As perdas na colheita tem como resultado principal a redução do lucro da produção agrícola, independentemente da lavoura cultivada. Certamente essa situação pode ocorrer por diversos fatores e durante o ciclo de produção, como no caso do surgimento de pragas ou pelas mudanças climáticas abruptas.
Entretanto, há uma etapa em que as perdas podem ser, na maioria das vezes, prevista e evitada: na etapa final, ou seja, na colheita do que foi plantado com tanto esforço, investimento e planejamento.
Mas, afinal, existem maneiras de calcular os prejuízos relacionados às perdas na colheita e reduzir consideravelmente esse volume? É o que iremos tratar neste artigo.
Confira nosso artigo especial sobre a colheita mecanizada!
Por que é importante saber calcular as perdas de produção?
Saber estimar, de forma precisa, as perdas de uma produção é uma habilidade de extrema importância e, por vezes, capaz de livrar os agricultores de grandes prejuízos.
Entre os fatores que fazem dessa uma tarefa indispensável, estão:
- Orçamento: entender a perda ajuda o pequeno, médio e grande produtor a compreender seu próprio fluxo de caixa;
- Armazenagem: ao saber estimar o volume final da colheita, é possível planejar e garantir um bom armazenamento do produto, principalmente no caso dos grãos;
- Distribuição: quando se sabe de quanto será a produção, o produtor tem condições de fechar vendas e fazer a distribuição do produto colhido sem que existam “furos”;
- Marketing: calcular as perdas também garante números reais do que poderá ser oferecido aos compradores no final da safra, ou seja, o marketing será muito mais preciso.
Com o tempo e a prática, estimar qual vai ser a perda na colheita se torna algo mais fácil e simples. Todavia, até mesmo quem não está acostumado a realizar tal cálculo pode ter acesso aos números, usando algumas dicas básicas que veremos na sequência.
O que pode causar as perdas na colheita?
De maneira geral, podemos separar as perdas na colheita em duas categorias: primárias e secundárias. Vamos entender mais sobre o assunto?
Fatores primários
As principais causas de perdas de produção são:
- Perdas mecânicas: manuseio inadequado do produto entre o momento da colheita;
- Fatores ambientais: nesse caso, falamos sobre temperatura e umidade, por exemplo;
- Micro-organismos: a ação microbiana pode resultar em prejuízos na hora da colheita, já que causa bactérias e fungos na plantação afetando, principalmente, produções de vegetais e frutas.
Fatores secundários
Entre as causas de perdas de colheita que se encontram em segundo plano estão:
- Colheita feita de maneira inadequada (método falho);
- Problemas com maquinários e equipamentos;
- Tempo de espera muito longo para a colheita;
- Armazenamento inadequado.
Como realizar um cálculo preciso das perdas na colheita?
Visando calcular corretamente essas as perdas é preciso ter em mente que cada produção é única, ou seja, os métodos de estimativa serão diferentes no caso dos grãos e à outros produtos, como frutas e legumes, por exemplo.
Aliás, outro ponto que precisa ser considerado é que a maior parte dessas perdas acontece em decorrência de problemas com equipamentos, como as colheitadeiras. Logo, a estimativa deve ser feita da seguinte maneira:
- Depois da passagem da colheitadeira, coloque uma armação sobre o solo, contendo a largura exata da plataforma de corte do maquinário e o comprimento de ao menos dois metros quadrados (suficientes como amostragem);
- Após isso, é preciso recolher os grãos que não foram colhidos, na área delimitada;
- Opte então pelo método que melhor atende às suas necessidades, que pode ser o de pesar tais grãos e estimar o peso médio, ou ainda usar um copo medidor e uma escala graduada.
Treinamento dos operadores
Além de problemas com o equipamento, é preciso investir no treinamento dos operadores das colheitadeiras, com o fim de que desempenhe suas funções da melhor forma possível.
Como em qualquer processo operado pelo homem, podem ocorrer falhas. Mas, o risco de acontecerem será menor se houver o funcionário estiver bem capacitado.
Ademais, vale lembrar que já existem diversos aplicativos disponíveis no mercado, capazes de realizar o cálculo ao produtor de maneira totalmente digital, bastando apenas algumas informações captadas na hora da colheita.
Geralmente o cálculo utilizado por tais aplicativos é o mesmo (ou realizado de modo manual), baseado em uma simples regra de três, em que:
Digamos que foram recolhidos 10 gramas de milho na área demarcada, logo 10 gramas = 0,010 kg. Assim:
- 0,010 kg – 2 m2
- X kg – 10.000 m2 (ou, um hectare)
- X = (0,010 x 10.000) / 2
- X = 50 kg (perda por hectare)
Quais os números toleráveis em termos de perdas na colheita?
Assim como mencionamos anteriormente, cada produção terá seus próprios níveis de perdas toleráveis. Entre os principais exemplos que podemos citar estão:
- Milho: até 90 kg, o que equivale a uma saca e meia, por hectare;
- Soja: aproximadamente 60 kg por hectare de plantação;
- Trigo: 60 kg por hectare.
Segundo dados divulgados no site da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), esses são valores internacionais, que servem de parâmetro na colheita realizada no Brasil.
Infelizmente, o órgão também alerta que, em boa parte dos casos, há o risco desses números chegarem facilmente ao dobro do indicado.
O que fazer para reduzir as perdas?
Se as perdas da sua plantação estiverem acima do indicado, não se preocupe.
Afinal, é possível reduzi-las consideravelmente através de um diagnóstico preciso da causa e do uso de ferramentas de otimização durante o processo. Nesse sentido, invista em:
- Verificação de vazamento: observe se não existe qualquer tipo de vazamento na colheitadeira utilizada. Procure por buracos e rachaduras em regiões como a do alimentador, elevador, tampa dos separadores e no tanque de grãos, por exemplo;
- Desaceleração da colheitadeira: altas velocidades podem ocasionar essas perdas por meio do despejamento de grãos pelos fundos do maquinário. Logo, o ideal é reduzir a aceleração aos poucos, verificando se há mudanças significativas nos números;
- Conhecimento: outro modo de evitar as perdas é conhecer os estágios da produção. O resultado é uma colheita realizada no tempo certo, ou seja, nem muito cedo, nem muito tarde;
- Verificação de pragas: insetos, fungos e até mesmo ervas daninhas podem resultar na perda da colheita. Por isso, foque nos processos necessários para evitar ou, em último caso, se livrar das mesmas antes que haja prejuízo na etapa final da produção.
Lembre-se que, embora uma porcentagem de perdas seja esperada (e relativamente normal) em cada colheita, ela tem condições de ser mínima, o que significa menos prejuízo ao produtor no fim do processo.
Conclusão
Conforme citamos neste artigo, inegavelmente essas as perdas acabam ocorrendo a cada safra. Mas, é possível reduzi-las. No vídeo, veja como fazer o monitoramento na colheita da soja:
Com esse post procuramos apresentar dicas importantes com o propósito de reduzir as perdas na colheita.
Nesse sentido, nossa dica de leitura complementar é como reduzir as perdas na colheita de cana. Boa leitura e até o próximo artigo!!