A cebola é a hortaliça condimentar mais utilizada no mundo inteiro. No Brasil, em conjunto com o alho, forma a base de sabor de quase todos os preparos. Além disso, pode ser o centro das atenções em outras receitas.
Existem diversos tipos de cebola, e elas apresentam inúmeros benefícios à nossa saúde. Neste artigo, vamos apresentar todos seus detalhes: histórico, morfologia, os tipos mais consumidos, os benefícios e as principais dicas de cultivo. Aproveite a leitura!
Origem, histórico e morfologia da cebola
A cebola, ou cebola de cabeça como é popularmente conhecida em algumas regiões, é originária da Ásia Central, mais precisamente da região compreendida pelo Afeganistão, Irã e sul da antiga União Soviética. Estima-se que é cultivada há mais de 5 mil anos, e que foi domesticada nas regiões montanhosas do continente asiático.
Foi uma das primeiras culturas introduzidas nas Américas a partir da Europa. No Brasil, foi trazida pelos portugueses, expandindo-se o cultivo com a chegada de imigrantes no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Desde então, o plantio da cebola estendeu-se pelo território nacional.
Cebola é o nome popular da espécie Allium cepa e faz parte da família Liliaceae (Amaryllidaceae ou Alliaceae). O alho, o alho-porró e a cebolinha também pertencem a essa família.
Morfologicamente, a cebola é uma planta herbácea, que atinge até 60 cm de altura, possui folhas de formato tubular, geralmente cerosas e ocas. A parte superior das folhas é chamada limbo e a parte da base é denominada bainha.
As bainhas das folhas mais externas formam as cascas da cebola e protegem as bainhas mais internas, que acumulam reservas, formando o bulbo, que é a parte comercializável, e apresenta formatos e colorações variáveis de acordo com a cultivar.
Principais tipos de cebola
Na botânica, a cebola pode, de acordo com suas características, pertencer à três grupos: Typsicum, Aggregatum ou Proliferum. As cebolas mais importantes comercialmente estão classificadas no primeiro grupo, que são das cebolas comuns, que apresentam bulbos únicos e grandes.
Quanto ao uso culinário, também são divididas em três grupos: para armazenamento ou cozimento dos bulbos, para consumo cru em saladas, e para processamento.
Confira a seguir os tipos de cebola mais utilizados:
Amarela
Também chamada de “Cebola Pera”, é o tipo que lidera o consumo entre os brasileiros. Ela tem um sabor um pouco mais ácido e intenso e, por isso, é usada principalmente refogada, na construção de sabor de várias receitas.
É a cebola que apresenta maior tamanho e é mais arredondada, além de ter uma casca mais rígida.
Branca
Tem formato parecido com a da amarela. No entanto, sua casca é branca e o seu sabor mais suave, além de ser mais crocante.
Infelizmente, apresenta algumas desvantagens como maior dificuldade de encontrar para comprar, maior preço e menor durabilidade.
Chalota
Essa cebola – muito utilizada na culinária francesa na preparação de molhos clássicos, por conta do seu sabor suave e de desmanchar com facilidade – é menos difundida no Brasil. Seu sabor lembra o da cebola pérola. No entanto, possui forma mais alongada.
Ela é de fácil cultivo e seu alto preço de venda atrai os produtores. No Brasil, a região Nordeste é a maior produtora deste tipo de cebola.
Pérola
De sabor doce e delicado, essa cebola se destaca pelo tamanho pequenino, que a torna ideal para consumo em forma de aperitivo em conserva, ou para serem utilizadas inteiras em assados e cozidos.
Aconselha-se deixá-la de molho em água quente por alguns minutos, para facilitar a retirada da casca.
Roxa
A cebola roxa é uma das mais utilizadas para consumir crua, seja em saladas, lanches, ou receitas como ceviche e guacamole.
Possui ardência e dulçor intermediários entre a cebola amarela e os tipos mais doces. Quando cozida tende a perder sua coloração característica, mas continua agradável.
Vidalia
Pode ser conhecida também por “Cebola doce”. Como a amarela, possui a casca da mesma cor, porém apresenta um formato mais achatado.
Com seu sabor adocicado, ela é indicada principalmente para frituras, sendo o tipo de cebola utilizado para fazer as famosas onion rings.
