A mandioca é um alimento que está presente na mesa de aproximadamente 700 milhões de pessoas em todo o mundo por possuir grande valor energético. Além disso, também é usada na alimentação de animais e na fabricação de uma série de subprodutos, como a farinha de mandioca e a fécula.
Nesse sentido, essa cultura apresenta grande importância econômica ao Brasil, que figura como o quinto maior produtor mundial desse alimento. Embora seja pouco exigente se comparada com outras culturas, existem algumas orientações técnicas importantes para obtenção de uma produtividade satisfatória.
Segundo o IBGE, em 2022 a produção nacional de mandioca foi de 17.648.564 toneladas, gerando um faturamento de 15.298.408 Mil Reais, sendo o estado do Pará o maior produtor desse alimento.
Sendo assim, neste post trataremos sobre a origem, importância econômica e dicas de como plantar e cultivar a mandioca. Acompanhe o nosso artigo e confira as principais informações para garantir o sucesso da sua lavoura. Boa leitura!
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Aspectos gerais da mandioca
Originária da América do Sul, a mandioca (Manihot esculenta Crantz), também conhecida popularmente como macaxeira e aipim, pertence à família Euphorbiaceae e é cultivada em mais de 100 países. Constitui um dos principais alimentos energéticos em países em desenvolvimento, alimentando cerca de 700 milhões de pessoas.
É uma das culturas mais importantes cultivadas no Brasil, ocupando posição entre os 8 primeiros produtos agrícolas do país em área cultivada e o sexto lugar em valor de produção. De acordo com a Embrapa, cerca de 40% das raízes é destinada à produção de farinha e 20% ao amido, sendo o restante destinado à alimentação humana e dos animais, na forma de silagem, feno, peletizada ou misturada com outros alimentos.
Importância econômica
Atualmente, o Brasil ocupa o 5º ou 6º lugar no ranking mundial de produção de mandioca. Segundo o IBGE, em 2021, a produção brasileira da cultura foi em torno de 18 milhões de toneladas, totalizando mais de 12 milhões de reais.
A mandioca representa uma das mais importantes fontes de calorias na alimentação de aproximadamente 700 milhões de pessoas, sendo fundamental principalmente em países em desenvolvimento. De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), a cultura da mandioca tem apresentado crescimento contínuo, ao contrário de outros produtos alimentícios.
No Brasil, a mandioca é cultivada em todas as regiões, no entanto a maior produção se concentra no Norte e no Nordeste, com 33% e 24% da produção nacional, respectivamente. O Nordeste figurou por muito tempo como o primeiro produtor, mas, devido às secas, vem reduzindo a sua participação.
A maioria da produção em ambas as regiões consiste em sistemas de agricultura familiar, com predominância de pequenas propriedades e número expressivo de farinheiras de pequeno e médio porte que promovem o emprego de grande contingente de mão de obra. Dessa forma, a produção de mandioca desempenha um importante papel socioeconômico no agronegócio brasileiro.
O seu processamento garante, por exemplo, a produção da famosa farinha de mandioca, bem como a sua transformação em fécula ou amido, um pó fino, branco, sem cheiro e sem sabor, que tem mais de 800 usos. Pode ser usada como matéria-prima para fabricação de tecidos, papéis, colas, tintas, embutidos de carne, cervejas, bem como na indústria petrolífera, em brocas de perfuração de poços, e na fabricação de embalagens biodegradáveis, substituindo os derivados do petróleo.
