Você já ouviu falar do mangostão? Trata-se de uma fruta exótica que apresenta um sabor muito delicado, uma mistura de doce e levemente ácido. É considerada por muitos a fruta mais saborosa do mundo e, por isso, também é conhecida como “rainha das frutas”. Ela é rica em vitaminas e minerais, além de possuir ação antioxidante e baixo valor energético.
Com origem no Sudeste da Ásia, aqui no Brasil o mangostão atualmente é cultivado principalmente nos estados do Pará e da Bahia, e em menor escala no Espírito Santo e em São Paulo. Essa fruta é encontrada em feiras e mercados municipais, podendo ser consumida tanto ao natural, como em sucos, vitaminas e até mesmo em forma de farinha produzida a partir da casca.
Neste post iremos apresentar as principais características do mangostão, seus benefícios e como plantá-lo. Confira!
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O que é o mangostão?
O mangostanzeiro (Garcinia mangostana) pertence à família Clusiaceae, que engloba 47 gêneros e cerca de 1.000 espécies distribuídas em regiões tropicais e subtropicais por todo o mundo. No Brasil, essa família é representada por 21 gêneros e 183 espécies, porém, dentre elas, apenas o mangostão é cultivado comercialmente.
A planta é uma espécie arbórea que apresenta copa em formato piramidal, chegando a uma altura de aproximadamente 10 metros. Possui folhagem densa que muitas vezes dificulta a visualização dos seus frutos, conhecidos como mangostão ou mangostin (aportuguesamento de “mangosteen”).
Com a exceção de sua parte comestível, todos os demais tecidos da planta (folhas, caule, ramos, flores, raízes e sementes) exsudam uma espécie de resina amarelada quando partidos ou feridos.
Essa fruta possui algumas características interessantes, como: casca roxa e grossa, polpa formada por 4 a 8 gomos carnosos, brancos e translúcidos, além de apresentar um sabor bastante suave. Ela pode ou não conter sementes, variando de zero a três por unidade, sendo mais comum encontrar apenas uma. O fruto chega a pesar de 30 a 240 g e possui de 4 a 9 cm de diâmetro transversal.
Considerada uma das mais nutritivas e saborosas frutas existentes, pode ser consumida in natura, por meio de sucos e vitaminas, ou até mesmo junto à saladas e sopas.
Além do mangostanzeiro, existe outra espécie do mesmo gênero Garnicia, conhecida como falso-mangostão ou mangostão-amarelo. Este fruto pode ser encontrado em pomares domésticos brasileiros, não possuindo qualquer expressão econômica. Diferentemente do mangostin, essa espécie apresenta casca e polpa amarelas e a resina de sua exsudação é branca.
Confira as diferenças entre o mangostão e o falso-mangostão no vídeo abaixo:
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Principais benefícios do mangostão
A ingestão dessa fruta traz inúmeros benefícios à nossa saúde, podendo auxiliar tanto no sistema digestivo como na defesa do organismo. Confira:
- Alto teor de antioxidantes – possui uma grande quantidade de antioxidantes (substâncias chamadas xantonas), que ajudam no combate aos radicais livres, ajudando na saúde da pele, dos cabelos e do sistema cardiovascular e imunológico. Ao consumi-la em longo prazo, ajuda a prevenir o envelhecimento precoce e garante um melhor funcionamento do organismo;
- Controle do colesterol – as fibras do mangostão ajudam no controle do colesterol ao manter a saúde do sistema cardiovascular e dos níveis de glicose no sangue, sendo inclusive uma fruta muito recomendada à quem tem problemas de diabetes;
- Ajuda no funcionamento do sistema digestivo – essa fruta é muito indicada para o bom funcionamento do sistema gastrointestinal, uma vez que facilita a formação do bolo fecal e a eliminação das fezes. Além disso, é um potente antioxidante que ajuda a desintoxicar o fígado, equilibrando a produção de enzimas para a digestão;
- Auxilia na perda de peso – por serem ricas em fibras, aumentam o tempo da digestão e promovem sensação de saciedade por mais tempo;
- Regula a pressão – devido à alta concentração de água e potássio da fruta, contribui para a eliminação do excesso de sódio por meio da urina e, consequentemente, ajuda a controlar a pressão alta.
