Quando falamos de prevenção de acidentes, falamos em uma das obrigações imputadas aos empreendedores de qualquer ramo de negocio ou atividade: preservar a integridade de sua equipe, promovendo medidas de prevenção e monitoramento é compromisso.
Para dar continuidade ao tema, precisamos entender o que é um acidente de trabalho e no que se implica.
O acidente do trabalho, como previsto no artigo 19, da Constituição de 1988, “é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.”
Muitos continuam a ignorar o assunto por mais que seja amparado legalmente, como visto as Normas Regulamentadoras (NRs) da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que estabelecem as diretrizes a serem seguidas em relação à segurança e à medicina do trabalho.
Não basta investir em equipamentos altamente tecnológicos, insumos de qualidade, escolha de boas mudas, manejo adequado se não se tiver o olhar voltado para o colaborador e gestão que proporcione um ambiente de trabalho seguro e que garanta a integridade do trabalhador.
Perigo da negligência
A ignorância ou negligência gera resultados catastróficos. Colaboradores envolvidos nos processos continuam expostos à riscos que podem não somente comprometer a produção, os processos, mais como comprometer sua saúde, sua vida. É muito sério.
Tudo começa pelo respeito ao colaborador, evoluindo para atenção as leis de segurança vigentes, instruções de segurança, treinamentos, dispositivos de segurança, equipamentos de segurança individual e coletiva, caixa de primeiros socorros, plano de gestão de segurança que contemple os riscos, ameaças, prevenção.
O cuidado com a saúde do colaborador não requer apenas de prevenção, mas também de medidas para atendê-lo com agilidade e segurança.
Voltando o nosso olhar para o campo, temos o cenário de atividades variadas desempenhadas, que vão desde a limpeza e preparo do solo para o plantio até as operações de manejo da cultura, colheita, transporte e armazenamento.
Podemos citar ainda: tratamentos de sementes e partes vegetativas, abertura de canais de irrigação e drenagem, criação de animais, construção e manutenção de cercas, estábulos e galpões, controle de doenças e pragas, aplicação de corretivos e adubos, operação de máquinas, eletrificação rural e agroindústrias de beneficiamento.
Exposição aos perigos
Não são poucas as atividades, mais que requer um olhar de atenção e consideração aos riscos e ameaças para a integridade daqueles que as realizam.
São muitos os riscos e danos a que os agricultores estão expostos:
- Acidentes com ferramentas manuais, com máquinas e implementos agrícolas ou provocados por animais;
- Acidentes com animais peçonhentos;
- Exposições a agentes infecciosos e parasitários endêmicos, bem com às radiações solares por longos períodos;
- Exposição a ruído e à vibração;
- Exposição a partículas de grãos armazenados, ácaros, pólen, detritos de origem animal, componentes de células de bactérias e fungos;
- Divisão e o ritmo intenso de trabalho, jornada de trabalho prolongada, ausência de pausas;
- Exposição a fertilizantes e agrotóxicos, que podem causar intoxicações graves e mortais.
Sabe-se que as atividades laborais agrícolas são perigosas e de difícil gerenciamento e o acidente de trabalho, além de representar um custo elevado em termos de tratamento médico, indenizações, custos previdenciários, perdas de produção, danos às máquinas, atrasos e outros, traz graves problemas ao acidentado e à sua família.
Afinal, como resolver essa situação?
Como gerir essa situação? Os perigos e riscos podem não ser de difícil identificação, porém realizar um trabalho de gestão com o principal objetivo de diminuir ou eliminar o número de perigos e riscos requer grande organização e determinação por parte dos órgãos e trabalhadores envolvidos.
Quem ainda não se conscientizou, é bom começar. Continuar fechando os olhos não irá ajudar. Primeiro é adequar as instalações do ambiente de trabalho para excluindo situações de risco. A partir daí é necessário seguir enfrente:
- Fazer um diagnóstico de riscos – implantação de gestão de segurança e CIPA;
- Sinalizar as áreas de perigo; sensibilizar os colaboradores para a importância de se atentar as normas de segurança, uso correto dos equipamentos e obediência as sinalizações;
- Fornecer todos os EPIs necessários e estabelecidos para as atividades realizadas bem como fiscalizar o uso adequado dos mesmos;
- Definir saídas de emergência; documentar os acidentes de trabalho;
- realizar manutenção preventivas nos equipamentos usados no trabalho do campo;
- Não fazer uso de produtos proibidos que agridam não só a produção, saúde do consumidor, bem como a saúde do colaborador.
Tudo isso só será valido se respeitado, treinado e monitorado.
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