Com milhares de espécies espalhadas pelo mundo, as bromélias encantam por sua aparência exuberante, com folhas e flores coloridas, rusticidade e beleza singular.
Essas plantas são muito utilizadas no paisagismo, uma vez que proporcionam um visual tropical único com suas cores vivas e exotismo. Trata-se de uma planta ornamental que pode ser cultivada tanto em áreas externas como em ambientes internos.
Ficou interessado em conhecer mais sobre as bromélias? Neste artigo vamos abordar as suas principais características, dicas de plantio, cuidados necessários, bem como algumas das principais espécies de bromélias. Boa leitura!
Leia também: Plantas ornamentais: confira 5 espécies para ter em casa
Conheça mais sobre as bromélias
Típicas das zonas tropicais e subtropicais das Américas, as bromélias pertencem à família Bromeliaceae que, por sua vez, conta com aproximadamente 3 mil espécies. São consideradas plantas ornamentais por excelência e têm chamado a atenção de produtores, especialmente pelo fato de não requerer muitos cuidados e apresentar alta resistência.
As bromélias podem ser encontradas em quase todos os ecossistemas, habitando desde o Chile até o Sul dos Estados Unidos, tanto ao nível do mar quanto em altitudes acima de 4.000 metros, além de suportar áreas semi-áridas, desérticas e de alta precipitação. No Brasil, essas plantas são encontradas em abundância, especialmente na região da Mata Atlântica, e despertam interesse em todo o mundo devido às suas características marcantes, como suas cores, formatos e pelas suas inflorescências.
Dos 54 gêneros e quase 3 mil espécies que compõem a família Bromeliaceae, cerca de 70% dos gêneros e 40% das espécies podem ser encontradas em solo brasileiro.
Classificação botânica das bromélias
As bromélias podem ser dividias em 3 subfamílias: Bromelioideae (abriga 36% das espécies catalogadas), Tilandsiodeae e Pitcairnioideae. A seguir, vamos abordar 3 exemplos de gêneros que compõem as duas primeiras subfamílias e que possuem numerosas espécies ocorrentes no Brasil.
- Aechmea (Bromelioideae): apresenta 217 espécies ocorrentes no Brasil, sendo a mais conhecida a A. fasciata Baker. Tratam-se de herbáceas, epífitas, acaule, com folhagem e crescimento vistosos, de 30 a 40 cm de altura. Apresentam folhas em roseta foliar aberta com espinhos, marmorizadas de verde com escamas cinza-prateadas, especialmente na sua face inferior. As espécies desse gênero propagam-se por rizomas a partir da base, com folhas de 10 a 20 cm.
As Bromeliaceaes de folhas coloridas são plantas de meia sombra (necessitam de um nível médio de iluminação) e apresentam algumas variedades naturais: A. fasciata var. fasciata (folhas verdes com faixas brancas laterais), A. fasciata var. pruinosa (folhas branco-farinosas), A. fasciata var. purpurea (folhas vermelho-purpúreas), e A. fasciata var. flavi-vittata (folhas com listras longitudinais alternantes verdes e amarelas);
- Guzmania (Tilandsioideae): são cerca de 175 espécies ocorrentes no Brasil, sendo a G. lingulata a maior representante dessa subfamília. Tratam-se de plantas herbáceas perenes, robustas, de florescimento decorativo, com 20 a 30 cm de altura. Suas folhas laminares são em roseta aberta e sem espinhos e suas inflorescências são compostas, com brácteas escapais vivamente coloridas (verde, amarela, laranja, rósea e vermelha) e pétalas brancas ou vermelhas.
Geralmente são epífitas e encontradas em locais com pouca luminosidade. As Bromeliaceaes de folhas verdes são pouco tolerantes à iluminação, sendo plantas de sombra;
- Vriesea (Tilandsioideae): apresenta um total de 166 espécies na Mata Atlântica, sendo 145 delas endêmicas.
Veja também: Zamioculca: confira as características e os cuidados com essa planta
Características das bromélias
As bromélias são muito conhecidas pela sua alta capacidade de adaptação, uma vez que sobrevivem e crescem em diferentes condições de clima e luminosidade, além de vegetar em vários tipos de solo, tanto em rochas nuas como em acúmulos orgânicos. Uma da suas principais características é a presença de tricomas (escamas peltadas ou foliares) na superfície de suas folhas, que conferem à planta a capacidade de absorver água e nutrientes, inclusive do ar.
