Conheça os principais tipos de solo para plantio

Conheça os principais tipos de solo para plantio

O Brasil possui 13 classes ou tipos de solo diferentes. Isso se deve à influência da diversidade de fatores de formação do solo e dos pedoambientes (características dos materiais originários, relevo, quantidade e fluxo de água, entre outras, que refletem na expressão da vegetação nativa).

A formação tem a ver com a decomposição de rochas durante milhares de anos, transformando-se em fragmentos muito pequenos até compor o solo que conhecemos hoje, dando origem a uma diversidade de solos, com diferenças importantes quanto à fertilidade, capacidade e limitações de uso, além de práticas de manejo adequadas.

Por isso, é muito importante saber os tipos de solo existentes nas diferentes regiões produtoras, para que se possa obter uma boa produtividade, conservando-a a longo prazo pelo manejo correto.

Conheça a seguir os três principais tipos de solo existentes no Brasil, e como manejar para obter altas produtividades.

Leia também: Saiba o que é condicionador de solo e como usá-lo

Quais são os principais tipos de solo?

O Brasil é um país de grande extensão geográfica, com mais de 8,5 bilhões de km², posicionando-o como o maior da América do Sul e quinto maior do mundo em área territorial (corresponde a 47,3% de todo território sul-americano).

Essa grande área possibilita uma infinidade de microclimas (inclusive dentro de uma região), sendo possível o cultivo de inúmeras culturas agrícolas. A interferência de diferentes características edafoclimáticas (relativas ao solo e ao clima), refletem, assim, na diversidade de solos existentes nas diferentes regiões.

No Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS) são descritas 13 classes de solo, agrupadas devido à sua similaridade quanto às características químicas (nutrientes), físicas (estruturais) e morfológicas.

No mapa abaixo, é possível observar os diferentes tipos de solo que podem ser encontrados de Norte a Sul do Brasil:

  • A região Nordeste e parte do Acre (região Norte) possuem como principal classe de solo (representados pela cor laranja intenso) os Luvissolos Crômicos;
  • Na região Norte, um misto entre duas principais classes: representadas pela cor bege intenso (Argissolos Vermelho-Amarelos Distróficos) e rosa intenso (Argissolos Vermelhos Alíticos);
  • Na região Central (Centro-Oeste) do Brasil são encontradas as principais classes que correspondem aos solos representados pela coloração bege intensa (Latossolos Vermelhos) e bege clara (Latossolos Vermelho-Amarelos);
  • Região Sul: representam solos bastante diversos. O Rio Grande do Sul, por exemplo, possui quatro tipos predominantes, representados pela cor bege claro (Latossolos Vermelhos), cinza (Neossolos Litólicos Eutróficos), bege escuro (Argissolos Vermelho) e verde (Planossolos Háplicos Eutróficos, na região Central do Estado e litoral).
Mapa do Brasil com diferentes cores que representam a distribuição geográfica dos solos de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos
Distribuição geográfica dos solos do Brasil de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos. Fonte: Embrapa Solos, 2011.

Mas, antes disso, precisamos entender rapidamente como os solos são formados. No esquema abaixo, é possível visualizar como isso ocorre na prática.

A rocha mãe (horizonte composto por material rochoso que não sofreu nenhuma ação de intemperismo) sofre intemperismo pela ação da água em diferentes estados físicos (gasoso, líquido e sólido), alteração de temperatura (principalmente calor), ação de ventos que carregam partículas que se chocam com as rochas e auxiliam no processo, e ação de microrganismos, especialmente decompositores, que dão continuidade à formação dos solos. Com o passar do tempo, a rocha mãe transforma-se em partículas desagregadas e menores, que favorecem o desenvolvimento das primeiras plantas.

Demonstração por meio de desenhos do processo de formação dos solos
Processo de formação dos solos.

Principais tipos de solo encontrados no Brasil

Como vimos, no Brasil podem ser encontrados diferentes tipos de solo e, para além disso, subordens, grandes grupos, subgrupos, famílias e séries. Parece complexo, não é mesmo?

No vídeo a seguir, é possível entender como os solos são classificados e quais critérios são utilizados em função do seu nível de importância:

Fonte: LABPED UNICAMP.

