O gado holandês é uma raça leiteira bastante valorizada no mercado mundial, devido a qualidade do leite e a robustez desses animais. No Brasil, é a raça de maior produção de leite e mais disseminada no país, fazendo muito sucesso entre os criadores brasileiros.
Quer saber todos os detalhes sobre essa raça e como iniciar uma criação? Confira o post que preparamos abordando as principais características do gado holandês e os cuidados a serem tomados. Aproveite!
Origem do gado holandês
A raça holandesa é bastante antiga. Os registros mostram que os primeiros bovinos foram domesticados há 2.000 anos, nas terras planas e pantanosas da Holanda setentrional e da Frísia (Países Baixos), além da Frísia Oriental (Alemanha). Nessas regiões, o gado holandês também recebe os nomes de fries-hollands veeslay ou frísia holandesa.
No Brasil, segundo a Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (ABCBRH), constam em dados históricos que o gado holandês foi trazido nos anos de 1530 a 1535, período no qual o Brasil foi dividido em capitanias hereditárias.
No começo de sua criação em solo brasileiro, esses animais tinham dupla aptidão, ou seja, serviam tanto de gado de corte quanto de gado de leite. Com o passar dos anos, foram se especializando somente na produção de leite.
A raça está presente em cerca de 70% das fazendas do país, especialmente em direção à região Sul, devido às temperaturas mais baixas. De acordo com a Gadolando (Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul), hoje são mais de dois milhões de animais registrados em todo o país.
Características do gado holandês
O gado holandês se destaca por ser pesado. Em média 900kg a 1000kg no caso dos touros; e 550kg a 600kg para as vacas.
As fêmeas contam com boa fertilidade de tal forma que as novilhas já são capazes de ter a primeira cria a partir dos dois anos de idade. Os bezerros nascem com 38kg, em média.
Entretanto, o gado da raça holandesa tem em média 28 meses de vida reprodutiva, o que é considerado baixo se comparado com vacas Jersey, que permanecem no rebanho 35 meses. O diferencial mesmo está nas altas produções de leite.
Atualmente, os parâmetros ideias de reprodução dos animais da raça holandesa são:
- Espaçamento entre partos: 12 a 14 meses;
- Período entre o parto e a primeira inseminação artificial: 2 a 3 meses;
- Período entre o parto e a concepção: 3 a 4 meses;
- Taxa de sucesso por inseminação artificial: 30% a 60%;
- Taxa de perdas reprodutivas: menor que 10%;
- Número de serviços por concepção: até 3.
Conforme já destacamos, a produção de leite é um dos seus traços mais valiosos desses animais: uma vaca chega a produzir acima de 100 litros em um único dia, entregando um produto de excelente qualidade, isto é, com baixos teores de gordura.
Leia também: Vacas em lactação: como deve ser o manejo.
Variedades
No Brasil, são criados animais da variedade Frísia, que apresenta pelagem malhada de branco e preto, e da variedade Mosa, Reno e Yessel, cujas cores são vermelha e branca, com predominância vermelha no pescoço e cauda.
A variedade frísia é uma das mais preferidas entre os criadores de diversos países. Contudo, em alguns lugares recebe uma denominação diferente. Nos Estados Unidos, por exemplo, é chamada de Holstein Frisian. No nosso país, é conhecida como raça holandesa preto e branco.
O gado holandês conta com um corpo bastante desenvolvido e largo, costelas arqueadas e compridas. Além disso, possui um pescoço longo e delgado que se junta de maneira suave na linha superior do ombro.
Temperatura de conforto
A temperatura de conforto do gado holandês deve ser em torno de 7 ºC a 21 ºC. Isso porque as vacas que produzem leite armazenam calor e não são eficientes no sentido de dissipá-lo. Acima de 25 ºC, as vacas diminuem o consumo de matéria seca, como estratégia de redução da temperatura corporal.
Cuidados importantes
Os produtores interessados no gado holandês devem adotar cuidados especiais no que diz respeito à saúde e resistência do animal.
Por exemplo, vale a pena avaliar o cruzamento com as raças zebuínas. As vacas mestiças contam com alta produtividade de leite herdadas da raça holandesa e grande resistência ao calor e parasitas herdadas das raças zebuínas.
Cuidados no momento da ordenha também devem ser tomados. O ordenhador deve utilizar e uniformes e luvas higienizadas durante a operação de retirada do leite das vacas, visando manter o leite livre de contaminações.
Como deve ser a alimentação desses animais?
Diversos fatores devem ser observados para formular a alimentação dos animais da raça holandesa, uma vez que os cuidados variam com o estágio de vida.
No final da gestação, por exemplo, é preciso ter um nível de reserva de energia mínimo que garanta uma boa produção de leite e a prevenção de outros distúrbios.
Também é importante medir a eficiência alimentar desses animais. Ela é calculada de acordo com a relação entre a quantidade de leite produzido e a unidade de alimento consumido. Dessa maneira, monitorar essa equação é fundamental com o fim de que as vacas leiteiras ofereçam a lucratividade desejada.
Custo com a alimentação
Além disso, é importante frisar que a alimentação desse gado chega a corresponder de 40% a 60% dos custos totais. Portanto, é essencial investir em uma ração com ingredientes de qualidade e os suplementos adequados à cada animal.
Isso porque são utilizados na manutenção do peso e proteção de doenças, como acidose e timpanismo. De maneira idêntica que acontece com o homem, os animais também são atraídos pelo odor, sabor, textura e formas de apresentação dos alimentos.
Sendo assim, as rações que misturam matéria seca, alcalinas e flavorizadas com melaço, por exemplo, costumam atrair o paladar do gado holandês. Eles também são propensos a preferir alimentos granulados, moídos ou misturados.
Como aprimorar a criação do gado holandês?
Um tipo de gado valioso, como é o caso do holandês, exige do produtor de leite diversos cuidados, conforme mencionamos acima. Há, portanto, várias maneiras de aprimorar a criação e ter um rebanho saudável e lucrativo.
Uma delas é não subestimar os benefícios da tecnologia no monitoramento dos animais. Ela é capaz de identificar qualquer tipo de anormalidade com muito mais rapidez.
Há, inclusive, softwares que podem formular as dietas, suplementos e concentrados adequados às vacas, levando em consideração as características de cada uma delas e suas necessidades específicas para uma boa produção de leite.
Outro investimento importante a ser feito é relacionado aos equipamentos na rotina dos animais, como bebedouro, cocho, entre outros.
Abaixo, confira o trabalho realizado por uma pecuarista que trabalha o gado de leite holandês em Castro, no Paraná:
E então, gostou de saber mais sobre as características da raça holandesa? Aproveite para conferir também nosso texto sobre a raça Tabapuã. Boa leitura!