Você sabia que existem cerca de 20 mil espécies conhecidas de abelhas, em sete famílias distintas? E que no Brasil há mais de 400 tipos de abelhas nativas?
As abelhas contribuem para a manutenção da biodiversidade, através da polinização, produzindo alimentos importantes à nossa saúde e ao desenvolvimento social.
Sendo assim, neste artigo, vamos tratar dos principais tipos de abelhas e as características de cada uma delas. Boa leitura!
Qual é a importância das abelhas?
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), as abelhas são responsáveis por cerca de 73% da polinização de todas as plantas que são cultivadas no mundo. Isto é, elas são necessárias para levar o grão de pólen da parte masculina (antera) até o gameta feminino da planta, garantindo a sua reprodução.
Além disso, as abelhas também produzem seus próprios alimentos que possuem relevância também para os seres humanos, como o mel, o própolis, a cera e a geleia real.
Diante disso, conhecer todos os detalhes sobre as abelhas é essencial com o propósito dar o devido valor à esses insetos e saber como eles vivem, quais são suas características e necessidades.
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Conheça os principais tipos e características
Conforme citamos no começo do artigo, existem vários tipos de abelhas, e, portanto, as características são as mais variadas, seja em relação ao tamanho, comportamento ou produção de mel. Acompanhe agora os principais tipos que produzem mel.
Abelha europeia
A abelha europeia ou abelha melífera ocidental (Apis mellifera) é considerada uma das espécies mais populares. Elas são grandes, escuras, com poucas listras amarelas no corpo e adaptam-se com facilidade a diferentes ambientes.
É possível encontrar cerca de 20 tipos que derivam dessa abelha, sendo nativa da Ásia, Europa e África. Com exceção da Antártica, ela pode ser encontrada em todos os continentes.
Essa abelha desperta interesse econômico, pois a polinização que realiza tem grande impacto na produção alimentícia, bem como no fornecimento de própolis, cera, mel e geleia real.
Abelha africana
A abelha africana (Apis mellifera scutellata) é originária do leste da África e considerada uma espécie agressiva, polinizadora e migratória.
Ela foi introduzida no Brasil em 1956, na cidade de Rio Claro/SP, com o propósito de realização de pesquisas científicas. Todavia, acabou escapando do cativeiro e, no cruzamento com outras espécies, deu origem a um híbrido, chamado de abelha africanizada.
Assim, rapidamente essa espécie de abelha se espalhou pelo país, sendo uma excelente produtora de mel. Ao contrário da europeia, que costuma armazenar os alimentos por um longo tempo, a abelha africana converte esse alimento rapidamente em cria, aumentando a população e liberando vários enxames reprodutivos.
Abelha jataí
Entre as abelhas sem ferrão nativas do Brasil, uma bastante conhecida é a pequena jataí (Tetragonisca Angustula), com cerca de 4 a 5 milímetros, também chamada de indígenas.
Elas são muito procuradas pelos apicultores pela qualidade do mel que produzem: possui propriedades medicinais, sendo indicado no tratamento de resfriado, bronquite, glaucoma e catarata, além de ser bactericida e atuar na cicatrização de feridas. Isso sem falar do seu sabor característico.
Essas abelhas podem ser encontradas do Rio Grande do Sul até o México, incidindo principalmente nos trópicos. A abelha jataí possui cor amarelo-ouro e tem corbículas pretas (aparelho coletor onde o pólen é recolhido), construindo ninhos em cavidades, como latas abandonadas, tijolos ou oco de árvores.
Abelha mandaçaia
A abelha mandaçaia (Melipona quadrifasciata) é um dos tipos de abelhas sem ferrão nativas do Brasil e são encontradas do norte ao sul do país.
Seus ninhos possuem uma particularidade: têm uma entrada construída com uma mistura de barro, saliva e resina extraída das plantas, formando sulcos radiais. Assim, no caminho da entrada até o ninho passa apenas uma abelha e ele está sempre protegido por uma “vigilante”. Por isso, recebeu o nome de “mandaçaia”, que significa “Vigia Bonito” em idioma indígena.
