Mais parecida com um enorme jardim de tom amarelo em plena fazenda, a lavoura do girassol chama a atenção de quem passa. As flores têm uma particularidade curiosa: giram conforme a posição do Sol.
Além dessa beleza, o plantio pode ser uma boa opção para o agricultor, como rotação e sucessão de culturas nas regiões produtoras de grãos, além de ter aproveitamento comercial variado. O óleo, por exemplo, é o segundo mais consumido no país e a demanda ainda é pouca.
Da planta pode se aproveitar quase tudo: as hastes e folhas apresentam boa produção de massa verde, as flores atraem polinizadores para as áreas de plantio, e as sementes, principal parte comercializável, são fonte de óleo.
Plantio no Brasil
O girassol é uma planta nativa da América do Norte e pode atingir até quatro metros de altura. Conhecidas por sua incrível beleza, essas flores são muito cultivadas em diferentes regiões do país.
Introduzida no Brasil pelos colonizadores europeus, atualmente, o plantio comercial ocorre principalmente nos Estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Paraná, Bahia e Ceará, principalmente na safrinha, em semeadura direta, especialmente após a cultura da soja.
A região centro-oeste é a principal produtora (quase 80% do total).
O girassol é destinado principalmente para atender a indústria de óleo comestível ou da agroindústria, o mercado de pássaros, o de silagem, bem como a produção de biodiesel.
Hoje, o Brasil é apenas o vigésimo sexto produtor mundial, com 80 mil toneladas/ano, numa área total de pouco mais de 70 mil hectares. Os principais países são a Ucrânia (6,7 milhões de toneladas) e a Rússia (5,3 milhões de toneladas).
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área cultivada de girassol, na safra 2018-2019, foi de 65,8 mil hectares.
O levantamento aponta também que o girassol é a quarta oleaginosa mais plantada no mundo, o que representa 13% de todo óleo vegetal produzido.
Como plantar
O girassol pode ser uma boa opção ao agricultor porque o seu ciclo é relativamente pequeno, normalmente de 110 dias. Como nas demais culturas o plantio começa com um preparo do solo que pode ser o convencional como no cultivo de uma safra de verão.
Pode ser utilizado o sistema convencional de preparo, ou seja, uma aração e duas gradagens ou o que for mais adequado às condições de solo do local.
O plantio direto pode ser adotado desde que o solo esteja em condições para recebê-lo. O importante é que o solo seja o melhor possível, de modo a permitir o aprofundamento das raízes do girassol para garantir um bom suprimento de água e dificultar ou mesmo impedir o tombamento das plantas.
É uma planta bem resistente às variações climáticas, além de não ser muito sensível às variações de pH do solo.
Como na maioria das culturas, o plantio ocorre através de sementes e o desbaste é feito após cerca de 20 dias, deixando-se uma ou duas plantas em cada cova.
A época de semeadura do girassol é variável dependendo das condições de clima e do sistema de manejo a ser adotado.
Para a maior parte do Estado de São Paulo, por exemplo, o agricultor é orientado a fazer o plantio em fevereiro, podendo-se estender até março.
Já em áreas de reforma de canavial, por exemplo, é possível os meses de setembro a novembro, no entanto, o excesso de chuvas nesse período pode levar a problemas com doenças, com a polinização e o pegamento das flores.
Rotação de culturas
O girassol é considerado excelente opção para a rotação e sucessão de culturas nas regiões produtoras de grãos, inclusive melhorando a qualidade do solo, além da matéria orgânica deixada no solo pela sua morte.
Segundo técnicos, o solo é beneficiado porque a raiz, ao alcançar até 2 metros de profundidade na terra, traz nutrientes pra superfície deixando eles disponíveis para a própria cultura e para as culturas seguintes.
As principais opções de rotação são o milho e a soja, principalmente ao médio e grande produtor rural, devido à sua menor sensibilidade à seca e a baixas temperaturas, especialmente quando a produção visa o mercado de óleo e de silagem.
Para o pequeno produtor, além das vantagens na sucessão e rotação, o girassol é excelente produtor de mel, grãos para a alimentação de aves (segundo uso mais comum da planta) e consumo humano.
Além disso, a existência de uma micro usina de extração de óleo, acessível para cooperativas, associações de produtores e mesmo agricultores de médio porte, permite a extração do óleo a frio, que serve tanto para fins medicinais (esclerose múltipla), como para uso doméstico, na própria propriedade ou mercado local.
Tratos culturais e doenças
Os tratos culturas são simples, ou seja, capinas e limpeza do terreno, nas primeiras semanas após o plantio. Depois disso, o próprio girassol faz o serviço.
Embora seja uma planta resistente, sofre com o ataque das lagartas que comem as folhas desse vegetal.
O tratos culturais são feitos com o uso de defensivos (lagarticidas). Dentre as doenças que atacam esta lavoura, as principais são a ferrugem e a mancha-de-alternaria, além da podridão-de-macrophomina.
Colheita
O agricultor pode optar pela colheita do girassol de forma manual, com o uso de facão ou tesoura de poda, ou mecânica, dependendo das extensões cultivadas. Com grandes áreas de cultivo, o plantio e colheita mecanizados, elevam a produtividade.
O armazenamento da produção deve ser feito em local seco, com temperatura controlada, boa ventilação e, se possível, em câmaras resfriadas, o que melhora substancialmente a qualidade do armazenamento.
O controle da umidade, principal fator para se manter a integridade da produção no armazenamento, deve ser mantida em torno de 9%.
Para onde vai?
No mercado internacional, tem como principal demandante as indústrias de esmagamento que produzem óleo e farelo e os ofertam às indústrias alimentícias.
O girassol é uma das quatro maiores fontes de óleo vegetal comestível no mundo. Hoje é o segundo mais consumido no país e o que é produzido não da conta do mercado.
O girassol ainda pode ser usado na indústria de produtos de higiene e de cosméticos, como ingrediente de cremes hidratantes, lubrificantes e sabonetes. A fibra existente no caule do girassol pode ser usada na fabricação de papel.
Já as flores e o caule da planta são usados na fabricação de uma tintura alcoólica que pode ser utilizada no tratamento de doenças respiratórias e pulmonares.
Tem sido também uma boa alternativa para alimentação de gado, em substituição a outros grãos.
Além disso, o biodiesel desponta como uma das produções mais viáveis em todo o território nacional.
Veja também: Como plantar girassol