O pacu (Piaractus mesopotamicus) é um dos peixes de água doce mais consumidos no Brasil e tem um importante espaço na piscicultura nacional. Isso ocorre por causa das características de sua carne, que é firme, farta e muito saborosa, o que explica sua presença na culinária regional.
Outro motivo que torna o pacu uma excelente espécie comercial é o fato de ser um peixe fácil de criar, já que ele se adapta bem aos viveiros.
A espécie, que é cultivada principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do país e originária dos rios Paraguai, Paraná e Uruguai, pode pesar até 25 kg e chegar a 50 cm de comprimento em condições naturais.
Quanto às características físicas, o pacu tem dentes achatados e corpo prensado em formato de disco. Por isso é também conhecido como “peixe redondo”.
É coberto de escamas e apresenta coloração cinza na parte dorsal e amarelo-dourada na ventral. Quando cruzado com o tambaqui, outra espécie muito apreciada no país, o pacu dá origem ao tambacu.
Por ser uma espécie já conhecida dos brasileiros e uma das mais procuradas em feiras livres de cidades próximas ao rio Paraná ou ao Pantanal, a comercialização de pacu é bastante lucrativa.
No entanto, para que a criação seja realmente um sucesso, é fundamental que o piscicultor conheça cada detalhe do processo, desde a compra dos alevinos até a reprodução e comercialização desses animais.
Pensando nisso, trouxemos para você um guia completo de como criar pacu. Continue lendo e descubra como garantir uma excelente criação desse peixe tão querido no Brasil!
Você sabe a diferença entre alevino e juvenil? Entenda aqui antes de prosseguir para o guia completo da criação de pacu.
Como começar a criação de pacu
Para iniciar a sua criação de pacu, você deve comprar alevinos da espécie. Desse modo, você não precisa se preocupar com a fase de larvicultura dos peixes, que envolve técnicas bastante delicadas e, por isso, devem ser realizadas apenas por profissionais experientes.
No momento da compra, preste atenção a dois pontos muito importantes para o sucesso da sua criação.
O primeiro tem relação com o tamanho dos alevinos, que devem pesar de 4 a 5 gramas e contar com 7 cm de comprimento. Estas medidas indicam maior resistência a doenças, vigor e agilidade para escapar de possíveis predadores, como é o caso das aves.
O segundo ponto a ser observado é verificar a idoneidade do larvicultor. Nesse caso, pesquise as referências do fornecedor antes de comprar, pois só assim você poderá adquirir alevinos com material genético de qualidade.
Alimentação
O pacu é um animal onívoro, que come todo tipo de alimento: restos vegetais, crustáceos, peixes menores, grãos, detritos orgânicos presentes na água e até mesmo ração.
A facilidade do manejo alimentar e a boa adaptabilidade da espécie aos alimentos industrializados são pontos bastante favoráveis do cultivo da espécie em cativeiro.
Ainda assim, é importante que você fique atento ao tipo de alimentação específica para cada uma das fases de crescimento do pacu, bem como ao tipo de sistema adotado na criação da espécie.
Uma dieta balanceada e rica em nutrientes, fará os peixes ganharem peso rapidamente e aumentará as chances de sucesso do seu negócio.
Você pode encontrar rações balanceadas e completas em lojas especializadas, com índices variáveis de proteína. O peso ideal para o abate do pacu em cativeiro e sua comercialização é de 1,5 kg.
Aprenda mais em nosso guia passo a passo sobre como criar o peixe pintado.
Ambiente
Em relação aos viveiros, a criação de pacu requer condições específicas. O peixe, por exemplo, vive bem em água cuja temperatura é de 28 graus, o que estimula seu crescimento. Entretanto, a espécie pode suportar ambientes de até 16 graus em regiões mais frias.
Outro fator que deve ser observado é a limpeza do local onde os peixes serão colocados. Nesse caso, os viveiros podem ser reservatórios de água próximo à sua propriedade ou tanques escavados construídos especialmente para a atividade – o que é mais comum.
Os tanques para criação der pacu podem ser de fibra, alvenaria ou chapa galvanizada, e o abastecimento de água se dá por canal de tubo de PVC.
Quanto à vazão, utiliza-se um sistema de escoamento conhecido como monge que deverá possibilitar a drenagem total da água do viveiro, ser construído na área mais profunda, assentado em terreno firme, evitando desvios ou rupturas que possam afetar o talude.
Para evitar a erosão do terreno, você pode utilizar grama ao redor dos tanques.
Para sistemas intensivos, recomenda-se criar apenas o pacu, com até dois peixes por metro quadrado. Já para os semi-intensivos, a criação pode incluir outras espécies onívoras e deve ter uma vazão de 10 litros por segundo por hectare.
Vale ressaltar que o ritmo de desenvolvimento e crescimento dos pacus depende de vários fatores, incluindo a quantidade de água que chega ao viveiro e a oxigenação dos tanques.
Reprodução
O pacu é uma das principais espécies reofílicas comercializadas no Brasil. Peixes reofílicos são aqueles que vivem em ambientes onde existe correnteza e que, para se reproduzir, precisam percorrer longas distâncias ao longo dos rios, sempre nadando em sentido contrário à correnteza. O processo de migração reprodutiva é chamado de piracema.
É justamente durante a migração e o estresse ambiental provocado por ela que as gônadas dos peixes entram no estágio final de maturação.
Assim, criam-se condições ideias para a liberação dos gametas e a fecundação externa. Sem isso, a desova e a perpetuação da espécie não acontecem.
Em cativeiro, o ambiente é totalmente diferente. Por isso, os criadores de pacu devem utilizar hormônios de indução da reprodução, uma técnica que deve ser realizada apenas por profissionais experientes.
As fêmeas atingem a maturidade sexual entre 4 e 5 anos, e os machos, de 3 a 4 anos.
No vídeo abaixo, veja como é feita a reprodução de peixes migradores, entre eles o pacu:
Fonte: Película Vídeo Design.
Outros cuidados
Para finalizar este guia de criação de pacu, trouxemos alguns cuidados extras que devem ser tomados para que o negócio seja um sucesso.
É sempre importante lembrar que se trata de uma espécie que se estressa com muita facilidade e que isso pode levar os peixes a contraírem doenças e até mesmo morrerem.
Portanto, cuidado nunca é demais na hora de manejar os pacus, principalmente durante o transporte para os locais de venda. Este é, sem dúvida, um dos momentos mais difíceis e críticos da criação da espécie.
Outro cuidado que você deve ter é quanto à densidade de estocagem, que deve ser adequada para evitar problemas no desenvolvimento dos peixes.
Depois de conferir este guia completo de como criar pacu, acesse nosso site para comprar ou vender peixes, e confira também nosso artigo sobre produção de alevinos.
Outra dica é acessar nossa matéria sobre a criação e cultivo de camarão. Boa leitura!