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Classificação das variedades de mandioca
Embora existam mais de 5 mil variedades conhecidas, com diferentes características genéticas, fenotípicas e de adaptabilidade, a mandioca é classificada em dois grupos principais tendo em vista o conteúdo de ácido cianídrico (HCN) em suas raízes, um ácido tóxico que não pode ser consumido em altas quantidades. Vejamos:
- Mandioca de mesa ou mansa: também conhecida como mandioca doce, aipim ou macaxeira, é destinada ao consumo humano in natura ou à indústria, apresentando teor de HCN inferior a 100 ppm. A mandioca mansa tem as seguintes características:
• Ausência de fibras na massa cozida;
• Resistência à deterioração pós-colheita;
• Facilidade de descascamento das raízes;
• Raízes bem conformadas (raízes mais retas); e
• Em geral, apresentam um ciclo mais curto (8 a 14 meses) para manter a qualidade do produto final;
- Mandioca industrial ou brava: essas variedades devem passar por algum processo de eliminação do excesso do HCN (superior a 100 ppm) e, por isso, são voltadas à indústria para a produção de farinha e fécula, por exemplo. Ressaltam-se as seguintes características:
• Alta produção e qualidade do amido;
• Raízes com polpa de coloração branca ou amarela, córtex branco, ausência de cintas e com película fina; e
• Raízes grossas e bem formadas que facilitam o descascamento e garantem a qualidade do produto final.
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Condições ideais de plantio
Antes de tratar do plantio propriamente dito, é preciso abordar as condições ideais para o desenvolvimento e crescimento da cultura, como os aspectos climáticos e de solo. Vejamos a seguir.
Clima e pluviosidade
Conforme já tratamos, a mandioca tem origem tropical, desenvolvendo-se bem em climas tropicais e subtropicais. A faixa ideal de temperatura para o cultivo da cultura consiste em uma média anual de 20 a 27ºC, sendo que as temperaturas mais baixas (em torno de 15ºC) retardam a sua germinação, causando paralisia da atividade vegetativa, levando-a a entrar em repouso.
No que tange às altitudes, a planta suporta desde o nível do mar até aproximadamente 2.300 metros. No entanto, são mais favoráveis ao desenvolvimento da planta regiões mais baixas ou com altitude de até 600 ou 800 metros.
Quanto à pluviosidade, há variação a depender do clima tropical ou semiárido. No entanto, a faixa mais adequada de chuvas seria entre 1.000 e 1.500 mm/ano, bem distribuídos. Em regiões tropicais, a mandioca desenvolve-se bem com índices de até 4.000 mm/ano, sem estação seca e em solos bem drenados para evitar o encharcamento e podridão das raízes.
Já em clima semiárido, são necessários ao menos 500 a 700 mm/ano, adequando-se o plantio e os cinco primeiros meses de cultivo às épocas chuvosas, visando evitar a deficiência de água que pode gerar problemas com a produção. Após esse período, as raízes de reserva já estarão formadas e não haverá grandes prejuízos à produção.
Por fim, o período de luz ideal está em torno de 12 horas/dia. Quanto maior o período de luminosidade, maior o crescimento da parte aérea e menor o desenvolvimento das raízes de reserva. Em contrapartida, períodos diários de luz mais curtos favorecem o crescimento dessas raízes e reduzem o dos ramos.
Condições de solo
Como o principal produto da mandioca é a sua raiz, os solos devem ser profundos e soltos, sendo recomendável os arenosos ou de textura média, já que apresentam boa drenagem e facilitam o seu crescimento e colheita. Porém, deve-se atentar à profundidade, observando se há uma camada argilosa ou compactada logo abaixo da camada arável, pois pode dificultar a drenagem e a aeração do solo, limitando o crescimento das raízes.
Os solos muito argilosos devem ser evitados, uma vez que são mais compactos e apresentam maior risco de encharcamento e de apodrecimento das raízes, dificultando a colheita. Da mesma forma, os terrenos de baixada com topografia plana e sujeitos a encharcamentos periódicos também são inadequados ao cultivo da cultura.
A mandioca não é tão afetada pela acidez do solo quanto outras culturas e produz satisfatoriamente em solos degradados e com baixos teores de nutrientes. A faixa favorável de pH é de 5,5 a 7, sendo 6,5 o ideal. Recomenda-se o uso de práticas conservacionistas no cultivo dessa cultura, pois o seu plantio está sujeito a acentuadas perdas de solo e água por erosão.
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Como plantar e cultivar mandioca
Se você se interessou pelo cultivo dessa cultura, ainda que apenas com o propósito de aproveitar parte de sua propriedade rural, continue lendo para entender melhor como se dá o plantio e o cultivo da mandioca. Aliás, de acordo com levantamento da Embrapa, cerca de 85% da produção de mandioca se dá em regime de agricultura familiar.