A escolha do ambiente ideal varia de acordo com o gênero a ser plantado, sendo que na mata as bromélias fixam-se de acordo com a luminosidade e umidade atmosférica. O local em que a planta é fixada determina o grau de insolação e sombreamento sobre ela, bem como o desenvolvimento de suas características.
Dessa forma, locais mais sombreados proporcionarão plantas com folhas mais compridas e estreitas, com maior superfície para receber maior quantidade de luz solar. Já aquelas que vivem sob a incidência direta do sol reduzem a sua área foliar para evitar insolação e o excesso de evaporação de água em suas folhas.
Quanto às condições ideais para o cultivo das bromélias, de modo geral, pode-se afirmar que desenvolvem-se bem entre 15 e 30°C, em locais bem ventilados e com umidade do ar relativa alta. No entanto, é importante ressaltar que não toleram excesso de água em seu sistema radicular, recomendando-se a pulverização de água nas folhas quando a temperatura for superior a 35°C.
Vejamos algumas características morfológicas das bromélias:
- Raiz: nas epífitas, as raízes são utilizadas principalmente como elemento de fixação, já que a nutrição é feita pelas estruturas presentes nas folhas das bromélias;
- Caule: geralmente, os caules dessas plantas são bastante curtos, torcidos e cobertos por folhas, formando uma espécie de roseta. Por isso, é comum chamá-las de “acaules”;
- Folhas: costumam apresentar uma base larga denominada bainha. Essa estrutura, na maior parte das bromélias epífitas, desempenha uma função importante na nutrição da planta, pois possui pelos escamosos que absorvem os nutrientes.
A sua inserção no caule e a disposição das bordas da bainha comumente formam um receptáculo que permite armazenar água. A sua coloração e a lâmina foliar variam de acordo com as espécies, podendo esta última ser ligulada, triangular-aguda, linear ou cilíndrica.
A consistência foliar também é variada, apresentando folhas flácidas, dobradas ou até mesmo muito duras e resistentes, sendo que algumas espécies apresentam margens espinhosas.
Quanto à coloração, geralmente as folhas são verdes ou verde-acinzentadas por apresentarem escamas brancacentas. No entanto, podem também tornar-se avermelhadas quando expostas ao sol intenso, enquanto outras aparecem verdes ou pouco pintadas de roxo na sombra. Por fim, algumas espécies apresentam lâminas foliares estriadas longitudinalmente nas cores verde e amarela; - Inflorescência: podem ser simples ou compostas e, geralmente, com brácteas coloridas;
- Flores: são trímeras e nascem na axila de uma bráctea. Além disso, podem ser hermafroditas ou essencialmente unissexuadas;
- Sementes: nuas, aladas ou plumosas;
- Fruto: em baga ou cápsula.
Como fazer o plantio das bromélias
As bromélias chamam muito a atenção pela sua rusticidade, exotismo e beleza, sendo bastante utilizadas no paisagismo. Com suas cores vivas, formatos geométricos e resistência de cultivo, essas plantas têm atraído cada vez mais pessoas interessadas em seu cultivo.
Se você ficou interessado em realizar o plantio de bromélias, é preciso ficar atento às características de cada uma delas, principalmente quando são cultivadas mais de uma espécie em conjunto, já que algumas preferem meia sombra enquanto outras aceitam maior intensidade de sol.
No vídeo abaixo confira dicas de como preparar o substrato e efetuar o plantio dessas plantas tão exuberantes.
Confira também: Samambaias: conheça 5 espécies e aprenda como plantar e cuidar
Cuidados com as bromélias
Agora que você já sabe como realizar o plantio das bromélias, vamos abordar alguns cuidados e dicas importantes para que as suas plantas fiquem sempre bonitas e vistosas.
