Considerada uma tarefa indispensável para muitas culturas agrícolas, a poda de plantas não é tão simples quanto muitos imaginam, pois cada espécie possui suas particularidades.
O objetivo da poda é garantir uma boa produção de frutos (muitos deles importantes economicamente para o nosso país, inclusive para a exportação, como é o caso da laranja), de flores, ou simplesmente direcionar o crescimento, como ocorre com a “cerca viva“, por exemplo.
O que muitas pessoas não sabem é que uma poda mal realizada pode prejudicar permanentemente o crescimento das plantas, colocando em risco ou até mesmo inviabilizando economicamente a produção, especialmente no caso das frutíferas.
Se você é um jardineiro iniciante e deseja aprender a podar suas plantas, ou já tem experiência e gostaria de se aprofundar no tema, este artigo foi preparado para você. Boa leitura!
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O que é a poda de plantas?
A poda é uma técnica que consiste em retirar ramos de uma planta com o propósito de melhorar sua produtividade, promover uma boa produção de frutos ou flores e conservar sua forma.
A palavra “podar” vem do latim “putare“, que significa “limpar“. No processo de poda, partes supérfluas das plantas são removidas, visando estimular seu crescimento e frutificação com mais vigor.
Para alguns especialistas, a poda é uma técnica milenar de orientar o crescimento das plantas; outros chegam a considerá-la uma arte, pois permite que as plantas respondam a objetivos específicos.
Certo é que, enquanto na natureza as plantas crescem sem uma estrutura ou porte corretos para a sua exploração, a partir dessa intervenção humana é possível obter melhores resultados, tanto em estética quanto em produtividade.
Antes de podar, é preciso conhecer as plantas
Como em qualquer outra atividade, antes de executar uma tarefa, é importante possuir conhecimento teórico, e com a jardinagem não é diferente. Antes de realizar a poda, é essencial conhecer todos os componentes de uma planta.
Estamos nos referindo às suas partes, como raízes, seiva, gema e ramos, que estão diretamente envolvidos na poda. Confira:
- Raízes: são responsáveis pela extração da água do solo, que contém os sais nutritivos necessários para alimentar a planta;
- Seiva: é um líquido que circula nas plantas vasculares, fluindo para as partes altas e mais iluminadas da árvore. Por isso, os galhos mais vigorosos são aqueles que conseguem se posicionar melhor na copa e têm uma estrutura retilínea;
- Gemas: também conhecida como “olhos“. São os órgãos produtores das folhas, flores e caules. Elas estão localizadas nas escamas corticais do tronco e dos ramos. As gemas mais vigorosas e pontiagudas se transformam em ramos vegetativos, já aquelas com forma arredondada são as floríferas;
- Ramos: são ramificações originadas das gemas e se dividem em ramos lenhosos (vegetativos), mistos (apresentam desenvolvimento vegetativo e exibem gemas frutíferas ao mesmo tempo) e frutíferos.
Por que podar as plantas?
Como vimos, a poda serve para ordenar e fortificar o desenvolvimento das plantas. Desse modo, elas se tornam mais bonitas, saudáveis e alcançam determinados objetivos.
Tenha em mente que essas espécies vão enfraquecendo com o passar do tempo e a poda será responsável por revigorar sua força, além de permitir que alcancem um determinado porte ou tamanho.
É podando suas plantas que você remove as folhas ou galhos que estão doentes ou atrapalhando o acesso à luz, o que pode prejudicar a fotossíntese e o crescimento saudável da planta.
A poda pode ser realizada tanto em árvores quanto em arbustos nos quais alguns ramos crescem demais e acabam consumindo quantidade maior de nutrientes do que deveriam. São os chamados galhos “ladrões”, que atrapalham o desenvolvimento da planta.
Confira abaixo os principais objetivos da poda:
- Melhorar o vigor da planta;
- Controlar o porte da planta, facilitando os tratos e manuseio;
- Eliminar os ramos “ladrões“, doentes ou mortos;
- Fazer com que brotem mais ramos frutíferos;
- Aumentar a produção e a qualidade dos frutos;
- Diminui o risco de ataque de pragas e doenças.
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Tipos de poda
Conforme citamos no início do artigo, existem diferentes tipos de poda, e cada uma delas vai depender do objetivo que se deseja alcançar. Aqui estão alguns exemplos:
- Poda de formação: proporciona à planta altura de tronco e estrutura de ramos necessárias para a produção dos frutos. É normalmente realizada nos viveiros, formando mudas com porte, altura e brotações bem distribuídas;
- Poda de frutificação: serve para proporcionar às frutas acesso à luz solar para amadurecerem rapidamente e de maneira uniforme. Outra finalidade é reduzir os ramos frutíferos, evitando a superprodução da planta, o que pode levar à perda da qualidade da fruta e à decadência rápida das árvores;
- Poda de elevação de copa: consiste em cortar os galhos mais baixos, proporcionando à árvore uma estética mais elevada, com a maior quantidade de ramos concentrada na parte superior;
- Poda de floração: realizada com o objetivo de promover uma maior produção de flores e brotos nas plantas;
- Poda de limpeza: consiste na retirada de ramos doentes, com pragas, ou galhos quebrados que podem afetar o crescimento das plantas. Geralmente é uma poda leve, realizada anualmente nos pomares;
- Topiaria: é uma técnica avançada de jardinagem que visa dar forma arbustos de maneira diferenciada. Os cortes são feitos para criar um formato específico, semelhante à arte do bonsai.