Obtenção de mudas
O plantio da mandioca ocorre por meio de manivas ou manivas-semente, chamadas também de toletes ou rebolos, que consistem em pedaços das hastes ou ramas do terço médio da planta, com 5 ou 7 gemas e cerca de 20 cm de comprimento.
A seleção e o preparo desse material é de suma importância para obter um bom desenvolvimento da cultura e o sucesso da plantação. Deve-se inspecionar constantemente o mandiocal de onde serão retiradas as ramas para o plantio, visando avaliar a sua sanidade e evitar locais com alta ocorrência de bacteriose, broca da haste, ácaros, percevejos-de-renda ou que sofreram com granizos e geadas.
Escolha a cultivar de acordo com o objetivo da exploração (mandioca de mesa ou de indústria) e com as condições climáticas da sua região. É importante que apenas uma cultivar seja plantada na mesma área e, se optar por usar mais de uma, que o plantio seja feito em quadras separadas.
As ramas devem ser retiradas de plantas maduras, com 10 a 14 meses de idade, do terço médio, eliminando-se a parte herbácea superior com poucas reservas e a inferior por ser muito lenhosa e com gemas geralmente inviáveis ou “cegas”. Verifique o teor de umidade da rama por meio do fluxo de látex imediatamente após o corte.
Quando as ramas não forem utilizadas imediatamente após a colheita, podem ser conservadas em local próximo à plantação que seja fresco, com umidade moderada, sombreado e protegido dos raios solares diretos e de ventos frios e quentes. Essa conservação pode ser realizada na posição vertical ou horizontal, ou ainda em silos tipo trincheira ou em leirões para a proteção de baixas temperaturas.
As manivas devem apresentar cerca de 20 cm de comprimento, 2,5 de diâmetro (com medula ocupando no mínimo 50%) e ao menos 5 a 7 gemas. A quantidade para o plantio de um hectare é de 4 m³ a 6 m³, sendo que um hectare da cultura, com 12 meses de ciclo, produz hastes para o plantio de 4 a 5 hectares. Um metro cúbico de hastes pode fornecer cerca de 2.500 a 3.000 manivas com 20 cm de comprimento.
Preparo do solo e adubação
O sucesso do cultivo começa com um bom preparo do solo. Antes de mais nada, deve ser realizada uma análise do solo para verificar a disponibilidade de nutrientes, de fósforo e de potássio. Para a cultura da mandioca, é recomendável a adubação nitrogenada e a adubação fosfatada e potássica:
- Adubação nitrogenada: os adubos orgânicos, como estercos, tortas, compostos e adubos verdes, devem ser priorizados como fonte de nitrogênio, já que a mandioca responde bem à sua aplicação. Devem ser aplicados no plantio ou com alguns dias de antecedência, na cova, sulco ou a lanço, para que ocorra a sua fermentação. Já para a adubação mineral, recomenda-se a aplicação em solo úmido na dose de 40 kg de N/ha, com ureia ou sulfato de amônio ao redor da planta e entre 30 e 60 dias após a brotação das manivas.
- Adubação fosfatada e potássica: a recomendação é feita de acordo com a análise do solo que mostrará a disponibilidade de fósforo e potássio, sendo a interpretação efetuada de acordo com o teor de argila no solo. Essa adubação é feita no sulco de plantio, sendo os mais utilizados os superfosfato simples e o superfosfato triplo, sendo que o primeiro apresenta a vantagem de conter cerca de 12% de enxofre em sua composição. Para a adubação potássica é utilizado o cloreto de potássio.
No que tange aos micronutrientes, é recomendado que haja uma aplicação preventiva no sulco, juntamente com o fósforo e potássio.
Quanto à conservação do solo, dois aspectos são importantes de serem ressaltados com relação ao cultivo da mandioca. Primeiramente, tem-se a suscetibilidade do solo à erosão devido ao crescimento inicial lento da cultura e o espaçamento amplo, não havendo proteção contra chuvas e enxurradas. Em segundo lugar, ele tende ao esgotamento, já que tudo o que produz é exportado da área, como raízes, folhas e manivas, retornando ao solo pouco sob a forma de resíduos.