Benefícios da cebola
Ter uma alimentação baseada no consumo de verduras, legumes e frutas é a base para manutenção da boa saúde. Nesse sentido, as cebolas são grandes aliadas, pois apresentam uma série de substâncias que podem ser benéficas para nosso organismo.
Um dos principais compostos da cebola é a quercetina. Trata-se de um flavonóide, portanto, tem ação antioxidante. Ajuda a controlar o colesterol ruim, prevenir inflamações, combater a hipertensão e diminuir a formação de coágulos, melhorando a circulação sanguínea, o que contribui para a saúde do coração.
Além disso, auxilia na prevenção do aparecimento de tumores, melhora a imunidade e o metabolismo, acelerando a queima de gordura. Mas atenção: cozinhar a cebola faz diminuir a quantidade de antioxidantes, por isso é importante consumi-la crua de vez em quando.
Quando triturada, a cebola libera uma substância chamada alicina. Ela tem ação antibacteriana, antiviral e antifúngica, o que ajuda a manter longe os resfriados, gripes e infecções. Ademais, atua contra células tumorosas.
As cebolas também são ricas em fibras solúveis, chamadas frutanos. São fibras prebióticas, ou seja, servem de alimento para bactérias benéficas para nosso organismo.
O consumo pode melhorar a saúde do cólon, reduzindo inflamações e o risco de ocorrência de câncer. Porém, algumas pessoas não conseguem digerir essas fibras, o que pode causar sintomas desagradáveis.
Outra substância contida na cebola é a glucoquinina. Ela auxilia na regulação do açúcar no sangue e no controle da insulina, podendo ser uma aliada para diabéticos. Também é liberada mediante trituração, assim como a alicina.
Ainda não acabou: a cebola contém vitamina B9, vitamina C, potássio, enxofre, cálcio e tiosulfinatos, que ajudam no metabolismo, no sistema imunológico, na diminuição da pressão arterial, na proteção contra o câncer, no aumento da densidade dos ossos e na inibição do crescimento de microrganismos prejudiciais, respectivamente.
Como plantar cebola
A produção de cebola é diretamente influenciada pelas condições climáticas. Isso acontece porque a bulbificação (processo em que as bainhas internas das folhas começam a “inchar” e formar as camadas da cebola) é dependente da temperatura e do fotoperíodo.
Dias curtos fazem as folhas se desenvolverem mais, e impedem a formação do bulbo, enquanto dias longos favorecem a bulbificação e inibem o crescimento das folhas.
Quanto à temperatura, as baixas ajudam no desenvolvimento das folhas e podem induzir o florescimento. Já temperaturas altas ajudam a formar o bulbo de maneira mais rápida e aceleram a maturação, o que também é prejudicial pois resulta em cebolas menores.
Por conta desses fatores, é muito importante conhecer as cultivares que serão plantadas e saber se elas são adaptadas à sua região e qual a época ideal para estabelecer o cultivo.
Épocas de plantio
A época de plantio deve ser definida considerando as condições ambientais do local de cultivo e as exigências fisiológicas da cultivar a ser plantada. Ou seja, precisa ser na época em que a quantidade diária de luz atende as necessidades mínimas da planta para ocorrer a bulbificação.
De maneira geral, na região Sul a semeadura é realizada entre abril e junho. Na região Sudeste, de fevereiro a maio. Na região Nordeste é possível efetuar a semeadura de janeiro a dezembro, escalonando a produção para haver oferta em diferentes períodos.
Preparo do solo
A cultura da cebola exige solos profundos, bem drenados e arenosos, pois os argilosos prejudicam o desenvolvimento dos bulbos. Se desenvolve bem em solos com pH de 6 a 6,5, sendo indicada calagem se o valor do pH for inferior.
A aração deve ser realizada de 20 a 25 cm de profundidade, e a gradagem deve ser imediatamente antes do levantamento dos canteiros para plantio das mudas. Caso o solo estiver muito compactado pode ser necessária a realização de uma subsolagem.
Se o local do plantio for bem drenado, é possível realizá-lo no nível do solo. Em termos de adubação, hortaliças costumam responder muito bem a adubos orgânicos, que aumentam a produtividade e a qualidade do produto.