No entanto, é importante ressaltar que o mangostão é rico em xantonas, substâncias que podem prejudicar a coagulação do sangue. Dessa forma, pessoas com problemas de coagulação ou que utilizem medicamentos anticoagulantes devem consultar um médico antes de ingeri-lo.
Como plantar o mangostão?
O mangostão foi introduzido no Brasil em 1935 e atualmente é cultivado principalmente nos estados do Pará, Bahia e, em menor escala, em São Paulo e no Espírito Santo. São encontradas também em pomares de outros estados, mas não apresentam expressão econômica.
O seu cultivo se dá em áreas de clima quente e úmido, com chuvas bem distribuídas durante o ano (umidade relativa acima de 80%) e temperatura ideal entre 25ºC e 30ºC. Importante ressaltar que temperaturas abaixo de 5ºC e acima de 38ºC podem ser fatais à essas plantas. O crescimento do mangostanzeiro é favorecido em altitudes próximas ao nível do mar, porém também é possível cultivá-lo em locais acima de 1.000 metros.
Cerca de 50% do sua produção se dá por meio de consórcios com outras frutas, principalmente açaí, cupuaçu, banana e laranja. Assim, possibilita-se que haja sombra necessária durante o seu desenvolvimento inicial, garantindo também a geração de renda no seu período vegetativo.
Condições de plantio e tratos culturais
Geralmente, a propagação do mangostanzeiro é feita por meio de sementes que produzirão árvores idênticas à planta-mãe, já que são sementes apomíticas e não apresentam variabilidade genética.
O mangostão se adequa bem aos solos profundos argilo-arenosos, com boa drenagem e, de preferência, com alto teor de matéria orgânica.
Deve-se utilizar um espaçamento de 6 x 6 a 10 x 10 para o seu cultivo, com objetivo de evitar que haja competição entre copas após o 12º ano de plantio.
Com isso, em condições propícias de temperatura e umidade, as sementes germinarão entre 10 e 20 dias do seu plantio. As mudas devem ser mantidas em local sombreado, com luminosidade em torno de 50% e manutenção da umidade por intermédio de irrigações. Após aproximadamente 2 anos de viveiro, a planta, quando bem manejada, apresenta uma altura de 30 a 40 cm, encontrando-se pronta para o seu plantio definitivo.
Quanto à adubação, é relevante ressaltar que o seu desequilíbrio pode causar danos severos ao desenvolvimento da planta. No estado do Pará, por exemplo, recomenda-se que se aplique 200g/planta de cloreto de potássio no início da floração, além de outras duas aplicações com intervalos de 45 dias. Com essa prática, objetiva-se diminuir um sintoma fisiológico chamado de “estouro dos vasos lactíferos” ou “empedramento de frutos“, uma desordem fisiológica que acomete os frutos em sua fase de maturação, promovendo a sua descoloração e mudança de sabor.
O seu florescimento pode se concentrar em um ou mais períodos do ano, dependendo das condições climáticas, manejo e número de fluxos vegetativos. Já a frutificação se dá nos ápices dos ramos que apresentam maior exposição à luminosidade.
Em Belém/PA, local onde estão concentrados os principais pomares de mangostão do país, quando a precipitação é normal, ocorre uma floração no período de junho a agosto que é responsável por uma pequena safra nos meses de outubro e dezembro. No entanto, a safra principal ocorre entre janeiro e maio, com floração de setembro a janeiro, sendo responsável por aproximadamente 80% da produção na microrregião.
O mangostanzeiro é conduzido praticamente sem poda até o 3º ano de seu plantio. A partir desse momento, deve ser feita a retirada dos ramos próximos ao solo, de maneira a facilitar os tratos culturais e evitar que sirvam de acesso à ratos e demais roedores que podem danificar os frutos.
Principais pragas do mangostão
Entre as principais pragas que atingem o mangostão estão a abelha-arapuá, os ácaros e os tripes.
A abelha-arapuá ou abelha-cachorro é responsável por danificar os botões florais e o fruto do mangostanzeiro em crescimento. Ao causar ferimentos às suas superfícies, essa praga provoca a exsudação de uma resina amarelada que confere ao fruto um aspecto rugoso, comprometendo a sua comercialização. Os danos causados por essa abelha são restritos à parte externa do fruto, não afetando a parte comestível.
