Modernos equipamentos de tecnologia na agricultura de precisão podem determinar o que será lucro ou prejuízo e despertam fascínio no agronegócio.
A agricultura é, de fato, um negócio de riscos. Porém, nas últimas décadas, a atividade tem ganhado cada vez mais ferramentas para minimizar e até anular possíveis prejuízos.
Com o avanço de novas tecnologias, de sistemas de posicionamento global (GNSS), sistemas de monitoramento remoto, entre tantas outras, foi possível detectar e registrar divergências dentro de um mesmo espaço produtivo.
Isto ocorreu nos anos 1990, quando pesquisadores dos Estados Unidos e da Europa denominaram o trabalho de “variabilidade espacial”.
Depois disso, sugiram diversas inovações tecnológicas, que se tornaram comerciais e cada vez mais acessíveis ao agricultor.
Hoje, os modernos equipamentos eletrônicos disponíveis no mercado exercem fascínio aos olhos do homem do campo, até porque podem determinar o que será lucro ou prejuízo.
Agricultura de Precisão
O conceito da Agricultura de Precisão (AP) veio recheado de possibilidades porém muitos ainda acreditam que, para ter acesso a ela, é necessário adquirir máquinas e equipamentos caros e sofisticados.
Com o passar do tempo, especialistas do setor vêm provando que isto não é verdade e a agricultura de precisão não é uma questão de luxo e sim de necessidade, economia e de se manter competitivo no mercado.
Variabilidade espacial
As inovações trazidas pela Agricultura de Precisão auxiliam, e muito, o produtor e o técnico rural, mas, para adotá-la, é fundamental, antes de qualquer outra coisa, constatar a variabilidade espacial da área produtiva.
Avaliar o prejuízo do produtor, ao tratar a área de maneira uniforme, é o primeiro passo para estimar o valor que ele poderá investir em equipamentos para obter o retorno econômico desejado.
Para tanto, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) tem trabalhado com o conceito de que a Agricultura de Precisão é uma ferramenta gerencial, ou seja, auxilia na coleta de informações e interpretação dos resultados com foco na tomada de decisão sobre o manejo das culturas.
Esta forma de gerenciar a lavoura leva em consideração a variabilidade espacial, com o objetivo de aumentar os lucros do agricultor e, ao mesmo tempo, reduzir os efeitos do manejo em campo, que possam causar impactos ao meio ambiente.
A variabilidade espacial pode acontecer devido a vários fatores, como diferenças na estrutura de solo, áreas com diferentes disponibilidades de água ou nutrientes, camadas compactadas, reboleiras de plantas daninhas ou pragas, e ainda a baixa qualidade das operações agrícolas.
Isso tudo reflete na produção e os mapas servem para registrar tais variações. É por meio dos mapas, como os de fertilidade e produtividade, por exemplo, que o produtor rural pode estudar e planejar a estratégia de investimento para cada região da sua propriedade, uma das principais ferramentas da agricultura de precisão.
Mapas do solo
Um instrumento poderoso, que pode fornecer mais informações ao produtor, são os mapas de características do relevo e do solo, apontando a textura, teor de nutrientes e matéria orgânica, pH da terra.
Sensoriamento remoto
O sensoriamento remoto também é importante na tecnologia da agricultura de precisão. Por meio dessa ferramenta, é possivel analisar toda sua área e gerar mapas NDVI, por exemplo, que é o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada.
O NDVI mede o índice de verde na vegetação e seus valores vão de -1 até 1, onde -1 indica uma planta morta ou objeto inanimado e 1, planta sadia. Com esses mapas é possível identificar pontos de atenção como deficiência hídrica ou possíveis ataques de nematoides, por exemplo.
Com o sensoriamento remoto também é possível estimar a área plantada e sua produtividade, determinar faixas de solo com baixa produtividade, identificar regiões com maior potencial produtivo, apontar erros no preparo do solo, irrigação e em processos de adubação, entre outros.
Uso dos dados na agricultura de precisão
A partir destas leituras, são elaborados mapas para identificar áreas com estresse, com deficiências nutricionais e incidências de danos de pragas e doenças, em diversos estágios vegetativos das culturas.
As ferramentas de direcionamento podem ser usadas em todas as operações, como preparo de solo, plantio e colheita.
Com isso auxiliam também na redução da compactação da terra, reduzindo a necessidade de passadas feitas principalmente por máquinas. Assim, otimiza-se o aproveitamento da área e dos insumos.
Esses mapas também servirão de registro das atividades, ano após ano, o que possibilitará ao produtor maior entendimento das potencialidades e limitações de sua lavoura.
Os dados colhidos também podem servir para a rastreabilidade do seu produto.
Avanço da agricultura de precisão também traz dificuldades
Os avanços da agricultura de precisão são claros, mas ainda contam com alguns obstáculos a serem enfrentados como a escassez de profissionais capacitados na utilização e interpretação correta dos dados e também o valor muitas vezes alto para aquisição dos equipamentos necessários para aplicação das práticas de agricultura de precisão, principalmente para pequenos produtores.
Mas o trabalho realizado pela Embrapa tem mostrado que a Agricultura de Precisão tem sido cada vez mais viável e possível de ser utilizada também em pequenas propriedades rurais.
Pequenas e grandes propriedades podem investir em máquinas para aplicação de insumos a taxas variadas, visando uma redução na utilização de insumos, melhor produtividade e mairo lucratividade.
Não apenas culturas de grãos podem se beneficiar das práticas de Agricultura de Precisão. Propriedades voltadas à fruticultura e horticultura, também podem se beneficiar com as práticas de precisão voltadas para essas culturas.
A agricultura de precisão pode ser para todos, veja no vídeo abaixo, uma ilustração bem legal feita pela Trimble.
Técnicas da Agricultura de Precisão
Entre as tecnologias de agricultura de precisão mais usadas hoje, no Brasil e no mundo, estão:
- Geração de grades amostrais que define a correta posição dos pontos para coleta de amostras de solo;
- Aplicação de insumos em taxa variável por meio de pulverização, distribuição de corretivos e fertilizantes e também a semeadura;
- Monitores de produtividade que geram mapas no momento da colheita, apontando talhões com maior e menor produtividade, principalmente nas culturas de grãos, em que essa tecnologia pode ser embarcada nas colhedoras.
Com a adoção da agricultura de precisão, o produtor rural brasileiro reforça o potencial produtivo nacional e continua colaborando para que o país se fortaleça como uma das lideranças mundiais, especialmente no que diz respeito à segurança alimentar.
Gostou desse conteúdo? Aproveite e leia também nosso artigo sobre Como realizar uma análise de solo adequada?