No Brasil predominam três tipos de solo: Latossolos, Argissolos e Neossolos, que juntos, ocupam cerca de 70% de todo o território nacional.

Os Latossolos e Argissolos são os que ocupam a maior área, cerca de 58%. Possuem como característica que os diferencia dos Neossolos a profundidade, uma vez que são considerados solos profundos e altamente intemperizados (rochas fragmentadas e desagregadas em pequenos sedimentos).

Veja também: 10 causas da degradação dos solos, o que fazer e como corrigi-los

Latossolos

Os Latossolos são solos em avançado estádio de intemperização e são formados pelo desgaste e transformação das rochas pela ação do clima, água, vento e de organismos vivos ao longo de milhares de anos.

Os latossolos possuem coloração avermelhada ou amarelada (em diferentes tonalidades), resultado do acúmulo de óxidos de ferros e alumínio ao longo do tempo, e que podem estar em concentrações danosas às culturas, exigindo estratégias de manejo específicas para a obtenção de boas produtividades.

Esse tipo de solo possui, de forma geral, boa drenagem, são profundos e podem ter baixa fertilidade (quantidade limitada de nutrientes essenciais para as plantas, como nitrogênio, fósforo e potássio).

Profundidade dos 3 tipos de Latossolos - vermelho, bruno e amarelo - com medição por fita métrica
Latossolo Vermelho, Latossolo Bruno e Latossolo Amarelo. Fonte: Dos Santos, Zaroni, 2021; Almeida et al., 2021; Dos Santos et al., 2021.

Argissolos

Os argissolos, por outro lado, são solos ricos em argila e possuem uma coloração que varia de avermelhada a amarelada, dependendo dos minerais presentes nas diferentes regiões do país.

Profundidade dos 3 tipos de Argissolo - vermelho-amarelo, vermelho e bruno-acinzentado - com medição por fita métrica
Característica de três tipos de Argissolo: vermelho-amarelo, vermelho e bruno-acinzentado. Fonte: Calderano, 2017; Dos Santos et al., 2021; Dos Santos et al., 2021.

Uma característica que os distingue dos demais tipos de solo é a presença de uma camada superficial de argila (partícula mineral muito pequena, remetendo a um aspecto fino e suave ao toque).

Os argissolos são, portanto, solos bem drenados, o que permite escoamento rápido da água, evitando acúmulos excessivos. Possuem, ainda, a capacidade de reter nutrientes e água, o que favorece os cultivos.

Leia também: Como realizar uma análise de solo adequada?

Neossolos

Os neossolos são diferentes em muitos aspectos quando comparados aos latossolos e argissolos. São os solos mais jovens existentes, geralmente encontrados em áreas com atividade vulcânica, sendo, portanto, resultado da deposição de sedimentos.

Também podem ser encontrados em locais onde mudanças no ambiente ocorreram, ou até mesmo em áreas afetadas por processos de erosão ou até mesmo inundações.

Neossolo com seu aspecto pouco desenvolvido e presença de muitos pedregulhos
Neossolos são solos pouco desenvolvidos, com presença intensa de “pedregulhos” ou rochas. Fonte: Carvalho Junior, 2018.

Esse tipo de solo possui uma característica comum: a presença de uma camada superficial mais fina em comparação aos demais solos encontrados. Esses solos não tiveram tempo suficiente para desenvolver suas camadas bem definidas.

A fertilidade dos neossolos pode ser variável, podendo apresentar desde boa fertilidade até baixa disponibilidade de nutrientes. Exigem ainda, dependendo do local em que se encontram, manejo específico para o cultivo de determinadas espécies.

Para conferir mais características sobre os diferentes tipos de solo, clique no link.

Por que é importante conhecer os diferentes tipos de solo presentes nas áreas de produção?

É importante lembrar que em uma mesma área agrícola podem ser encontrados diferentes tipos de solo, por isso, compreender essas diferenças na sua lavoura será fundamental para a definição de estratégias de manejo mais assertivas.

Por exemplo, em um mesmo talhão, podem existir diferentes tipos de solo, com diferentes profundidades e que refletirão em potencial produtivo distinto.

A análise das diferenças químicas, físicas e biológicas do solo são fundamentais para compreender as características e a variabilidade dentro de uma área (que podem estar relacionadas aos diferentes tipos de solo, manejo, clima, etc, encontrados na área de produção).

