O setor de agricultura tem implementado cada vez mais em sua rotina o sistema de produção de plantio direto. O mesmo, que teve início na década de 1970, chegou para substituir o então método tradicional de plantio, que contava com as etapas de aração e gradagem.
Nessa época, o campo era lavrado meses antes da temporada das culturas, sendo também gradeado a fim de pulverizar a camada superficial do solo. Como a plantação não tinha cobertura e proteção, as chuvas intensas acabavam arrastando cerca de 20 toneladas/ha de solo para a parte mais baixa do campo de produção, provocando o assoreamento de rios e lagoas, perdendo a parte mais fértil da lavoura. Era um prejuízo e tanto para o agricultor que levou meses investindo nas etapas de plantio.
Para evitar esses imprevistos, o método de plantio direto foi tomando corpo, sendo incorporado cada vez mais na agricultura. Nessa técnica, não é preciso que o solo passe por todas as etapas do método tradicional, sendo mais simples, prático, econômico e eficaz em diversos sentidos.
Quais pontos vamos abordar neste post:
- Como funciona o plantio direto?
- A importância do manejo da cobertura do solo
- Cuidados com o plantio
- Vantagens do plantio direto
Como funciona o plantio direto?
Esse sistema se baseia em manter o solo de plantio sempre coberto e protegido com plantas e resíduos vegetais. Na maioria dos casos, utiliza-se a palha para essa cobertura. Com isso, protege-se o solo dos impactos ambientais, como chuvas, escorrimento superficial e erosões decorrentes.
O preparo do cultivo por plantio direto é um dos mais simples, pois conta apenas com as seguintes etapas: semeadura, adubação e, eventualmente, a aplicação de herbicidas através do manejo integrado de pragas, plantas infestantes e doenças em geral. Além disso, a rotação de culturas também é parte essencial do processo.
O solo só é manipulado no momento do plantio, diferentemente do que acontecia no método convencional que demandava meses para isso. Ou seja, não existe preparação do solo antes do plantio. A manipulação do plantio direto ocorre apenas para a abertura de um sulco no solo, onde são depositadas as sementes e os fertilizantes.
Dessa forma, podemos definir o sistema de plantio direto como um processo de semeadura em solo não revolvido, onde são abertos sulcos para colocação das sementes, contando com um espaço suficiente no solo para cobertura com plantas.
A importância do manejo da cobertura do solo
Essa, sem dúvidas, é uma das principais características do sistema de plantio direto. A cobertura do solo é essencial para a proteção das culturas, seja com coberturas verdes ou até mesmo mortas.
Através dessa prática, é possível controlar a depauperação dos solos, controlando assim a sua erosão. Dessa forma, a proteção permite que o solo absorva o impacto da chuva, sem que o plantio seja devastado e, ao mesmo tempo, promova a infiltração necessária de água para as culturas. Por outro lado, solos úmidos devem contar com boa drenagem para que se evite o excesso de água nesse sistema que já promove um aumento natural desse componente.
A cobertura do solo é obtida através da rotação intensa das culturas, dos resíduos de colheita e das plantas de cobertura ou adubos verdes. Tais componentes podem ser manejados com grade niveladora, rolo-faca, entre outros apetrechos.
Nesse momento, entra em ação a estrutura de máquinas desse sistema, que é responsável por efetuar o plantio, a colheita, a pulverização e o manejo das culturas de cobertura.
Cuidados com o plantio
Para que o sistema de plantio direto funcione, é preciso atentar-se a alguns detalhes importantes, a começar pela profundidade de posicionamento da semente no solo, que deve ser de 4 a 6 cm. Tal medida norteia a o nível de profundidade do fertilizante, que deve ficar de 3 a 7 cm abaixo e ao lado da semente.
Além disso, o solo a ser plantado deve estar úmido na proporção ideal, ou seja, nem muito molhado, nem muito seco. Nos primeiros seis anos, o sistema requer o uso de fertilizantes no solo para atender à demanda nutricional. Isso é necessário, pois a matéria orgânica que cobre o solo acaba aprisionando os nutrientes que a semente necessita, como é o caso do nitrogênio. O uso de herbicidas também é necessário para evitar o aparecimento de ervas daninhas, que estão cada vez mais resistentes nesse sistema.
Outro aspecto importante diz respeitos aos restos culturais, que devem cobrir pelo menos 80% da superfície do solo ou manter 6 t/ha de matéria seca para cobertura do solo. Tal detalhe é variável de acordo com as condições climáticas locais. O terreno também deve ser nivelado para que fique o mais homogêneo possível para o plantio.
É preciso também que o agricultor atente-se aos teores de fósforo e potássio, que devem ser corrigidos antes de iniciar o Sistema de Plantio Direto. Isso porque os níveis de fertilidade devem ser mantidos na faixa alta para que o plantio seja bem sucedido.
Vale ressaltar que, para o implemento desse sistema, é preciso capacitar o agricultor e a mão de obra em relação ao maquinário, ao manejo de mais de uma cultura e sobre o funcionando do sistema em si.
Vantagens do plantio direto
Além de reduzir drasticamente a erosão do solo, o plantio direto apresenta diversas vantagens, como:
- possibilita a infiltração da água no solo,
- evita a perda de nutrientes com o arrasto provocado pela chuva;
- evita o assoreamento de rios e lago;
- enriquecimento do solo com a matéria orgânica na superfície;
- menor quantidade de etapas e trabalhos;
- economia de combustíveis e, consequentemente, menores custos de produção.
Segundo estimativas reais, a poupança de energia e combustível pode ser de até 70%, em comparação com os métodos convencionais de plantio.
Veja abaixo um vídeo explicativo sobre plantio direto divulgado pela Embrapa:
O ganho financeiro também se deve à maior infiltração de água e a capacidade de armazenamento e menos erosão.
Pode-se plantar mais de uma cultura ao mesmo tempo, sem a necessidade de deixar um campo inteiro em pouso.
A redução do impacto ambiental também é outra vantagem do plantio direto, graças a preservação dos rios e lagos e a manutenção do solo, sem tantas agressões no plantio.
Assista no vídeo abaixo, Professor Paulo Arbex, referência no assunto, que aborda questões como produtividade, sustentabilidade e os benefícios do SPD (Sistema de Plantio Direto):
Outro benefício ambiental é a manutenção do carbono no solo por conta das culturas e a redução das emissões de óxido nitroso (N2O), que é um potente gás com efeito estufa.
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