Responsável por atacar animais, principalmente bovinos, caprinos, equinos e até o homem, a Stomoxys calcitrans, mais conhecida como mosca-dos-estábulos, é uma das espécies hematófagas que mais causam prejuízos aos rebanhos nacionais.
Neste artigo, saiba como controlar a mosca-dos-estábulos que transmite doenças e causa um prejuízo bilionário aos pecuaristas brasileiros.
Mosca-dos-estábulos: como se desenvolve
Facilmente confundida com as moscas domésticas, a mosca-dos-estábulos se desenvolve em restos de matéria orgânica em decomposição, como fezes dos animais e restos alimentares, tendo como hospedeiros a maioria dos animais e o próprio homem.
Essas moscas são hematófagas. Além de sugar o sangue, suas picadas são muito doloridas e, dependendo do grau de infestação, provocam muito estresse nos animais, com alterações no comportamento, provocando a perda de peso.
A mosca-dos-estábulos é capaz de atuar na transmissão de vírus e bactérias e também servir de hospedeiro intermediário para os nematoides Habronema microstoma; agente da habronemose gástrica e/ou cutânea dos equinos e Setaria cervi, que parasita a cavidade peritoneal de ruminantes.
Essa mosca pode transmitir o vírus da anemia infecciosa equina, atuar como vetor mecânico na transmissão de Trypanosoma evansi e Trypanosoma vivax, e ainda como vetor biológico na transmissão da mosca-do-berne, Dermatobia hominis. Portanto, o seu controle é muito importante.
Prejuízos ao rebanho bovino
No Brasil, estimativas apontam prejuízos anuais superiores a US$ 350 milhões (mais de R$ 1,7 bilhão) causados por esta mosca em várias regiões do Brasil, principalmente no Centro-oeste e Sudeste (estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Mato Grosso).
A mosca-dos-estábulos surge com maior incidência em propriedades rurais localizadas próximas à usinas sucroalcooleiras. É que, com a colheita da cana-de-açúcar, há acúmulo de subprodutos orgânicos. A palha da cana misturada com a vinhaça (resíduo da destilação do caldo fermentado durante a produção de álcool) sobre o solo facilita o desenvolvimento e multiplicação dessas moscas.
O ataque desses insetos também pode ocorrer em outras propriedades mais afastadas de usinas quando não há uma destinação adequada de resíduos em confinamentos ou mau uso da cama de frango (adubo orgânico que pode ser utilizado para a preparação do solo) e resíduos nas fazendas de pecuária de leite ou de corte.
Como fazer o controle da Mosca-dos-estábulos
Como informamos acima, a mosca-dos-estábulos causa muitos prejuízos aos pecuaristas brasileiros, além da preocupação com a transmissão de doenças. Agora, veja algumas dicas importantes de especialistas para controle desses insetos:
- Manter limpas as instalações, principalmente naquelas propriedades com sistema de confinamento ou leiterias, retirando fezes e restos alimentares;
- Remoção e destino adequado dos resíduos alimentares de animais, bem como de dejetos e matéria orgânica acumulados nas fazendas;
- Revolver o material de compostagem completamente duas vezes por semana e drenar a água da chuva;
- Avaliar a eficácia dos diferentes inseticidas utilizados no combate às moscas adultas antes de sua aplicação;
- Usar, quando necessário, inseticidas na dose correta e com origem reconhecida e registro para uso em animais;
- Realizar o controle químico, quando necessário, apenas nos dias previamente programados, de forma coordenada. A tarefa deve incluir todas as propriedades próximas ao problema.
Portanto, o controle da mosca-dos-estábulos não é tarefa fácil. Uma pesquisa desenvolvida pela Embrapa em Campo Grande (MS) mostra a resistência desses insetos à cipermetrina, um inseticida do grupo dos piretroides. Confira no vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=3M9CLvDb3x8&t=1s
Fonte: Embrapa
Como mostramos acima, o controle da mosca-dos-estábulos deve ser uma das prioridades dos pecuaristas. A melhor saída, para evitar surtos, é tomar medidas preventivas, principalmente cuidar da limpeza de sua propriedade rural.
Confira também nosso artigo sobre outro problema que atinge a pecuária: a mosca-do-chifre.