman (produtores de compostos no estado de Montana, nos Estados Unidos).
A partir daí, surgiram os demais parceiros (franqueados): um grupo de pecuaristas tradicionais de diferentes regiões do Brasil, com mais de 40 mil matrizes, além da participação de pecuaristas do norte do Uruguai.
O programa trouxe raças de países como África, Austrália, América Central, Caribe e Estados Unidos, algumas delas até então que nunca haviam pisado em solo brasileiro e, em alguns casos, até pouco conhecidas no próprio país de origem. Veja a seguir:
- Zebu: Boran e Nelore – alta rusticidade, resistência a parasitas e bom rendimento de carcaça;
- Adaptado: Belmont Red, Bonsmara, Caracu, Romo, Sinuano, Senepol, Tuli – alto grau de adaptabilidade ao clima
- tropical e fertilidade, além de outras características relacionadas à qualidade de carne. Derivam da família Sanga (África) e das linhas Crioulas (América do Sul);
- Britânico: Red Angus, South Devon – originárias do Reino Unido, apresentam excelente precocidade sexual e terminação muito fácil. Sua carne é excelente com alto marmoreio. Os touros utilizados no Montana foram
- selecionados para elevado crescimento;
- Continental: Gelbvieh, Limousin, Simental – originárias do continente Europeu, exibem alto crescimento e
- musculosidade.
Melhoramento genético
Todos os cruzamentos foram avaliados e executados geneticamente no Brasil, por profissionais geneticistas da USP Pirassununga, com apoio de consultores internacionais. Por isso, Composto Montana é considerado 100% brasileiro, mesmo que tenha sido desenvolvido a partir de pesquisas americanas.
No ano de 1993 foi fundado o Programa Montana com foco na produção, seleção e melhoramento genético de reprodutores compostos, tendo como resultado qualidade da carne e ganho de peso.
Essa nova raça deveria se adaptar as condições tropicais do clima brasileiro e ser capaz de gerar heterose e o melhoramento do rebanho. A solução encontrada foi utilizar animais compostos selecionados no Brasil que conseguissem superar os desafios:
- Obter bezerros que se adaptassem às condições brasileiras, especialmente, com relação ao clima;
- Fêmeas que emprenhavam de forma mais precoce, com cerca de 14 meses de idade;
- Proporcionar bois valorizados pela Indústria frigorífica do Brasil;
- Manter a heterose ao longo de gerações;
- Produzir sêmen e touros geneticamente melhorados.
Características e diferenciais do Composto Montana
Após quase 30 anos de muito trabalho e melhoramento genético, o Composto Montana é considerado o que há de melhor entre diferentes raças do mundo.
O resultado foi o que já apontamos: um animal precoce tanto sexualmente quanto em acabamento (a exemplo das raças britânicas e europeias), é dócil (do gado europeu, adaptados como os zebuínos), tem boa musculatura, alta fertilidade, excelente habilidade materna, como os britânicos, dentre outras características.
Vale destacar que é um tipo de gado com facilidade de manejo, o que facilita muito a vida dos criadores. Quando alocados com vacas de outras raças, em sistema de monta natural, os touros Montana apresentam uma excelente adaptação. Isso se deve a sua porção zebuína e taurina adaptada. Já a produtividade elevada se deve a sua porção europeia.
Expansão da raça Montana
Com o programa de seleção genética, a raça ganha avanços contínuos, dando grande tranquilidade para os pecuaristas que quiserem comprar um touro Montana. Quem adquire um animal como este sabe que ele passou por um processo muito rigoroso de seleção e avaliação.
Todo esse trabalho é coordenado pela Associação Internacional de Criadores de Montana (AIC-MTN), tendo como objetivo o melhoramento genético continuo, com ações de fomento e valorização da raça.
Atualmente, essa raça conta com rebanho de mais de 10 mil matrizes e cerca de mil touros vendidos ao ano (desde 1995, já foram vendidos mais de 22 mil touros). Seus reprodutores, segundo a entidade, já geraram cerca de 1,2 milhão de crias.
Quer saber mais detalhes sobre a raça Montana? Confira no vídeo:
E então, gostou de conhecer mais sobre a raça de gado Montana? Aproveite e acesse também o nosso post sobre a raça Brahman. Boa leitura!