Em janeiro de 2020, a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) realizou na capital indiana, Nova Deli, o Seminário Business Day Brasil-Índia. Na ocasião a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, firmou contrato entre os dois países no qual o Brasil exportará gergelim para a Índia e importará sementes de milho do país asiático.
O acordo pretende abastecer o mercado interno indiano como também favorecer a cultura do gergelim que ainda é recente no Brasil, com o intuito de incentivar uma maior produção da semente.
Além disso, as expectativas do Ministério da Agricultura é viabilizar o crescimento socioeconômico de ambas as nações.
Apesar do acerto de importação de sementes de milho, em 2019 o Brasil foi o país que mais exportou o grão no mundo todo, superando a grande potência, os Estados Unidos.
Índia e Brasil: Presenças marcantes na agricultura mundial
O Brasil figura como o principal produtor de café, açúcar, soja e laranja, além do milho, aparecendo no cenário mundial com uma participação de 7% do comércio agrícola.
O milho, especificamente, é dono da 3ª maior produção agrícola do país, atrás apenas da cana e da soja.
Mesmo com o crescimento da China nesse setor, as relações comerciais do Brasil mantem o país como um dos grandes agricultores do mundo.
A Índia também se apresenta como um grande país agrícola, tendo como suas maiores safras, além do milho, arroz, oleaginosas, soja, algodão, chá e cana-de-açúcar. É considerada a 4ª maior potência do setor no mundo – 47% do trabalho no país se concentra na agricultura.
E sobre a cana, Brasil e Índia juntos representam mais da metade da produção mundial e mais de 30% da produção de açúcar. Há uma perspectiva do Governo Federal em firmar parceria com o país asiático para a produção de etanol.
O clima diversificado e as grandes áreas propícias para as produções vegetais facilitam esse trabalho na Índia.
O milho indiano
Há mais de duas décadas a Índia é referência na produção mundial de milho. Apesar de ter passado por uma rigorosa baixa na safra de 2016, o que abalou sua autossuficiência do grão, o país asiático alçou recuperação e aparece novamente como grande produtor.
Entretanto, apesar de grande produtor, a nação indiana promove que primeiro se direcione as colheitas para consumo doméstico, favorecendo o mercado interno. Produtos excedentes são direcionados às exportações. Isso viabiliza mais produção e, consequentemente, mais colheita e participação no comércio agricultor.
A produção brasileira do gergelim
O cultivo de gergelim no Brasil é relativamente novo e sua produção está, praticamente, toda concentrada no centro-oeste do país.
Apesar do mercado interno ainda ser pequeno, a produção garante bom retorno justamente pela procura externa, aquecendo os números de exportação da semente. Europa e Ásia são os principais consumidores de gergelim.
A opção pela cultura desta semente tem substituído até mesmo a soja e o milho, na segunda safra, por dois fatores: baixo custo de produção e adequação das condições de clima. Como o milho, por exemplo, depende das chuvas para produzir, o gergelim consegue vingar sem tantas exigências, tornando seu plantio mais viável.
Agora, com o acordo com a Índia, a expectativa é que mais produtores invistam no gergelim. Para se ter uma ideia, o preço do kg de gergelim passou de R$ 1,80 em 2018 para R$ 3,50 em 2019. Isso demonstra o bom retorno que essa lavoura traz e deve ganhar mais espaços em outras regiões do país, principalmente agora com os incentivos da União.
Por outro lado, ainda há poucas pesquisas sobre a semente e, por conta disso, o plantio ainda representa um ponto cego para produtores. As pesquisas são necessárias para estudar o produto, melhorando sua qualidade por meio de formas mais adequadas e preparadas de cultivo.
A cultura do milho no Brasil
Terceiro maior produtor e, atualmente, maior exportador do grão no mundo, o Brasil deve passar por um ano relativamente inferior a 2019 no que diz respeito à cultura do milho.
A estimativa é que o Brasil produza aproximadamente 104 milhões de toneladas, 3% a menos que no ano passado. Esse déficit é esperado, principalmente, por conta das secas e queimadas, atraso no plantio e, justamente, pelo alto volume de exportações. Mas existe um outro motivo: a diminuição de hectares dessa plantação, que caiu de 18 milhões para menos de 17,6 milhões.
Por conta dessa menor produtividade, os estoques de insumos para ração de aves e suínos podem sofrer defasagem, o que é motivo de preocupação, já que 96% da produção de milho no Brasil se destinam à alimentação animal.
O Governo Federal, então, optou pelas sementes de milho indiano, com nova tecnologia, para abrir novos caminhos aos produtores do grão no Brasil.
As vantagens do acordo
O primeiro grande interesse nesse negócio é estreitar o relacionamento com a Índia, país que, assim como o Brasil, é considerado emergente e faz parte do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Essa aproximação tem o intuito de facilitar importações e exportações entre os dois países, de modo a abastecer ambos os mercados internos.
Outro ponto positivo é a possibilidade de, num futuro próximo, abrir margem para exportar mais produtos agrícolas para a Índia.
Tudo isso causa fortalecimento do mercado interno brasileiro, da economia e mais ainda dá visibilidade de investimento do Brasil no mundo.
Mas além do acordo milho x gergelim, outros negócios foram fechados. Entre eles o de desenvolvimento de projetos para produção e pesquisa animal, incluindo comércio de animais e material genético para pecuária e pesca. Também foi firmada uma colaboração de capacitação técnica e pesquisa em genômica bovina.
Há ainda uma expectativa de que o Brasil auxilie nos recursos para levantar um centro de excelência em pecuária leiteira no país asiático.
Também ficou declarado o interesse em mais acordos de exportação e importação de Brasil e Índia, como abacate, frutas cítricas e madeira (Brasil), e milheto, sorgo, canola e algodão (Índia).
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