Os defensivos biológicos ou biodefensivos, como também são conhecidos, são produtos utilizados no campo com o objetivo de reduzir o uso de defensivos químicos no combate a pragas e doenças que atacam as lavouras. A intenção por trás desse uso é simples: proteger a lavoura sem prejudicar o meio ambiente.
O uso desses produtos vem crescendo significativamente, em especial por produtores de alimentos orgânicos. Por isso, os produtos biológicos de controle têm uma participação importante em uma agricultura mais sustentável.
Sendo assim, neste artigo vamos explicar o que são os biodefensivos e sua importância, as vantagens do seu uso, como são desenvolvidos e qual o cenário atual do mercado brasileiro de biodefensivos. Confira!
O que são biodefensivos?
Os biodefensivos estão dentro do grupo de bioinsumos, como também são classificados. Bioinsumos são definidos pelo Programa Nacional de Bioinsumos (PNB) como produtos, processos ou tecnologias que sejam de origem animal, vegetal ou microbiana, usados para produzir, armazenar e beneficiar os produtos agropecuários. Dentro dessa classificação se encontram produtos como:
- Inoculantes;
- Biofertilizantes;
- Bioestimulantes;
- Bioherbicidas;
- Defensivos biológicos.
Os biodefensivos, ou defensivos biológicos, são uma estratégia de controle biológico contra pragas ou doenças que possam atacar as plantas e causar prejuízos. Essa função é realizada a partir da utilização de ativos biológicos obtidos de organismos.
Assim, ao invés de utilizar agentes químicos, o agricultor tem a alternativa de lidar com o problema de forma mais natural. Isso é particularmente importante do ponto de vista ambiental e da preservação da biodiversidade do solo.
Qual a importância dos biodefensivos?
O setor agrícola tem se empenhado cada vez mais em utilizar produtos naturais no manejo de suas culturas, com intuito de reduzir os impactos ao meio ambiente, reduzir custos, aumentar a produtividade e melhorar a qualidade de seus produtos, tornando o mercado cada vez mais competitivo.
Nesse sentido, o controle de pragas com os seus próprios predadores ou com produtos biológicos é considerado muito promissor. Além de não deixar resíduos nas colheitas e aumentar a segurança alimentar, esse trabalho ainda torna a lavoura mais protegida sem oferecer riscos ao solo ou ao lençol freático, por exemplo.
A longo prazo, os produtores acabam se beneficiando muito dessas técnicas, pois conseguem se manter mais competitivos no mercado com produtos de maior qualidade e garantem um solo mais produtivo.
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Quais são as vantagens do uso de biodefensivos?
Os benefícios de recorrer a essa estratégia para combater os invasores da lavoura são diversos. Por isso, essa opção tem se tornado cada vez mais atrativa. Ela inclui vantagens como o controle específico de pragas e doenças que prejudicam a cultura da vez, evitando que elas tomem conta de toda a plantação.
Além disso, ela também proporciona a manutenção de organismos que são benéficos à lavoura. De forma geral, os biodefensivos ajudam a manter e a melhorar a biodiversidade do solo, promovendo a sua proteção em curto e em longo prazo.
Outra vantagem que merece ser destacada é a redução da dependência da aplicação de produtos químicos, que pode gerar um alto custo para o bolso do produtor. Isso sem falar na segurança alimentar de quem vai consumir esses produtos.
O ganho de sustentabilidade ambiental com o método também deve ser mencionado. Quando um produtor opta por combater os males da lavoura com insumos biológicos ele está favorecendo o equilíbrio natural daquele ecossistema, eliminando ou reduzindo o problema sem agredir o meio ambiente.
Por fim, o produtor também ganha em participação no mercado. É por meio do uso de biodefensivos que ele consegue promover o atendimento às demandas do consumidor mais exigente. Hoje em dia, sustentabilidade na agricultura é pré-requisito, inclusive, para acessar alguns mercados.
Como é o desenvolvimento desses produtos?
O desenvolvimento dos produtos biológicos é diferente de acordo com cada caso. Existem os produtos de base microbiológica, por exemplo, que são feitos de bactérias, fungos e vírus. Desse modo, a sua formulação se inicia pela pesquisa de novos ativos biológicos. É preciso:
- Identificar os microrganismos de combate às pragas e doenças;
- Estabelecer o processo de fermentação;
- Avaliar essa produção in vitro;
- Identificar os metabólitos.
A próxima fase é a de produção e formulação. Nela, é preciso aumentar o rendimento desse ativo biológico, seguir os protocolos que vão adequar a qualidade do produto e também avaliar o seu desempenho e por quanto tempo ele vai durar na lavoura, por exemplo.
A fase seguinte é a de testes na lavoura. Para tanto, os produtos são aplicados em plantações experimentais e os seus efeitos são avaliados para entender a eficácia do produto. Se necessário, são feitos novos ajustes na formulação e essa fase de teste é repetida.
Finalmente, o produto vai entrar em fase de análise quanto à sua segurança. Se estiver tudo certo, ele poderá ser aprovado e receber o devido registro para a comercialização.
Além disso, é importante observar que cada um dos biodefensivos atendem a uma demanda específica encontrada em cada cultura.
Na soja e na cana, por exemplo, uma das maiores procuras de soluções nesse sentido são para o controle de nematoides que infestam o solo e causam diversos prejuízos. Em algumas propriedades, os danos por esse tipo de praga podem comprometer em até 60% a produtividade da lavoura.
Os produtos que combatem insetos e fungos também têm grande importância nesse segmento. Por isso, a indústria de biodefensivos tem voltado sua atenção aos fungos entomopatogênicos, aos parasitóides e às bactérias, como estratégias para matar as pragas hospedeiras.
Como está o mercado brasileiro de biodefensivos?
O desenvolvimento dos biodefensivos vem se apresentando de maneira bastante favorável no Brasil. Tanto os pesquisadores quanto os produtores e os engenheiros agrônomos têm voltado a sua atenção para a experimentação dessas tecnologias.
Aliás, existe uma expectativa de que o consumo de produtos biológicos deva se intensificar no mercado brasileiro até 2030. Inclusive, as vendas desses produtos deverão apresentar um crescimento de até 107%, um cenário bastante promissor. Esse avanço se deve, principalmente, aos investimentos em manejo integrado de pragas, que vem se mostrando eficiente em várias culturas.
As demandas das lavouras de soja, de cana-de-açúcar e de milho, por exemplo, já são responsáveis por 75% do consumo de produtos biológicos no país.
Isso porque além do controle sanitário, esses produtos também ajudam a otimizar o aproveitamento dos nutrientes do solo e também o da água, tornando as culturas mais resistentes. Em função disso, os biodefensivos também se tornam muito atrativos do ponto de vista econômico e financeiro.
Assista no vídeo abaixo um pouco mais sobre o mercado de biodefensivos no Brasil:
A Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico ainda indica que o mercado de biocontrole, especialmente na indústria, apresenta um crescimento de 5,3 vezes mais do que a indústria de defensivos químicos. Dessa forma, quem investir no segmento tende a ter bons resultados.
A valorização dos produtos orgânicos e a preocupação do público consumidor com os problemas ambientais criam uma espécie de pressão mercadológica por esse tipo de movimento mais sustentável.
Sendo assim, o produtor que conseguir incorporar essas práticas de maneira satisfatória certamente vai conseguir abocanhar uma boa fatia do mercado. Além disso, terá a garantia de uma produção sustentável, tecnológica, inovadora e promissora.
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