Mapeamento de zonas de manejo com especificação de zona de alto em verde, zona de médio em verde claro, zona de baixo em vermelho e zona não investigada em amarelo
Delimitação de zonas de manejo na área de Carazinho, RS. ZA= zona de alto, ZM=zona de médio; ZB = zona de baixo e Z4 = quarta zona não investigada. Fonte: Schwalbert et al., 2014.

Ao combinar as informações obtidas nas análises de solo com dados gerados por sensores, como o sensor de condutividade elétrica do solo e até mesmo mapas de colheita obtidos nas diferentes safras, é possível ter uma visão mais completa e assertiva da variabilidade espacial das áreas de produção.

Com base nessa análise integrada, é possível definir zonas de manejo ou unidades de manejo diferenciadas.

Assim, produtores podem realizar aplicações localizadas de fertilizantes, de acordo com as reais necessidades de cada local do talhão e de acordo com os tipos de solo e suas características específicas, otimizando os recursos, maximizando os resultados produtivos e oferecendo benefícios, como:

  • Menor uso de fertilizantes ou adequação das doses necessárias (podendo utilizar doses maiores em áreas que respondam adequadamente, e doses menores em áreas que possuam condições físicas, como pouca profundidade de solo, entre outras);
  • Redução dos custos, uma vez que os insumos são utilizados de forma mais assertiva;
  • Minimização dos impactos ambientais;
  • Aumento de eficiência produtiva.

3 cuidados para preparar o solo para a semeadura e para um manejo conservacionista

Como vimos no mapa apresentado logo ao início desse artigo, no Brasil podem ser encontradas mais de 13 classes de solos, e para além disso, inúmeras derivações, denominadas subclasses, os quais exigem diferentes manejos para semeadura.

A seguir, confira três cuidados importantes para essa operação:

  1. Realizar a amostragem e análise de solo: essa prática é recomendada pelo menos a cada dois anos. A análise de solo possui baixo custo e pode conferir inúmeros benefícios, incluindo aumento da produtividade;
  1. Realizar as correções necessárias nas épocas recomendadas: corrigindo acidez para melhor aproveitamento dos nutrientes pelas plantas;
  1. Manejar a área de acordo com as suas necessidades, como por exemplo:
    • Evitar a semeadura morro abaixo (em áreas com declividade);
    • Adoção do sistema plantio direto (SPD);
    • Com manutenção da palhada sobre o solo, evitando a erosão;
    • Construção de curvas de nível ou terraços em áreas com grande declividade;
    • Construção de bacias de contenção (também conhecidas como barraginhas) para evitar o avanço da erosão do solo, ao mesmo tempo em que proporciona captação de água para a lavoura.
Terraceamento para a contenção de erosões causadas pelo escoamento da água em áreas de vertentes
Prática do terraceamento para evitar a erosão da água nas lavouras, beneficiando as culturas em períodos de estiagem. Fonte: EPAGRI, 2020.
Região limitada por uma depressão do terreno, contendo água captada de estradas, chamada de bacia de contenção
Bacia de contenção, também conhecida como barraginha, para captação da água das estradas, evitando que a mesma escoa pelas lavouras. Fonte: Casarin; De Oliveira, 2018.

Confira também: Como fazer terraceamento para conservação do solo

Conclusão

Como vimos, o Brasil possui uma grande diversidade de solos, e essas diferenças podem estar presentes inclusive na sua lavoura. Por isso, conhecer qual o tipo de solo, e qual o manejo ideal para cada situação, é indispensável para a obtenção de melhores resultados produtivos.

Por isso, é importante certificar-se de realizar análises de solo periódicas (a cada dois anos) e de aplicar boas práticas de manejo para evitar a erosão, com perda de solo e nutrientes,e preservar a saúde do solo da sua lavoura.

Temos certeza de que essas informações serão muito úteis para você que trabalha com agricultura.

Quer acompanhar mais sobre as principais culturas agrícolas e o seu manejo? Então acesse os artigos do MF Magazine, a principal revista digital do Agro.

Se você gostou de saber mais sobre os tipos de solo, confira nosso artigo sobre o plantio consorciado, como funciona e seus benefícios.

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