Qual o momento certo de podar?
Uma dúvida comum em relação à poda é saber qual o momento certo de realizá-la. Na verdade, não há uma resposta certa, pois cada espécie de planta requer um procedimento diferente.
De modo geral, é indicado realizar a poda quando os ramos começam a crescer lateralmente. Isso permite remover os ramos mais baixos, proporcionando espaço para os raios de luz penetrarem, além de controlar o tamanho da planta e direcionar os nutrientes para os ramos que crescerão com mais vigor.
O melhor momento para utilizar essa técnica é após a planta ter dado flores ou frutos, ou durante o inverno, quando ela está com atividade metabólica reduzida.
No caso das árvores frutíferas, a poda é indicada principalmente no inverno, quando elas perdem as folhas. Esse período é ideal para árvores como pessegueiros, macieiras, ameixeiras e figueiras, por exemplo.
Contudo, antes de realizar essa operação, é preciso levar em conta detalhes como a localização do pomar, as condições climáticas e o perigo de geadas tardias. É recomendado começar pelos cultivares precoces, depois pelas variedades de brotação normal e, por fim, pelas plantas tardias.
A poda também pode ser feita no verão, sendo conhecida como poda verde. Essa técnica é realizada durante os períodos de vegetação, florescimento, frutificação e maturação dos frutos. O objetivo é arejar a copa, permitir a passagem de uma maior quantidade de raios solares, e melhorar a qualidade e a coloração dos frutos.
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Quais as ferramentas usadas nessa tarefa?
Por ser uma etapa crucial na vida das plantas, ao realizar uma poda é preciso ter em mãos as ferramentas adequadas, o que ajudará a evitar danos em sua estrutura.
Exemplo: utilizando-se uma tesoura de poda inadequada, existe o risco de realizar cortes irregulares e prejudicar a saúde da planta. O ideal é usar instrumentos bem amolados, o que reduzirá o risco de acidentes (tanto para você quanto para sua planta) e, ao mesmo tempo, permitirá fazer cortes mais precisos.
Outro detalhe importante é que, ao utilizar ferramentas adequadas, você reduzirá seu tempo de trabalho e esforço, e o resultado será muito melhor. Em se tratando de plantas frutíferas, em breve você poderá desfrutar de uma bela produção!
Entre os diferentes instrumentos, destacam-se a serra de poda, a tesoura e o serrote que são responsáveis por deixar as plantas e flores bem podadas e limpas.
A tesoura de poda é o instrumento mais comum de um podador e é utilizada para cortar ramos com até meia polegada de diâmetro. No caso de ramos maiores, é recomendável usar um serrote de poda.
Uma dica importante: antes de usar os instrumentos citados acima, é importante que eles estejam esterilizados. Assim, você estará evitando a disseminação de pragas e doenças entre as plantas.
Basta colocá-los por alguns segundos na chama de um fogão (ou de um maçarico), esperar esfriar e então poderá utilizá-los. Outra opção é colocá-los de molho em uma solução de uma parte de água sanitária para duas partes de água limpa. Uma terceira opção é passar um pano umedecido em álcool de limpeza comum.
Como fazer a poda corretamente?
Agora que você já conhece sua planta e entende a importância de podá-la corretamente, chegou o momento mais aguardado deste artigo: conhecer como essa tarefa deve ser feita de maneira correta.
Como já mencionamos, as técnicas variam para cada espécie, seja para plantas frutíferas, flores ou mesmo aquelas relacionadas ao ajardinamento.
É interessante pesquisar sobre a espécie e definir o objetivo da poda. Por exemplo, pretende dar a ela um formato e tamanho específicos? Também leve em consideração o ambiente. Como é o acesso à luz? Qual o espaço disponível para que sua planta cresça?
Essas informações preliminares ajudarão a definir quais os ramos e folhas devem ser retirados. Uma dica é fazer o corte em ângulo de 45° no sentido oposto ao da gema mais próxima. Isso evitará o acúmulo de água e o apodrecimento do ramo, bem como o aparecimento de fungos.
Confira o que deve ser cortado:
- Galhos excessivamente longos (“ladrões”);
- Flores mortas, como é o caso das roseiras;
- Folhas amareladas, velhas ou mortas;
- Pontas de talos;
- Retirada dos galhos e folhagens “doentes”.