Após a análise de solo, serão verificadas as aplicações de calcário e adubos necessárias à cultura. No entanto, aqui vão algumas recomendações gerais:
- O preparo do solo e o plantio devem ser feitos em nível (“cortando” as águas);
- Durante o período em que se aguarda a época de plantio adequada, recomenda-se o cultivo de alguma leguminosa como adubação verde para incorporar matéria orgânica e nutrientes ao solo;
- Realize a rotação da mandioca com outras culturas (especialmente leguminosas), para evitar o esgotamento dos nutrientes do solo;
- É recomendável o consórcio em áreas inclinadas para melhorar a cobertura do solo e evitar efeitos erosivos das chuvas e enxurradas.
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Época de plantio
A exemplo da maioria das culturas, a época de plantio adequada para a produção da mandioca é nos primeiros meses do período chuvoso. A presença de umidade no solo é necessária para a brotação das manivas e para o seu enraizamento, havendo também uma melhor a reação da planta contra pragas e melhores condições para o controle de ervas daninhas.
Durante os primeiros meses após o plantio, a falta de umidade causa perdas na brotação e na produção, e o excesso (em solos mal drenados) causa a podridão das raízes. Como o Brasil é um país que possui uma extensa área territorial, o período ideal de plantio vai depender de cada região. No Cerrado, por exemplo, os primeiros meses do período chuvoso ocorrem de outubro a janeiro.
Espaçamento
O cultivo poderá ser feito em fileiras simples ou duplas, a depender da fertilidade do solo, do porte da variedade, dos tratos culturais e do tipo de colheita (manual ou mecanizada).
No caso de fileiras simples, o ideal é espaçamento de 1,00 x 0,50 m e 1,00 x 0,60 m; e no caso de fileiras duplas, 2,00 x 0,60 x 0,60 m. Nos solos mais férteis, o ideal é aumentar a distância entre fileiras simples para 1,20 m.
O plantio é feito normalmente de forma manual, em covas preparadas com enxada ou em sulcos feitos com enxadas ou sulcadores movidos a tração animal ou mecanizados. Em ambos os casos (covas ou sulcos) a profundidade deve ter aproximadamente 10 cm.
Quanto à posição de colocação das manivas, é recomendado que sejam colocadas na forma horizontal, no fundo da cova ou sulcos, facilitando a colheita das raízes. As posições inclinada e vertical são menos utilizadas porque as raízes aprofundam mais e dificultam a colheita.
Irrigação e tratos culturais
A mandioca é uma cultura com boa tolerância à seca e falta de água no solo. No entanto, é essencial o suprimento adequado de água durante as fases de enraizamento e tuberização, ou seja, durante os primeiros cinco meses após o plantio, pois causa prejuízos irreparáveis ao desenvolvimento e produção da cultura.
Por isso, é importante observar a época adequada de precipitação para o plantio, garantindo a quantidade de água necessária ao desenvolvimento da planta. Estudos recentes indicam que a mandioca não responde positivamente à irrigações com frequência, sendo suficiente a aplicação de lâminas d’água de 30 a 40 mm a cada 15 dias.
No que tange às podas, diferentemente de outras culturas, não são sempre indicadas à cultura da mandioca, pois reduzem a produção de raízes e o teor de carboidratos, facilitam a disseminação de pragas e doenças, aumentam a infestação de ervas daninhas e o teor de fibras nas raízes, além aumentar a competição entre plantas.
A recomendação é de que sejam realizadas apenas quando houver necessidade de manivas para novos plantios, desde que haja alta infestação de pragas e doenças, necessidade de ramas para alimentação animal e como medida para preservação das ramas em áreas sujeitas a geadas. Nesses casos, após a poda, deve-se aguardar de 4 a 6 meses para que seja feita a colheita.