Extremamente mansas e robustas, essas abelhas polinizam culturas de abóbora, pimentão, pimenta-malagueta e tomate. Produzem um mel de coloração bem clara, quase transparente. Não é ácido e o sabor é caracterizado pelo material que utilizam visando a construção dos potes de armazenamento de mel.
A exemplo da jataí, o mel das abelhas mandaçaia possui propriedades medicinais, isto é, antimicrobiana, antivirais, antiparasitária, antioxidante, anti-inflamatória e anti-carcinogênica.
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Abelha uruçu
A abelha uruçu (Melipona Scutellaris) é mais uma nativa do Brasil, cujo nome significa “abelha grande”, certamente pelas suas características físicas: possui um tamanho avantajado, mas ao mesmo tempo são mansas e produzem uma boa quantidade de mel.
Essas abelhas polinizam culturas de abacate, pimentão e pitanga e são encontradas na região Nordeste. Na Bahia, por exemplo, é uma das espécies exploradas devido a facilidade de criação e a excelente produção de mel. Entretanto, está ameaçada de extinção em seus ambientes naturais.
Elas costumam viver em regiões úmidas, construindo seus ninhos em árvores de grande porte, cuja abertura ocorre no centro de raias de barro convergentes e que formam uma coroa, normalmente voltada para baixo. Essa entrada, que dá passagem às abelhas, é guardada por uma única operária.
Com uma coloração marrom e preta, conforme já citamos, as abelhas uruçu produzem uma grande quantidade de mel: em média média seja de 2,5 a 4 litros/ano/colônia podendo chegar a até 10 litros. É bem líquido, saboroso e pode ser usado para fins medicinais.
Abelha tiúba
A abelha tiúba (Melipona fasciculata), também conhecida como uruçu-cinzenta, tiúba-grande e preta-da-Amazônia, é outra das espécies nativas brasileiras. Ela é encontrada normalmente na Mata Atlântica e Cerrado, nos estados de Tocantins, Para, Piauí, Mato Grosso e Maranhão.
Com uma cabeça e tórax preto aveludado cinza, abdômen preto com listas cinzas, está entre os tipos de abelhas que sobretudo possuem grande produtividade de mel, com uma média de 3,5 litros/ano (é uma das que mais produzem entre as espécies nativas).
O mel da tiúba é muito apreciado nas regiões produtoras, por ter baixo teor de açúcar (inclusive por isso menos enjoativo), baixa viscosidade e cor variável, principalmente as mais escuras. Além disso, também possui propriedades medicinais.
As abelhas tiúba contribuem na polinização do açaí e tem preferências pelas plantas nativas como a jurubeba e sabia.
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Abelha uruçu-amarela
Fechando a lista de tipos de abelhas brasileiras, a saber temos a abelha uruçu-amarela ou tujuba (Melipona rufiventris). Com uma coloração variando do negro a ferrugem, é comum nos estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, São Paulo, Tocantins.
Todavia, está em processo de extinção pois suas áreas naturais de distribuição, localizadas no Cerrado, estão desaparecendo.
O mel da abelha uruçú-amarela é considerado muito saboroso e, por isso, bem procurado. Dependendo do tamanho da colônia (pode chegar a 5 mil abelhas) e havendo uma boa florada, sua produção pode atingir até 10 kg/ano.
No vídeo abaixo, conheça um pouco mais sobre os tipos de abelhas nativas que sempre estiveram nas florestas brasileiras:
Considerações finais
Portanto, como destacamos neste artigo, as abelhas são insetos que possuem diferentes características e uma grande quantidade de tipos, tanto no Brasil quanto em outros locais do mundo.
Elas garantem o equilíbrio da biodiversidade como um todo, através da capacidade de polinização que possuem. Além disso, produzem um mel de alta qualidade, muito explorado na atividade econômica e apreciado pelos consumidores.
Por falar em mel, confira 5 dicas de técnicas de manejo para produção de mel. Boa leitura!