Nada de se empolgar: não ultrapasse 10 a 20% de retiradas de folhas ou galhos por poda. Do contrário, você pode prejudicar a planta ao invés de ajudá-la. Realize a poda de plantas a cada três ou quatro semanas para manter um desenvolvimento saudável.
A seguir, conheça algumas informações extras sobre como podar gramados, plantas ornamentais, flores (roseiras) e árvores frutíferas.
Poda de um gramado
A poda de um gramado é realizada com frequência, visando manter o gramado sempre limpo, saudável e livre de plantas daninhas. Um dos detalhes importantes é a altura do corte.
Se a poda for “radical” (muito reduzida), o gramado pode ser prejudicado por fatores ambientais, como falta de água, frio e calor excessivo, tornando-o mais suscetível à invasão de plantas daninhas.
A altura ideal do corte do gramado dependerá da espécie de grama. Na maioria das espécies, como a grama Esmeralda e São Carlos, a altura desejada é entre 5 e 7 centímetros.
Já a frequência da poda dependerá da velocidade de crescimento do gramado. O ideal é não ir além de 1/3 da área foliar a cada poda. Por exemplo, se o gramado é mantido a uma altura de 5 centímetros, nunca deixe-o crescer mais do que 7 centímetros para a próxima poda.
Outra informação importante: depois de podar, retire as aparas da grama caso haja uma quantidade excessiva, úmida ou em touceiras.
Como podar plantas ornamentais
A poda das árvores decorativas visa o embelezamento e facilita a circulação próxima a ela. Nesse sentido, deve-se podar quaisquer galhos que estejam até dois metros do solo, o que facilita, inclusive, a circulação de pessoas.
Outra tarefa é eliminar as hastes que destoam do formato desejado da copa. Tratam-se de ramos indesejados porque atrapalham o crescimento e o desenvolvimento de galhos vigorosos. Ao serem eliminados, permitirão uma ventilação da copa e a planta receberá melhor a luz solar.
Dica: a poda deve ser realizada sempre próxima ao tronco e sem deixar fiapos. Assim, será possível ajudar na cicatrização da árvore.
Técnica de poda de roseiras
A roseira é mais uma das espécies de plantas que depende da poda para uma boa produção. Muitas vezes, ficamos com pena de podá-las, pois parecem bonitas e fortes. Mas, na verdade, muitos galhos dispersam os nutrientes, fazendo com que a planta enfraqueça e diminua a sua produção.
Ao podar, novos brotos surgirão com o tempo e florescerão de maneira mais forte e ampla, demonstrando maior produtividade. A poda deve ser realizada primordialmente no inverno, pois depois as roseiras voltarão com força total, renovando as hastes e flores.
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Como podar árvores frutíferas
Por darem frutos saborosos, as árvores frutíferas, na maioria das vezes, são as mais “lembradas” quando o assunto é poda. Conforme já mencionamos ao longo do artigo, uma poda bem realizada assegura que as árvores produzam mais, além de proporcionar frutos de melhor qualidade.
Geralmente, a poda deve ser feita nos meses antes da primavera, pois, nesse período, haverá uma quantidade maior de nutrientes na planta, desencadeando uma maior floração e uma grande produção, além de proporcionar beleza à sua árvore.
Um detalhe importante: não realize a poda durante o período de floração, pois pode prejudicar a espécie, que necessita de toda sua energia para dar flores e, posteriormente, os tão esperados frutos. Além disso, conforme mencionamos anteriormente, utilize ferramentas bem afiadas, pois evitará que os galhos fiquem “machucados”.
No vídeo abaixo, confira o passo a passo de como podar uma árvore frutífera:
Cuidados após a poda
Após realizar a poda – seguindo as dicas que apresentamos – a expectativa é que você tenha uma planta bonita, saudável, e com crescimento e desenvolvimento controlados. No entanto, é preciso seguir mais algumas orientações.
Com a aplicação dessa técnica, a planta irá precisar de um certo tempo para se recuperar (cerca de três a cinco dias, em geral). Nesse período, é importante garantir uma boa irrigação, visando assegurar um bom fluxo de nutrientes.
Além disso, é interessante realizar uma adubação ao final do inverno ou início da primavera, pois isso ajudará a planta a produzir nova brotação com mais vigor.
Antes de encerrar, é importante ressaltar que, dependendo da espécie e regulamentações locais, é possível que seja necessário obter autorização do órgão ambiental local para a realização da poda. Essa permissão legal pode ser exigida devido ao porte, espécie, local em que está plantada ou mesmo pelo perigo de queda. Portanto, na dúvida, consulte legislação do seu município.
E então, gostou deste conteúdo? Nossa dica de leitura complementar é o nosso artigo sobre como podar uma parreira de uva. Boa leitura!