- Verifique o tamanho da muda: para ter sucesso no plantio de uma nova muda, é preciso retirá-la apenas quando atingir de um terço à metade da planta mãe. Retire a muda no tempo certo para que não cresça torta e não danifique as suas folhas e as da planta mãe por competirem pelo mesmo espaço;
- Fique atento à irrigação e ao solo: por serem plantas tropicais, as bromélias apreciam calor e umidade, por isso devem ser irrigadas regulamente. Irrigue-as no centro para que acumule água em sua roseta central, propiciando, assim, a decomposição de detritos que caem no seu interior que servirão de adubo foliar orgânico à planta. No entanto, é importante ficar atento para que não encharque as raízes, já que raízes encharcadas prejudicam o desenvolvimento da planta;
- Fenecimento é normal: a maioria das bromélias definham logo após a floração, mas isso não passa de um processo natural da planta. Se ela estiver bem cuidada, logo emitirá novos brotos e florescerá novamente;
- Opte por vasos mais pesados: vasos de cerâmica ou barro permitem que a planta mantenha-se em equilíbrio e o seu crescimento seja reto e vertical, evitando inclinações e quedas, especialmente pelo peso da planta;
- Não utilize defensivos: as folhas das bromélias são muito absorventes, apresentando resultados satisfatórios com a adubação foliar. No entanto, são muito sensíveis aos defensivos, até mesmo aqueles liberados para a agricultura orgânica. Por isso, opte pela catação manual de pragas e utilize defensivos apenas em último caso;
- Invista em um substrato drenável: a maioria das bromélias é pouco exigente quanto aos substratos, sendo importante dar uma atenção especial à sua drenagem. Invista em um substrato que seja drenável e tenha capacidade de reter água para a manutenção da umidade em volta da planta. Uma boa opção para bromélias é a mistura de esfagno ou fibra de coco, areia e um pouco de terra vegetal;
- Evite realizar podas: as bromélias dão uma única flor em todo ciclo, não demandando podas. Realize podas apenas de folhas secas e muito danificadas de plantas velhas para mantê-las arejadas e iluminadas. Caso apresente pontas secas ou manchas marrons nas pontas das flores, verifique as condições do ambiente, como umidade, temperatura e ventos, melhorando-as;
- Mantenha as plantas novas afastadas das mais velhas: apesar da resistência das bromélias à pragas e doenças, manter as plantas novas afastadas das mais velhas evita possíveis “transmissões” entre elas.
Tipos de bromélias
Agora que você acompanhou as informações gerais sobre as bromélias, desde sua origem, características e dicas de cultivo, vamos apresentar algumas das suas principais espécies. Confira:
Bromélia-imperial (Alcantarea imperialis)
Trata-se da mais popular das espécies de Alcantarea, caracterizada pelo porte elevado – podendo atingir até 1,5 metro – e dimensões avantajadas das bainhas, lâminas foliares e flores. A expressão “imperialis” se deu em homenagem ao Imperador do Brasil, Dom Pedro II, que enviou exemplares dessa espécie ao Museu de História Natural de Paris, em 1887.
Geralmente apresentam comportamento monocárpico, ou seja, morrem logo após a produção de abundantes sementes, entretanto, podem levar até 10 anos para atingir o porte adulto e florescer.
O seu cálice possui a maior abertura observada entre as plantas do gênero, já que as sépalas são mais flexíveis e finas. Quanto à cor das pétalas, existem variações entre as populações e o desenvolvimento floral. O botão maduro apresenta cor amarelada que vai esmaecendo até chegar a um tom esbranquiçado, com o passar das horas.
São muito utilizadas por paisagistas como plantas ornamentais em jardins e são encontradas principalmente em afloramentos rochosos de grande inclinação ou em locais de altitude, como a Serra dos Órgãos/RJ e a Serra da Mantiqueira/MG.
Bromélia Gravatá (Bromelia antiacantha)
Também chamada de caraguatá, aguama, croatá, caruatá e banana-do-mato, é uma planta terrestre que chega a medir até 1,60 m de altura, com folhas verde-escuras dispostas em rosetas. As suas flores apresentam coloração rosa com margens esbranquiçadas e medem de 4 a 6 cm de comprimento. Já os frutos são bagas arredondadas meio triangulares no comprimento.
A bromélia Gravatá não exige cuidados especiais e apresenta crescimento rápido. No entanto, por apresentar espinhos, não deve ser cultivada em locais próximos à circulação de pessoas. É bastante utilizada em paisagismos, pois apresenta inflorescências majestosas.