Sistemas de cultivo
As cebolas podem ser produzidas a partir de mudas ou por sistema de semeadura direta. A seguir, vamos falar um pouco de cada método.
Transplante de mudas
O local onde serão produzidas as mudas deve ser bem drenado, com boa insolação e perto da área do plantio definitivo.
A semeadura é feita com aproximadamente 8 a 10 g de semente por m², em sulcos com 10 cm de distância entre si e 1 cm de profundidade. O transplante deve ser realizado quando as mudas tiverem de 35 a 40 dias e apresentarem 2 ou 3 folhas.
Semeadura direta
Esse sistema de produção exige máquinas de precisão e um bom controle de plantas daninhas, pois a cebola tem baixo poder de competição. Se você quiser saber mais detalhes sobre ele, acesse nosso post sobre como realizar a semeadura direta na produção de cebolas.
Irrigação
A cebola é muito sensível à falta de água, ao mesmo tempo que o excesso dela pode trazer prejuízos ainda maiores. Os métodos de irrigação que podem ser utilizados são os de superfície, aspersão e localizada.
A necessidade de água aumenta proporcionalmente ao crescimento da planta, sendo o estágio de bulbificação (cerca de 70 dias após o plantio) o mais exigente, com grande risco de comprometimento da produtividade.
A irrigação deve ser suspensa quando os bulbos atingirem seu desenvolvimento máximo, o que pode ocorrer de 2 a 3 semanas antes da colheita, dependendo da cultivar.
Uma técnica para ajudar a determinar o momento de parar com a irrigação é apertando o pseudocaule (popularmente chamado de pescoço) das plantas. Se 50% das plantas estiverem com o pescoço macio é hora de suspender o fornecimento de água.
Colheita e pós-colheita
Quando o pseudocaule afina e as folhas murcham, tombam, amarelam e secam, significa que o bulbo amadureceu e o ciclo vegetativo da planta acabou. Se 60% das plantas estiverem nesse estágio, já pode ser iniciada a colheita.
A cebola é uma hortaliça com alta perecibilidade, isto é, estraga com certa rapidez. Isso porque podem ocorrer doenças pós-colheita, brotação, enraizamento e perda de massa, decorrentes da desidratação e respiração do bulbo.
Para aumentar a vida útil, é realizada a cura da cebola, que consiste em secar os bulbos após a colheita.
A cura pode ser natural, onde os bulbos são enfileirados sobre o solo, com as folhas os protegendo da incidência solar direta, evitando queimaduras e o desenvolvimento de pigmentos verdes. Porém esse método pode expor os bulbos à alta umidade e chuvas, causando fungos e bactérias.
Também pode ser artificial, com circulação forçada de ar natural ou ar aquecido, de 25 a 48 ºC, ou ainda utilizando infravermelho ou vácuo, o que pode encarecer bastante o processo, tornando-se viável apenas para o caso de uma colheita muito grande.
Agora, se você não é produtor rural, ou não tem um grande espaço e quer plantar cebola para consumo próprio, confira nosso post sobre como plantar cebolas em vaso!
Dicas para cortar cebola sem chorar
Agora que você já sabe tudo sobre a cebola, sua origem, histórico, seus tipos e benefícios e também aprendeu como plantar, fica a questão: porque ela faz arder nossos olhos? E, principalmente, como evitar isso?
Quando a cebola está crescendo no solo, ela absorve enxofre, que se transforma em óxido sulfúrico. Ao ser cortada, enzimas chamadas alinases são liberadas e entram em contato com o óxido sulfúrico, e então resultam na produção de ácido sulfínico.
Ele é muito instável e rapidamente se converte em um gás, o sin-propanetiol-S-óxido. É ele que, por ser extremamente volátil, entra rapidamente em contato com nossos olhos e nos faz chorar.
Mas então, como faz para não arder? Confira alguns truques:
- Deixe um ventilador ao seu lado para afastar o ácido que causa as lágrimas;
- Coloque um pote de água quente ao lado da tábua de corte. O calor atrai as enzimas e protege seus olhos;
- Coloque a cebola no congelador por 15 minutos e use uma faca bem afiada. Isso ajuda a liberar menos enzimas.
Gostou do artigo? Aproveite para conferir também nosso post sobre como fazer uma horta em casa!