Conheça as principais raças zebuínas criadas no Brasil

Conheça as principais raças zebuínas criadas no Brasil

As raças zebuínas são uma das responsáveis pelo sucesso da pecuária brasileira. Aliás, o país é o maior exportador de carne do mundo e tem segundo maior rebanho do mundo, tanto de gado de corte como de leite.

Ao iniciar ou expandir a bovinocultura, é fundamental que o criador fique atento às características dos animais das raças zebuínas. Somente dessa forma será possível obter os resultados esperados e conquistar competitividade no mercado do agronegócio.

Para que você acerte na escolha do seu rebanho, nós listamos as principais raças zebuínas criadas no Brasil. Acompanhe o artigo e conheça melhor cada uma delas.

Qual o motivo do sucesso das raças zebuínas no Brasil?

Antes de falar sobre as principais raças zebuínas criadas no Brasil, é importante explicar o motivo de todo o sucesso desse gado.

Primeiramente, é preciso destacar que isso ocorreu devido a adaptação desses animais em climas tropicais, principalmente em locais secos.

Dessa maneira, é justamente nessas condições climáticas que a pecuária brasileira apresenta melhor resultado. Esses animais são muito mais resistentes às condições adversas de temperatura e doenças.

Raças zebuínas: animais em curral
Raças zebuínas, como o brahman, se destacaram no Brasil e atraem cada vez mais criadores pelas características desse gado.

Além disso, houve um grande melhoramento genético e o entendimento de suas exigências nutricionais, que são bem diferentes do gado europeu.

Hoje, o Brasil possui hoje um dos maiores e melhores rebanhos zebuínos em processo de seleção do mundo. Em número de cabeças, fica atrás apenas da Índia.

A estimativa é de que das 218 milhões de cabeças, 78% são mestiços das raças zebuínas e 2% são zebuínos puros.

Principais raças zebuínas criadas no Brasil

Como dissemos, pensando na importância que esses bovinos têm no desenvolvimento da pecuária de corte brasileira, existe um grande esforço para o melhoramento genético na criação desses animais que também são usados para outros cruzamentos industriais.

Entre as raças, aquelas as que ganham destaque são: o gado nelore, tabapuã, brahman, gir, sindi e o Guzerá.

Cada uma delas possui suas particularidades e desafios para criação. Vamos conhecer um pouco dessas raças bovinas.

Nelore: sucesso entre as raças zebuínas

Certamente o gado nelore é uma das raças zebuínas mais conhecidas e criadas no Brasil, correspondendo a 85% de todo rebanho.

A maior parte é criada a pasto, mas é necessário realizar uma boa suplementação alimentar. A popularidade também se dá pela rusticidade e bom ganho de peso.

A pelagem do nelore é a ideal para a pecuária extensiva, que corresponde a 90% da cultura de bovinos.

Animais da raça nelore no pasto
O gado nelore representa hoje 85% do rebanho brasileiro por ser um animal bastante rústico e ganho de peso.

Os animais têm porte médio e fina ossatura, que garantem um melhor rendimento industrial.

As carcaças podem atingir 16,5 arrobas logo aos 26 meses, com rendimento entre 50 e 55% com dieta de pastagens.

Além disso, o nelore apresenta alta resistência ao calor, podendo ser criada tranquilamente nas regiões mais quentes.

Brahman: resistência

Essa raça foi formada nos EUA na década de 1920, a partir do cruzamento de zebuínos da Índia e do Brasil. Mas, só passou a ser criada por aqui por volta de 1994.

As seleções tiveram por objetivo o desenvolvimento de animais resistentes a enfermidades, parasitas, umidade e ao calor.

Zebuínos da raça brahman
Os animais da raça brahman têm dupla finalidade: como gado de corte e também na reprodução.

O resultado foi uma raça com excelente qualidade da carne, porque suporta bem as pastagens mais grosseiras, com fácil adaptação ao clima tropical e com boa precocidade dos bezerros.

Desse modo, animais da raça brahman trazem ótimos rendimentos para os produtores, tanto na produção de carne como na reprodução.

Esses fatores fizeram com que, apesar de recente no país, esse tipo de gado seja uma das mais comercializados.

Tabapuã: conquista genética

É a única raça zebuína genuinamente brasileira e, por isso, também é aquela que melhor se adaptou ao clima tropical do país.

Segundo opinião de especialistas e criadores, o tabapuã é a maior conquista genética do país nas últimas décadas. E é uma das raças que nasceram para dar certo.

Decerto, as principais características que fazem esses animais se destacarem dos demais zebuínos é a alta fertilidade e a habilidade materna que garantem o bom desenvolvimento dos bezerros. Além disso, as matrizes possuem ótima produção de leite.

Gado raça tabapuã em exposição
Entre as raças zebuínas, o gado tabapuã foi uma das que mais se destacaram, devido principalmente a alta fertilidade e a habilidade materna. Foto: ABCT.

Para se ter uma ideia da importância disso, já foram realizados registros de bezerros com 200 kg na desmama. São animais mais dóceis que o nelore e de melhor convivência social.

