O primeiro caso de coronavírus foi confirmado no Brasil em 26 de fevereiro de 2020 e, desde então, vem causando impacto em todo o mundo, principalmente no setor da saúde e da economia.
Levando isso em consideração, o Governo vem trabalhando para conter e atrasar a propagação da doença no país, fechando escolas, universidades, comércios e incentivando o isolamento social de diversas maneiras.
Para isso, diversas pessoas precisaram se adaptar às limitações impostas quanto ao trabalho e ao contato físico, aderindo à uma quarentena que serviu como estratégia para evitar a rápida transmissão da doença.
E, nesse ínterim, as empresas também começaram a seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), com o intuito de que seus clientes tivessem o mínimo de contato possível e evitassem aglomerações – independentemente do setor envolvido.
Tendo isso em vista, os únicos serviços que não pararam foram os considerados essenciais pelo Planalto, como a saúde, vigilância, trânsito e o próprio agronegócio.
Ainda assim, como apontado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), por mais que as medidas referentes à quarentena não se aplicassem ao setor, isso não impediu que houvesse uma intensificação de seus cuidados, adotando métodos mais rígidos de higiene e outras precauções.
Mas, afinal, indo além das regras já estabelecidas pelo segmento, quais seriam os outros impactos sofridos pelo agronegócio durante a Covid-19? Para compreender, é importante analisar todo o contexto que envolve este ramo. Por isso, continue a leitura e surpreenda-se com o futuro desta prática em um universo pós-pandêmico:
A logística como fator preponderante
Em meio a todas as medidas de combate ao coronavírus, a produção, segundo o Governo e os agricultores, continua a todo vapor. Em especial, porque a demanda não pode ser reduzida, uma vez que isso afetaria diretamente no bem-estar das pessoas e em seu consumo de incontáveis nutrientes – algo que precisa ser valorizado, principalmente nesse momento.
Contudo, o fechamento de grandes centros comerciais e a dificuldade de logística entre as regiões pode vir a prejudicar, de certa forma, o setor agropecuário, que já registrou algumas perdas.
Para se ter uma ideia, houve uma redução das compras de aves e suínos em 15%, principalmente por restaurantes, como aponta a CNA. Além disso, as pequenas empresas relacionadas ao ramo do leite também sentiram o impacto, ao passo em que as grandes precisaram remanejar a produção para os formatos UHT e em pó.
Como se sabe, o processo logístico foi alterado na pandemia e está demandando por transformações que, enquanto não forem sanadas, tornarão esta tarefa cada vez mais custosa e com consequências graves para toda a cadeia de suprimentos.
Oferta contínua graças ao estoque
As usinas de açúcar brasileiras já estavam à par de todos os impactos causados pelo coronavírus na economia e resolveram antecipar a colheita ou adiá-la.
Como já foi dito, as commodities são uma área muito afetada pela crise da Covid-19 e, graças a essa medida de prevenção adotada pelos tomadores de decisões, o açúcar vem se destacando com um bom desempenho, além de manter uma oferta continua, mesmo nesse período.
Isso se dá, também, porque a procura por alimentos nos mercados aumentou, tendo um crescimento de 30% na demanda. Afinal, as pessoas ficaram devidamente preocupadas e, apesar dos pedidos da OMS, começaram a comprar cada vez mais comida e estocá-las, o que foi um respiro para muitos produtores e comerciantes.
A influência do dólar
Ao considerar o cenário mundial atualmente, existe uma possibilidade de ocorrer um aumento dos impostos na agropecuária, devido ao superaquecimento da economia doméstica e à alta no dólar que, até o fechamento desta matéria, custava R$5,48.
Desse modo, as commodities, que estão diretamente ligadas à prática agropecuária, são gravemente afetadas – o que gera uma grande preocupação relacionada à compra de agrotóxicos, fertilizantes, sementes, ração e outros elementos fundamentais para que este setor funcione.
O fato é que a alta do dólar tanto pode ser um benefício quanto um problema para os investidores deste segmento. Isso porque ela tanto eleva os custos quanto aumenta a receita das exportações que serão convertidas em reais.
Para se ter uma ideia, o milho, a soja e o trigo registraram valorização e isso é, definitivamente, algo que pode vir a dar visibilidade aos produtos agrícolas e chamar mais atenção para a agropecuária brasileira.
Há esperanças?
Apesar de tudo o que está acontecendo e das expectativas negativas relacionadas à logística e aos custos abusivos em razão do dólar, existe uma luz no fim do túnel. Durante a crise da Covid-19, o agronegócio está tendo a oportunidade de se tornar bem mais visível, produtivo e, assim, se beneficiar deste momento – principalmente por não ter parado e pela procura ter aumentado durante este período.
Além disso, os produtos de exportação se tornaram mais competitivos, aumentando a produtividade e a valorização do ramo e chamando mais atenção para a questão agropecuária. Para se ter uma ideia, o Brasil é o maior produtor e exportador mundial de soja no mundo.
Segundo a Secretaria de Comércio Exterior, na segunda semana de março, foram registradas 429,3 mil toneladas, em uma média diária. Assim, esse setor continua sendo um destaque e, além da colheita, que não foi afetada e nem dá sinais de que sofrerá com a crise, a soja flui muito bem em relação às demandas e a comercialização.
O mesmo vale para o milho. O país alcançou a maior posição mundial como exportador no ano passado e tudo indica de que isso também acontecerá em 2020, analisando o desempenho.
Mesmo com a demanda doméstica superaquecida e a falta de estoque dos fornecedores, espera-se uma boa quantidade na próxima colheita, o suficiente para atender o consumo externo.
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