Essa espécie ocorre naturalmente nas regiões da Mata Atlântica e no Pampa, estando distribuída nos estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Acesse também: Plantas para jardim: descubra as melhores para sua casa
Bromélia Caroá (Neoglaziovia variegata)
A bromélia Caroá apresenta grande potencial econômico, já que suas folhas são muito utilizadas para a produção de fibras. No entanto, a beleza e durabilidade de suas flores proporcionam também valor ornamental à esta espécie de bromélia.
Trata-se de uma planta herbácea, endêmica da Caatinga, com folhas espinhentas e atinge até 1 metro de altura. Suas flores estão reunidas em inflorescências do tipo cacho e apresentam coloração avermelhada. Já seus frutos são do tipo baga, com formato ovoide, com polpa comestível e adocicada.
A abertura de todas as flores de uma inflorescência varia de 8 a 14 dias, a depender do seu tamanho. A Caroá é distribuída por todo o Nordeste e em Minas Gerais. Em Petrolina/PE, essa espécie apresenta produção de flores exclusivamente nos meses de novembro e dezembro, logo após as primeiras chuvas, enquanto os frutos surgem em novembro e amadurecem em cerca de 5 meses.
Estrela-escarlate (Guzmania lingulata)
A Guzmania lingulata, popularmente chamada de estrela-escarlate, é a espécie mais conhecida do gênero e uma das mais comercializadas. Ela apresenta folhas largas e macias com textura coriácea (aspecto de couro), inflorescências vermelhas e flores tubulares.
São plantas ornamentais originárias da América Tropical e a sua ocorrência no Brasil se dá nas regiões Norte (Amazonas, Amapá, Roraima e Pará), Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Sergipe) e Centro-Oeste (Mato Grosso).
Essa planta é cultivada especialmente em vasos com extrato leve e permeável a base de fibras de coco e húmus, colocando-a em local protegido com incidência de luz indireta ou difusa. É importante que seja aguada em abundância, tomando cuidado com o substrato que deve ser bem drenado para não encharcar.
No verão, deve ser mantida com água no centro e mais seca no inverno, com pouco fertilizante diluído em água.
Leia também: Tipos de palmeiras: conheça mais para escolher melhor
Bromélia Porto-seguro (Aechmea blanchetiana)
Trata-se de uma epífita comum nas restingas, também chamada de bromélia-tanque, endêmica da Mata Atlântica e dos estados da Bahia e Espírito Santo. São plantas com folhagens verde-claras, longas e em formato de roseta, sem espinhos nas margens formando tanque e hastes em tom amarelado.
Apresenta altura de 60 a 90 cm e é muito utilizada em paisagismos, possuindo alto valor econômico. Por ser uma importante planta ornamental, tem sido alvo de extrativismo ilegal.
Veja também: Roseiras: aprenda a cuidar corretamente das suas flores
Mercado de flores e plantas ornamentais no Brasil
De acordo com estudo realizado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com o Ibraflor (Instituto Brasileiro de Floricultura), em 2017 a cadeia de flores e plantas ornamentais representou cerca de 0,53% do PIB do agronegócio, faturando o equivalente a R$ 7,16 bilhões. Foi escolhido como base o ano de 2017, uma vez que houve a divulgação do último censo agropecuário, momento em que se tem acesso à informações detalhadas das atividades do setor.
O PIB gerado dentro da porteira (na produção de flores e plantas ornamentais) somou R$ 1,67 bilhão, o equivalente a 23% do total da cadeia, atividades estas que são desenvolvidas majoritariamente por pequenos estabelecimentos familiares. Os segmentos de comércio e serviços pós-porteira, em conjunto, geraram PIB de R$ 2,19 bilhões (31% do total). Já o segmento de agrosserviços da cadeia apresentou um PIB de R$ 3,23 bilhões, correspondendo a 45% do total.
A produção de bromélias em escala comercial no Brasil aumentou nos últimos anos e tem se tornado uma atividade economicamente rentável e uma ótima opção na floricultura. Essa ampliação no cultivo é importante não só pelo aumento da renda de produtores, como também pela redução do extrativismo predatório de algumas espécies que chegaram a entrar em perigo de extinção.
E aí, gostou desse conteúdo? Nossa sugestão de leitura complementar é nosso artigo com dicas de 4 espécies de palmeiras com preços acessíveis. Acesse!