Desse modo, todos os atributos levaram esses animais a terem um bom ganho de peso e ótimos acabamentos de carcaça, aliados a precocidade e menor idade ao primeiro parto.

Guzerá: um dos mais antigos

Essa é uma das raças zebuínas exploradas para fins comerciais mais antigas no país. Em 1920, detinham o maior rebanho de bovinos do Brasil e se tornaram a base genética de diversas outras raças.

Isso porque seus atributos mais valiosos são a rusticidade e habilidade materna, características importantes para a criação desses animais em climas secos, como no nordeste brasileiro.

Animal da raça guzerá no pasto
O gado Guzerá é uma das raças zebuínas mais antigas do Brasil. Tornou-se a principal base genética por ter dupla aptidão.

São animais de grande porte e, assim como o Brahman, também são utilizados para produção de leite. Existem registros de animais que atingiram produções de até 5.000 litros em uma mesma lactação.

Os bezerros têm baixo peso ao nascer (entre 28 e 30 kg), o que leva as matrizes a terem facilidade de parto, assim como a maioria dos zebuínos.

No teste de rendimento de carcaça e conversão alimentar, animais da raça guzerá aparecem também em destaque.

Gir: dupla aptidão

O nome vem do nome do local de origem, ou seja, as montanhas Gir, na Índia. São animais bastante dóceis, cujo rebanho pode ser selecionado exclusivamente para o corte ou para o leite, bem como há a possibilidade de criar rebanhos mestiços.

O gado gir chegou ao Brasil em 1911, mas foi somente entre as décadas de 1930 e 1970 que sua criação conquistou uma posição privilegiada entre os pecuaristas brasileiros.

Gado da raça gir em curral
O gado gir pode ser usado tanto para corte como para produção leiteira. São animais muito dóceis.

As qualidades leiteiras das vacas beneficiam o desenvolvimento do bezerro que, embora pequeno, é muito resistente. Quando adultas, as fêmeas atingem cerca de 500 kg, enquanto os machos podem chegar a 800 kg.

Sindi: sucesso no Nordeste

O gado da raça sindi tem sua origem no Paquistão. Por volta de 1850 é que ocorreram suas primeiras importações para o Brasil.

É uma das raças zebuínas mais exploradas na região nordeste, por ser facilmente adaptável ao clima seco. A rusticidade dos animais permite converter as pastagens mais grosseiras em carne e leite.

Gado da raça sindi no pasto
O gado da raça sindi se adaptou bem principalmente no Nordeste, devido a sua rusticidade. Foto: ABC Sindi.

Uma característica importante é sua boa resistência à febre aftosa. Apesar do porte pequeno, são animais com bom rendimento da carcaça, gerando bons resultados para o produtor.

Indubrasil: nasceu por “acaso”?

Há relatos de que a raça indubrasil possa ter surgido ocasionalmente, com a curiosidade de criadores e estudiosos da época que queriam unificar todas as raças em apenas uma só, com as principais qualidades do gado zebu.

Portanto, teria nascido da imperfeição das raças importadas e do desejo de reunir, em uma única, as boas qualidades de cada uma.

Vaca e bezerro da raça indubrasil
O gado indubrasil teria sido criada para unificar as raças zebuínas no Brasil para reunir as boas qualidades de cada uma delas. Foto: ACGZ.

O principal centro de criação do gado indubrasil é o Triângulo Mineiro. São animais de grande porte, com as fêmeas podendo atingir 750 kg na fase adulta e os machos adultos com peso máximo de 1.000 quilos.

Os animais dessa raça apresentam alta conversão alimentar, ou seja, enfrenta bem os desafios de produzir proteína animal a baixo custo; habilidade materna; são dóceis; possuem boa adaptação em confinamentos, com ótimo ganho de peso diário; e bom rendimento de carcaça.

Variedades das raças zebuínas

Enfim, há uma grande variedade de raças zebuínas no país e o sucesso da pecuária se dá, principalmente, pela escolha dos animais com base em suas características zootécnicas e adaptação às regiões onde estão as fazendas.

Isso sem falar do conhecimento e manejo da nutrição corretos para possibilitar o máximo desenvolvimento do gado.

Conforme seleção e aptidão zootécnica as raças zebuínas estão assim classificados na ABCZ:

  • Produtores de carne: nelore, sindi, indubrasil, tabapuã, brahman.
  • Produtores de leite: gir, girolando, guzerá, indubrasil.
  • Produção mista, dupla aptidão (carne e leite): gir, guzerá e indubrasil.

No vídeo abaixo, confira as diferenças entre as raças zebuínas criadas em solo brasileiro:

Fonte: Minas Rural Emater-MG.

Portanto, com este post procuramos apresentar as principais raças zebuínas criadas no Brasil e que contribuem de maneira fundamental para a criação de gado em nosso país.

Acesse também nosso artigo sobre a importância de oferecer pastagem de qualidade para o rebanho.

Post Relacionado