Em se tratando do ácaro, a sua ação provoca no fruto uma aparência ferruginosa que dificulta a sua colheita e sua classificação quanto ao estágio de maturação. Os prejuízos causados por essa praga também se limitam ao aspecto externo, afetando diretamente a comercialização do mangostão. Já o ataque de tripes ocorre principalmente no período de estiagem e os seus sintomas nos frutos são semelhantes aos provocados por ácaros.
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Doenças no mangostanzeiro
Existem duas doenças que podem afetar a produção do mangostão.
A primeira delas é a murcha do mangostanzeiro, principal problema fitossanitário da espécie, cujos sintomas são o amarelecimento, queda de folhas e murchamento dos frutos. Em menos de um mês, a planta passa a apresentar um aspecto de queimada, reduzindo-se a ramos secos. Para o controle desta doença, recomenda-se:
- eliminação da soca logo após a finalização da colheita;
- rotação de culturas com utilização de gramíneas;
- evitar cultivos tardios e cortes de raízes;
- higienização de tratores e implementos após manejo de áreas infectadas;
- uso de cultivares mais tolerantes.
A outra doença é a queima-do-fio, causada por um fungo que, em sua fase vegetativa, ocorre como um filamento que começa sobre os ramos menores. Ao alcançar as folhas, transforma-se em um filme esbranquiçado sobre o limbo e cobre os ramos jovens com o filamento. O resultado é o secamento dos frutos, especialmente aqueles em desenvolvimento, bem como a perda do brilho pelas folhas, tornando-se progressivamente marrom-claras, marrom-escuras e até mesmo negras. Ao atingir esse ponto, elas se desprendem do ramo, ficando suspensas apenas por um fio que se assemelha a uma teia de aranha, principal característica para o diagnóstico da doença.
O melhor remédio para a acabar com a doença é a remoção de parte do sombreamento e atentar-se à drenagem do solo ao redor da planta, tendo em vista que as plantas atacadas são aquelas encontradas em áreas muito sombreadas e úmidas. Aconselha-se também a pulverização com fungicidas à base de oxicloreto de cobre, bem como a eliminação e queima das partes atacadas.
Colheita do mangostão
A árvore do mangostão leva em média 8 anos pra dar frutos e a produção ganha força mesmo após 12 anos de cultivo. Daí a importância de realizar o consórcio com outras frutas com o objetivo de compensar os investimentos.
A colheita dos frutos deve ser realizada manualmente, com o pedúnculo e as sépalas, e no ponto ideal, visando atender às expectativas dos consumidores. O ponto ideal de colheita ocorre entre 120 e 150 dias após a floração, e o período de colheita estende-se de 6 a 12 semanas. Quando apanhados antes desses estágios, os frutos apresentam exsudação excessiva de látex no pedúnculo e o seu sabor é comprometido, tornando-se inferior ao amadurecerem.
Quando maduro, o fruto exibe coloração arroxeada e se não colhido, ele pode se desprender da árvore e sofrer danos ao se chocar com o solo. Dessa forma, recomenda-se que a colheita seja feita de duas a três vezes por semana.
Nas partes mais altas, é necessário subir na árvore ou utilizar escadas para apanhar os frutos. Nesses casos, utiliza-se um cesta, tipo coador, com capacidade para 3 frutos, presa na ponta de uma vara ou tubo de PVC, nos quais os frutos deslizarão e serão coletados na parte terminal.
Portanto, a colheita deve ser realizada minuciosamente com o máximo cuidado, tendo em vista que a queda do fruto de uma altura superior a 20 cm do solo pode danificá-lo e prejudicar a sua venda em escala comercial.
Quanto ao armazenamento, os frutos colocados em caixas de papelão à temperatura ambiente podem manter a qualidade por mais de quatro semanas se conservados em temperaturas de 4ºC a 8ºC, prolongando o seu tempo de prateleira. Alguns autores ressaltam, no entanto, que a temperatura ideal para garantir o padrão de qualidade dos frutos durante o transporte é de 13ºC.
O mangostão fresco pode ser comercializado em prazos superiores a 21 dias de colheita, desde que sejam armazenados em baixas temperaturas.
E então, gostou de saber mais sobre o mangostão e os seus benefícios? Temos outra fruta exótica de nome diferenciado para você conhecer: o abiu. Vale a pena conferir! Boa leitura!