A marcação de gado é uma técnica utilizada há séculos pelos pecuaristas para identificar os animais da propriedade.
Além disso, essa prática traz ganhos para os proprietários e até mesmo para a saúde do animal, pois permite saber quais já foram vacinados e separar aqueles que estejam em tratamento de doenças, por exemplo.
Quanto mais cedo iniciar esse registro, melhor será o controle do manejo, a eficiência da atividade e, principalmente, os fatores críticos que precisam ser identificados.
Contudo, a marcação precisa ser feita por uma equipe treinada e sem pressa, com objetivo de evitar estresse desnecessário ao rebanho.
Atualmente, existem diversas maneiras de identificação. Por isso, separamos 5 formas de fazer a marcação do rebanho, para que você possa escolher aquela que melhor adapta-se às condições das suas criações.
1. Brincos
Essa é uma forma que funciona perfeitamente tanto na identificação da vacina quanto no manejo da pesagem do gado.
No entanto, a técnica exige alguns cuidados, com o objetivo de não machucar o animal no momento da aplicação e também na higiene do aplicador, para evitar infecções.
A aplicação do brinco em bezerros pode ser feita por meio da contenção manual no pasto ou em seu local de nascimento, limitando os movimentos da cabeça e do corpo.
Já em animais mais velhos, para fazer a marcação é preciso que a contenção seja feita em um tronco com pescoceira, sendo que ela deve estar posicionada bem próxima da cabeça do gado.
O ideal é que o tronco tenha duas pescoceiras, para que o animal fique bem preso, sem o risco de machucá-lo. Mas, se tiver apenas uma, é necessário um profissional para ajudar na contenção, prendendo a cabeça com um cabresto ou corda.
Por serem fixados nas orelhas, os brincos facilitam a identificação e são bem visíveis, além de serem numerados ou com cores distintas, conforme a idade do gado.
No entanto, na hora da aplicação é preciso atenção, pois o local a ser fixado influencia diretamente a eficiência da leitura no decorrer do manejo.
2. Brincos eletrônicos na marcação de gado
A tecnologia também está na marcação de gado com a modernidade dos brincos eletrônicos.
Nesse caso, no brinco há um chip que, além de armazenar informações sobre o animal, atua como rastreador, a fim de monitorar por onde ele anda.
O modo de contenção funciona da mesma maneira como na aplicação do brinco tradicional. É um procedimento seguro e correto, para evitar falhas no processo e riscos de acidentes.
Contudo, é preciso ficar atento à qualidade do produto, optando por aqueles que contêm as seguintes características:
- resistência à radiação solar;
- flexibilidade;
- formato que reduza o risco de enroscar em arbustos;
- letras ou números com boa impressão para não apagar com o tempo;
- distância correta entre as partes do brinco para garantir boa ventilação no local de aplicação;
- movimentação confortável e livre na orelha do gado.
Desse modo, os brincos de qualidade diminuem a perda da realização do serviço e evitam erros na identificação dos animais.
Todavia, pelo fato dessa técnica apresentar um preço mais alto do que as outras, ainda não é a realidade para muitos pecuaristas.
Mas, em longo prazo, vale a pena considerar esse investimento, visto que facilita o manejo do rebanho.
No vídeo abaixo, confira como o brinco eletrônico pode ajudar no rastreamento e no controle reprodutivo do rebanho:
3. Colares
Esse tipo de marcação do gado é utilizados principalmente em bezerros logo no nascimento, como um modo de identificação até marcá-los de forma permanente.
Assim, evita a identificação por perfuração da orelha ou ferro, já que o animal ainda não adquiriu uma boa imunidade. Porém, os colares também podem ser utilizados para separar um grupo especial ou lotes.
Para o uso dos colares não há segredo, pois são fáceis de serem colocados no pescoço do gado de maneira apropriada e sem causar desconforto ou riscos de acidentes.
Nesse caso, para fazer a marcação o equipamento precisa ficar adequado ao pescoço do animal, sem estar muito folgado ou apertado. Do contrário, pode passar pela cabeça e cair, enroscar ou causar incômodo.
Além disso, não há necessidade de colocar o animal em tronco de contenção, já que apenas uma pessoa pode realizar a atividade.
Entretanto, caso o gado não esteja acostumado com a presença de humanos, para garantir a segurança, é preciso levá-lo para o curral e utilizar o tronco de contenção.
4. Ferro a frio na marcação do gado
A marcação de gado a frio é um procedimento simples e que garante boa visualização. Isso porque a marca no local causa a queda e destruição da pigmentação dos pelos, fazendo com que os fios novos nasçam brancos.
Para o procedimento, é utilizada marca de metal mergulhada em um recipiente com nitrogênio líquido a temperaturas de até -197ºC.
O animal deve ser contido adequadamente para que a marca seja pressionada de maneira uniforme e suficiente entre a pele e a ferramenta.
Contudo, é importante observar o tempo de aplicação para evitar que seja prolongado, pois poderá não haver o renascimento de pelos, deixando o local careca e com o formato da marca.
Por outro lado, se o tempo for muito curto, a identificação não ficará visível.
Essa técnica, embora tenha eficiência, tem o custo mais elevado na aquisição da reposição de nitrogênio líquido e das marcas utilizadas no procedimento, visto que precisam ser de um metal especial.
5. Ferro a fogo: polêmica na marcação de gado
Essa é a técnica mais antiga e comum de marca de gado. O material é feito de aço inox de alta qualidade, o que permite marcas perfeitas e sem distorções.
As medidas variam com o diâmetro do círculo, sendo 4 cm para bezerros, 6 cm desmama ou recria e 8 cm para o gado adulto.
A marcação de ferro a fogo é desaconselhada do ponto de vista do bem-estar animal, pois em algumas partes sensíveis, como o rosto, é doloroso para o gado.
Preocupação
Para o professor Mateus Paranhos, do Departamento de Zootecnia, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp de Jaboticabal e um dos maiores especialistas em bem-estar animal no Brasil, a marcação a fogo nos bovinos, feita na perna, abaixo do ventre, ou na face, para não danificar a pele, é uma técnica que deveria ser abolida.
“É um processo muito doloroso e, além disso, quando a marca é feita fora dos lugares indicados desvaloriza ou até mesmo inutiliza o couro para a comercialização, causando enormes prejuízos aos criadores”, afirmou o especialista.
Ele chegou a enviar uma carta ao então ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, pedindo a revisão da exigência da marcação a fogo, pedindo, pelo menos, a proibição da ferra na face dos animais, por ser uma área muito mais sensível que outras partes do corpo.
No entanto, o seu uso, algumas vezes, é obrigatório e ainda frequente, principalmente na vacinação e controle da brucelose.
Diante disso, antes de realizar o procedimento é importante se certificar que a pessoa responsável tem experiência para executar o trabalho, porque há risco de queimaduras graves tanto para os quem está envolvido com o manejo e como também para os animais.
Para fazer a marcação, o animal precisa estar bem contido para a contenção do posterior e da pescoceira.
Em seguida, com o ferro incandescente, posicione a marca no local adequado.
De maneira firme, pressione contra o corpo do animal por cerca de três segundos para obter uma queimadura superficial. A coloração deve ficar marrom e sem feridas ou sangramentos.
Conclusão
A marcação de gado é uma das principais técnicas de gestão do pecuarista para identificar seus animais com os mais diversos objetivos.
Mas, o manejo deve ser feito sem pressa e com cuidado, visando realizar o serviço com menos tempo e mais qualidade.
Além disso, é preciso proporcionar o menor impacto para o animal, evitando o seu sofrimento desnecessário.
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