Além disso, fique atento ao surgimento de ervas daninhas, uma vez que elas concorrem com a mandioca por água, luz e nutrientes. Há o risco de causar perdas de até 90% na produtividade, dependendo do tempo de convivência e da quantidade de mato. O período crítico de competição de plantas daninhas com a mandioca consiste nos primeiros 4 ou 5 meses de ciclo, sendo necessários aproximadamente 100 dias livres da interferência do mato. Após 20 ou 30 dias da brotação, os mandiocais ficam dispensados das limpas até a colheita.
Pragas e doenças
A mandioca é suscetível ao ataque de diversas pragas e doenças. Vejamos as principais delas.
Pragas
A mandioca apresenta ciclo bianual e, por isso, está sujeita ao ataque de insetos e ácaros, alguns deles, inclusive, podem causar danos severos às plantações e resultar em perdas de rendimento.
Algumas das práticas de manejo recomendadas para reduzir os danos causados nas áreas de cultivo são: obtenção de ramas em áreas livres de infestações, seleção de manivas-semente, plantio em áreas corrigidas e adubadas conforme a análise de solo, plantio em cultivos múltiplos ou consorciados, rotação de culturas.
Vejamos agora as principais pragas da mandioca:
- Percevejo-de-renda: trata-se de um inseto de coloração cinza e ninfa de cor branca encontrados na face inferior das folhas basais e medianas da planta, podendo chegar até as folhas apicais. Ambos causam danos às plantas, provocando o seu desfolhamento em casos mais severos e reduzindo a fotossíntese. A praga possui hábito sugador e ocorre no início da estação seca. O melhor controle consiste na utilização de cultivares mais tolerantes ao ataque;
- Mosca-branca: trata-se de uma praga de alimentação direta e vetor de vírus que suga a seiva das folhas das plantas. Quando em altas populações, pode causar redução no rendimento da cultura, provocando o amarelecimento e encrespamento das folhas apicais (dano do adulto) e pequenos pontos cloróticos (dano da ninfa). Os seus excrementos também atraem a presença de um fungo chamado fumagina, que reduz a capacidade de fotossíntese das plantas. O uso de cultivares mais tolerantes é o método mais racional de controle, sendo que o plantio de mandioca intercalado com outras culturas não hospedeiras tem se mostrado também um método eficiente;
- Mosca do broto ou mosca da mandioca: a fêmea da mosca coloca ovos entre as folhas não expandidas, no ponto de crescimento ou em pequenas cavidades na parte mais tenra e macia do broto. As larvas perfuram o tecido e matam o ponto de crescimento, manifestando-se por meio de uma exsudação amarelada ou marrom no local. As plantas mais jovens são as mais afetadas, retardando o seu crescimento. Para a redução da incidência da praga recomenda-se a destruição dos brotos atacados, plantio fora da época de ataque e intercalado com outras culturas;
- Ácaros: uma das pragas mais severas da mandioca, encontrada em grande número na face inferior das folhas e mais frequente durante a estação das secas. Os ácaros penetram o estilete no tecido foliar e sugam o conteúdo celular causando manchas cloróticas, pontuações e bronzeamento no limbo, morte das gemas, deformações e queda das folhas, além de reduzir a área foliar e a fotossíntese. Destacam-se o ácaro verde (“tanajoá”) e o ácaro rajado na cultura da mandioca. Para o controle ideal da praga é recomendado o uso de cultivares resistentes ou tolerantes;
- Mandarová: também uma das pragas mais importantes da mandioca, causando o desfolhamento da cultura durante os primeiros meses de desenvolvimento, redução do rendimento e até a mortes de plantas jovens. Essa lagarta se apresenta em qualquer época do ano, geralmente no início da estação chuvosa ou de seca, mas tem ocorrência esporádica, podendo demorar anos antes de surgir um novo ataque. Em áreas pequenas, recomenda-se a catação manual e destruição das lagartas. Para o combate da praga, também são aconselhadas a rotação de culturas, inspeções periódicas para a identificação de focos iniciais, inseticida biológico seletivo à base de Bacillus thuringiensis e o agente biológico Baculovirus erinnyis (vírus que ataca as lagartas). Não é recomendada a aplicação de produtos químicos, pois pode destruir os insetos benéficos inimigos naturais da mandarová.
