A irrigação está sendo cada vez mais usada pelos agricultores, mas depende de fatores importantes para definir a escolha do sistema ideal para cada lavoura. Todo esforço é necessário para suprir a falta ou as irregularidades de chuva.
Primordialmente precisamos apresentar os principais fatores que o agricultor deve levar em conta: tipo de plantio, características do solo, clima da região e também qual a disponibilidade de água na sua propriedade.
Neste artigo, estaremos explicando esses fatores que influenciam na escolha dos tipos de irrigação com o propósito de ajudar você, agricultor, a garantir uma boa produtividade de sua lavoura e, ao final, o tão esperado lucro. Boa leitura!
Confira também nosso artigo sobre os sistemas de irrigação na produção agrícola.
Irrigação das lavouras
Desde os tempos antigos o homem busca maneiras de fornecer água para seus cultivos, porque o objetivo sempre foi aumentar a produção e diminuir a dependência das condições climáticas.
Hoje, uma das técnicas mais utilizadas é a irrigação que consegue suprir a falta de chuva. Para se ter uma ideia, cerca de 40% de todas as lavouras do planeta dependem da irrigação.
Mas, no Brasil esse índice não ultrapassa 10%, ou seja, a maioria dos plantios agrícolas ainda depende da chuva. Em muitos casos porque nem sempre um sistema de irrigação é viável economicamente.
Dependendo dos investimentos necessários, vai impactar diretamente no custo final de produção da lavoura. Dessa maneira, é preciso levar em conta os fatores que citamos acima para favorecer o desempenho das culturas.
Aliás, um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Agência Nacional de Águas (ANA) mostra que agricultura de sequeiro, feita em cultivos que não recebem irrigação, passou por um déficit hídrico médio de 37% entre 2013 e 2017.
“A produção agrícola brasileira poderia aumentar expressivamente com a redução do déficit hídrico em áreas de sequeiro, o que depende não só de chuvas abundantes e bem distribuídas, mas também de manejo adequado do solo e da água nas propriedades rurais”, destacou esse estudo.
Portanto, cada vez mais a irrigação é uma espécie de “divisor de águas” entre o sucesso e a incerteza de uma lavoura no Brasil.
Benefícios da irrigação
Como mostramos acima, a irrigação é um dos fatores importantes para o sucesso das lavouras, desde que bem planejada e executada, trazendo uma série de benefícios para as lavouras e bons resultados na produção para o agricultor. Confira alguns:
- Aumenta a produção agrícola (pode ser até três vezes superior à produção da agricultura de sequeiro, que depende da chuva);
- Aumenta a oferta e regularidade de disponibilização de alimentos e outros produtos agrícolas;
- Melhora a qualidade e padronização dos produtos agrícolas;
- Possibilita a exploração agrícola em regiões de clima árido ou semiárido;
- Permite abertura de novos mercados;
- Diminui custos de produção e viabiliza maior rentabilidade;
- Aumenta oferta de empregos;
- Moderniza sistemas de produção estimulando introdução de novas tecnologias;
- Proporciona a diversificação de culturas.
Fatores que definem o sistema de irrigação
Para definir o sistema de irrigação, o agricultor deve levar em conta fatores importantes que influenciam nessa escolha. Confira quais são:
1- Tipo de plantio
É o fator primordial que deve ser levado em conta: qual cultura agrícola que o sistema de irrigação será destinado.
Lavouras como de feijão, milho e batata, por exemplo, normalmente são irrigadas por um sistema de irrigação por aspersão. Já no caso do arroz e da melancia, a irrigação mais utilizada é por superfície.
Um exemplo da importância da irrigação vem dos agricultores localizados na região do Distrito Federal.
Com a implantação desse sistema, eles conseguiram superar fatores negativos, como a falta de chuva, para garantir a produção de batata doce. Confira no vídeo:
2- Características do solo
O tipo de solo é outro detalhe importante para definir o sistema de irrigação. É do solo que as plantas vão retirar a maioria dos nutrientes necessários para o seu desenvolvimento.
Vai depender, por exemplo, da velocidade de infiltração da água, ou seja, o processo pelo qual ocorre a entrada de água no solo através da sua superfície.
Em regiões onde há uma velocidade alta de infiltração, o sistema de irrigação indicado é por aspersão. Naquelas em que há velocidade média, a maioria dos sistemas disponíveis atende às necessidades da lavoura. E naquelas áreas de baixa velocidade, os agricultores preferem utilizar a irrigação localizada.
A topografia da área a ser irrigada também deve ser levada em conta pelo agricultor. Nem sempre as áreas de plantio são planas. Assim, dependendo do relevo e da inclinação, o custo de implementação pode tornar o investimento inviável.
O gotejamento é o melhor método para áreas com alta declividade. Assim, pode ser implementado em áreas de até 60% de declínio, contra 30% de sistemas por aspersão e 15% para método por superfície.
3. Clima
O foco da irrigação vai depender necessariamente do clima na região onde ocorrerá o plantio. Nesse sentido, são os fatores climáticos que ditam se o sistema será de complementação (regiões com altos índices pluviais) ou necessário (áreas em que quase não há chuva).
Para se ter uma ideia, em regiões com ventos constantes e fortes, usar o sistema de irrigação por aspersão pode ser comprometida. Nesse caso específico, os técnicos aconselham o uso da irrigação localizada.
4- Disponibilidade de água
A água influencia muito na escolha do tipo ideal de irrigação, ou seja, levar em conta fatores como a vazão e disponibilidade.
É indispensável saber qual a quantidade de recursos hídricos necessários para a cultura durante o ciclo completo. Posteriormente, levar em conta a eficiência do sistema escolhido.
Aliás, a água disponível para irrigação também tem que ser de boa qualidade. Para saber se essa água é adequada, análises são feitas para determinar teores de sais, materiais em suspensão e a presença de agentes patogênicos.
Portanto, esses fatores podem afetar a escolha do sistema de irrigação e da cultura a ser implantada.
Política Nacional de Irrigação
É importante destacar também que o Brasil possui uma legislação específica para irrigação, ou seja, a Política Nacional de Irrigação (PNI).
Ela tem como principal finalidade a promoção do desenvolvimento local e regional, com a formação de importantes polos do agronegócio no Brasil.
Confira os objetivos dessa legislação que procura incentivar e regulamentar a irrigação em nosso país, levando-se em conta a sustentabilidade ambiental:
- Incentivar a ampliação da área irrigada e o aumento da produtividade em bases ambientalmente sustentáveis;
- Reduzir os riscos climáticos inerentes à atividade agropecuária, principalmente nas regiões sujeitas a baixa ou irregular distribuição de chuvas;
- Promover o desenvolvimento local e regional, com prioridade para as regiões com baixos indicadores sociais e econômicos;
- Aumentar a competitividade do agronegócio brasileiro e para a geração de emprego e renda;
- Contribuir para o abastecimento do mercado interno de alimentos, de fibras e de energia renovável, bem como para a geração de excedentes agrícolas para exportação;
- Capacitar recursos humanos e fomentar a geração e transferência de tecnologias relacionadas a irrigação;
- Incentivar projetos privados de irrigação, conforme definição em regulamento.
Conclusão
Portanto, como mostramos nesse post, é preciso levar em conta fatores como a escolha da lavoura, características do solo, clima, e disponibilidade de água, para definir o melhor sistema de irrigação para sua propriedade.
Além disso, é um assunto que conta com regulamentação federal e busca inclusive conciliar a irrigação e o meio ambiente.
Isso sem falar, muitas vezes, na necessidade de recorrer à financiamentos para compra e instalação dos equipamentos, com base no sistema escolhido.
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