A agricultura familiar é um dos setores mais importantes da economia brasileira, impulsionando o país nos rankings mundiais. Contudo, a área enfrenta desafios como todas as outras.
Neste artigo, iremos listar alguns dos desafios da agricultura familiar no Brasil e as formas que os agricultores usam para se desvencilhar de cada problemática.
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A importância da agricultura familiar no Brasil
É inegável que a agricultura familiar tem um papel extremamente importante na economia brasileira. Segundo dados divulgados pelo governo federal, o setor teve faturamento de 55,2 bilhões de dólares em 2019. Isso mostra que, mesmo sem a produção industrializada, o Brasil ainda iria figurar no Top 10 do agronegócio mundial.
Além disso, a agricultura familiar está presente em cerca de 85% das propriedades nacionais, sendo que a maior parte se concentra na região do Nordeste. E, segundo o Censo de 2017, mais de 10 milhões de pessoas trabalhavam na agricultura familiar naquele ano, responsáveis por 23% do valor da produção total brasileira.
A escalada da agricultura familiar foi facilitada pela lei 11.326/2006, que estabeleceu as diretrizes para a criação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais (PNAE). Desde então, as organizações que desejam analisar os impactos da agricultura familiar têm uma base mais sólida sobre o que se enquadra, ou não, na categoria. Desta forma, os estudos puderam crescer e se estabelecer.
A agricultura familiar na economia brasileira
De acordo com o Censo do IBGE de 2006, a agricultura familiar é responsável por grande parte da produção de alimentos no país:
– 60% do leite;
– 87% da mandioca;
– 21% do trigo;
– 38% do café;
– 34% do arroz;
– 46% do milho;
– 70% do feijão.
As porcentagens são aproximadas e representam o cenário do último Censo que prestou atenção à agricultura familiar como um todo.
Apesar disso, o setor ainda enfrenta muitos desafios. Algumas, devido à natureza com seus períodos de demasiadas chuvas e secas prolongadas; outras, por falta de valorização e instabilidades do mercado nacional e global. Iremos, aqui, nos ater aos problemas causados pelo homem, já que os da natureza muitas vezes só podemos aceitar.
O impacto da migração rural na agricultura familiar
O movimento do êxodo rural, iniciado ainda no século passado, reduziu em muito a população rural. Estima-se que a migração rural-urbana tenha feito com que mais de 2 milhões de pessoas deixassem o campo entre os anos 2000 e 2010.
Esta não é uma questão nova, mas os estudiosos do tema compreendem que é um problema que permanece contemporâneo, na medida que continua afetando nossa economia e nossos modos de vida. A intensificação desse processo migratório é particularmente preocupante para a agricultura familiar.
Tendo em vista que a agricultura familiar se baseia em um valor comum de “família”, ao mesmo tempo em que a mão de obra familiar é necessária e incentivada, via de regra os membros da família querem o melhor para o todo.
Isso significa que quando o jovem deixa a propriedade familiar para estudar ou trabalhar na cidade, a família sofre a perda (tanto íntima, quanto da mão de obra), na mesma medida em que incentiva esse comportamento.
Afinal, se as melhores oportunidades profissionais e acadêmicas estão nas grandes cidades, quem pode se opor à essa migração? São inúmeros os estudos sobre a migração rural, seus elementos, causas e consequências. No entanto, aqui é relevante o fato da perda rápida de mão de obra jovem.
Colocamo-nos, assim, na velha encruzilhada: como fazer os benefícios das cidades irem para o campo, sem torná-lo cidade?
Uma grande contramedida para esse problema é a instauração de cursos de Agronomia em universidades mais afastadas das capitais.
Na fronteira entre Rio Grande do Sul e Uruguai, a Unipampa é uma rede que se destaca pela atenção ao ensino relacionado à agricultura e agropecuária. Assim, os jovens podem se desenvolver e estudar sem necessariamente sair de suas cidades natais.
O mesmo ocorre com a UFV, que tem o melhor curso de Agronomia do país no interior de Minas Gerais.
Agricultura familiar, modernização e inovação
Ainda de acordo com o Censo Agropecuário do IBGE de 2006, quase 85% dos estabelecimentos rurais brasileiros são familiares, ocupando 74,4% da mão de obra disponível no campo em cidades interioranas. Entretanto, essas propriedades familiares ocupam apenas 24,3% da área rural de todo o país.
É notável a lacuna entre a produção e o espaço. Muitas vezes, isso cria um problema na escala de produção: a demanda começa a ficar muito maior do que a oferta, já que o espaço de plantio é limitado.
Apesar disso, é errado e ultrapassado pensar que o agricultor familiar é movido unicamente pelo desejo de subsistência. Como todas as pessoas no mundo capitalista, aqueles que trabalham na agricultura familiar desejam também o lucro.
Para isso, é importante utilizar os benefícios da agricultura familiar a seu favor. A modernização vem por meio de máquinas de mais nova geração e ideias inovadoras que funcionam dentro de propriedades menores. O estudo, como já dito, é essencial não apenas pela capacitação técnica que ele fornece, mas também porque abre a mente para novas possibilidades.
E esse processo não precisa ser muito difícil. Modernização é aceitar que um trator novo talvez seja necessário para otimizar a colheita. Inovação é fazer um esquema de irrigação sustentável, que poupa água e recursos financeiros. Modernizar-se pode ser encontrar uma nova forma de gerir seu negócio. Inovar-se pode ser pesquisar sobre novas formas de cultivo, melhores cuidados com raças bovinas distintas ou aprender sobre as fazendas inteligentes.
A tecnologia da agricultura se reinventa a cada dia, e existem milhares de aplicações possíveis mesmo para pequenas propriedades.
Gestão eficiente da agricultura familiar
Além da modernização tecnológica, é mais importante do que nunca se manter atento ao gerenciamento do negócio. A agricultura familiar também precisa de planejamento cuidadoso e pensamento estratégico.
O planejamento financeiro, é claro, é essencial. Esse controle de entradas e saídas é essencial para o bem-estar financeiro de qualquer empresa. Com a agricultura familiar, não é diferente. Apesar disso, é uma prática pouco comum entre os produtores rurais menores, o que pode gerar desgaste na economia familiar.
Por meio do planejamento mensal e anual das finanças, é possível ter uma visão maior a respeito do que está funcionando melhor. Quais alimentos geram mais renda, qual o produto que tem mais demanda e quais os principais compradores de cada carne, leite e grão.
Todas essas informações podem ser unidas em uma plataforma digital de gerenciamento de finanças, por exemplo. Ou, se não for possível, você pode recorrer às anotações no papel. De qualquer forma, é extremamente importante ter um sistema financeiro organizado e eficiente.
Quer encontrar anúncios de alimentos produzidos pela agricultura familiar? Acesse nosso site e fique atento às publicações da revista digital MF Magazine para conteúdo de autoridade no campo.