Doenças
No que tange às doenças que atingem a mandioca, destacam-se a bacteriose, a podridão radicular e as viroses. Vejamos cada uma delas com mais detalhes:
- Bacteriose: a principal doença que ameaça a mandioca é a bacteriose (Xanthomonas axoponodis pv. manihotis), também conhecida como murchadeira, dormideira ou murcha bacteriana. Ela pode afetar principalmente plantas novas (até seis meses). Contudo, as plantas adultas também não estão imunes, com risco de causar perdas totais na área de plantio. O uso de de variedades resistentes é a medida mais eficiente visando o controle da bacteriose;
- Viroses: as viroses mais comuns que afetam a cultura da mandioca são: o mosaico das nervuras, o mosaico comum e o “couro de sapo”. O mosaico das nervuras causa cloroses intensas entre as nervuras primárias e secundárias da planta e, em casos mais severos, forte retorcimento do limbo foliar. O “couro de sapo”, por sua vez, pode provocar a redução de cerca de 70% da produtividade ou até mesmo perdas totais nas variedades suscetíveis. O vírus pode reduzir a qualidade do produto, diminuindo drasticamente o teor de amido nas raízes. Por fim, o mosaico comum ocorre em regiões de temperaturas mais amenas, causando perdas de produção entre 10 e 20%, bem como redução da qualidade dos produtos. Os seus sintomas são clorose da lâmina foliar e retorcimento dos bordos das folhas, especialmente as em formação. O controle das viroses pode ser feito por meio da seleção de material de plantio, uso de variedades resistentes e eliminação de plantas afetadas dentro do cultivo;
- Podridão radicular: é mais restrita à região Nordeste e Norte, causando perda de produtividade das raízes em torno de 30 e 50% nas áreas de maior ocorrência, respectivamente. Os mais importantes agentes causadores dessa doença são os fungos Phytophthora sp., com ocorrência mais acentuada em áreas sujeitas a encharcamento, textura argilosa e pH neutro ou alcalino, e Fusarium sp. com maior incidência em solos ácidos e adensados. Os sintomas são distintos, a depender o agente que ataca a cultura. O Phytophthora sp. ataca a cultura na fase adulta, causando podridão “mole” nas raízes, odor forte e coloração acinzentada dos tecidos afetados. Já o Fusarium sp. ataca a planta em qualquer fase de desenvolvimento, causando infecções no ponto da haste junto ao solo, obstruindo os tecidos vasculares e impedindo a circulação da seiva. Afetam indiretamente as raízes, causando uma podridão de consistência seca e sem aparente distúrbio dos tecidos. As medidas de controle da podridão radicular envolvem a integração do uso de variedades tolerantes e práticas culturais, como rotação de culturas, manejo físico e químico do solo, sistemas de cultivo, entre outras.
Colheita da mandioca
O início da colheita da cultura da mandioca depende de alguns fatores: técnicos, ambientais e econômicos.
No que tange aos fatores técnicos, considera-se o ciclo das cultivares, precoces (10 a 12 meses), semiprecoces (14 a 16 meses) e tardias (18 a 20 meses), e a destinação do produto, ou seja, mandioca de mesa (colhida entre 8 a 14 meses) e industrial (18 a 24 meses).
Já os fatores ambientais dizem respeito a:
- Condições de solo e clima: essas condições ajudam ou dificultam a colheita. A mandioca industrial é colhida nos períodos secos e quentes ou secos e frios e entre as estações chuvosas, pois as raízes apresentam suas melhores qualidades desejáveis. Já nas regiões em que a mandioca é um produto de subsistência, a colheita ocorre o ano todo;
- Estado das estradas e caminhos de acesso ao mandiocal.
Por fim, os fatores econômicos envolvem a situação do mercado, recursos de apoio, preços dos produtos e disponibilidade de mão de obra.
Para arrematar o conteúdo, confira o vídeo a seguir com algumas dicas da Embrapa sobre o manejo da mandioca:
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