Os alimentos são essenciais para a sobrevivência dos seres vivos. A base da nossa alimentação, direta ou indiretamente, é advinda do solo. Assim, para produzir alimentos é necessário que o substrato, no caso o solo, esteja adequado nos fatores químico, físico e biológico.
Situações que levam o solo a um desequilíbrio destes fatores, empobrecem sua qualidade, refletindo em menor produção de alimento. Conservar as qualidades físicas, químicas e biológicas dos solos é essencial para aumentar a produtividade das lavouras.
A ocorrência de degradação dos solos é algo comum em diversas partes do mundo, e pensando na sustentabilidade da produção agrícola é imprescindível que a degradação seja evitada.
Para isso, em primeiro lugar é preciso saber o que é um solo degradado, o que leva um solo a este estado, e as consequências disto para a agricultura.
Venha conferir neste texto estas e outras informações, que com certeza te ajudarão a evitar este problema!
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Degradação dos solos: o que é?
Como a própria palavra já diz, degradação é destruir, devastar, estragar ou prejudicar algo, no caso, o solo.
A degradação do solo ocorre por decorrência natural e por mau uso da terra, ou seja, grande parte dos solos degradados é devido a ocorrência humana.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), cerca de 33% do solo mundial está moderado ou altamente degradado.
Para um solo ser considerado saudável ele deve apresentar equilíbrio entre os fatores químicos, físicos e biológicos, que combinados geram vida ao solo, ocasionando altas produtividades.
Entretanto, se um ou mais destes fatores entra em desequilíbrio, inicia-se o processo de degradação, que se não controlado pode causar incapacidade de produção.
Veja abaixo o que pode ocorrer na degradação química, biológica e física de um solo:
- Quimicamente: ocorrência de deficiência nutricional devido a perda de nutrientes, acidificação e salinização;
- Biologicamente: redução parcial ou total de microrganismos benéficos ao solo, redução da matéria orgânica;
- Fisicamente: perda da estrutura do solo, compactação e impermeabilidade.
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Causas da degradação dos solos
A ação natural do clima pode levar a degradação de um solo, porém as causas se agravam com a interferência do homem neste processo.
Além disso, o mau uso da terra é um dos principais motivos de perda do solo, seja agrícola ou não.
Abaixo serão listadas 10 causas que levam a degradação do solo:
Intemperismo
O intemperismo é um processo natural de desgaste do solo, pela influência do tipo e exposição da rocha, relevo, clima, microrganismos e vegetação.
Este processo ocorre principalmente em solos rochosos, que geralmente são localizados em montanhas.
Com a ação dos agentes influenciadores citados acima, as rochas vão se fragmentando, mudando suas características físicas, químicas e biológicas, formando os solos.
Mesmo sendo um causador natural da degradação do solo, o intemperismo pode ser acelerado pela ação do homem.
Com a retirada da vegetação, especialmente das árvores, as rochas sofrem mais ação do clima, como sol, chuvas e ventos, com isso, geram outros problemas como: deslizamentos de terras, formação de voçorocas, lixiviação e assoreamentos de rios.
Erosão
A erosão também é um processo natural de degradação do solo, muitas vezes confundido com intemperismo, que tem em comum em ser acelerado pela ação humana.
Enquanto o intemperismo fragmenta as rochas, a erosão transporta material sedimentar, que pode ser solo ou partículas.
Se o solo está exposto, seja em declive acentuado ou pequeno, o transporte feito pela erosão pode ocasionar buracos no solo (de onde o material foi retirado), assoreamento de rios (pela deposição deste material), além de lixiviação, que é outro modo de degradação do solo.
Lixiviação
O carregamento dos sais minerais da superfície do solo devido a ação da chuva, é denominado lixiviação.
Este processo degrada o solo devido a retirada de nutrientes da camada superficial, além de que pode causar sulcos de água, que se não corrigidos, podem formar voçorocas nas áreas.
A lixiviação ocorre devido à falta de vegetação nativa, ou exposição do solo agricultável ou pastagem degradada, que facilitam o escoamento da água pela superfície do solo.
Se não houver um bom manejo do solo, estas áreas podem se tornar inférteis devido à grande retirada dos sais minerais presentes na camada superficial.
Salinização
A salinização ocorre de forma natural, geralmente em regiões de climas tropicais áridos ou semiáridos.
Nestes lugares a taxa de evaporação é alta, ficando presente nos solos os sais minerais (Na+ e Cl–), além da pouca chuva que ocorre.
É considerado como uma causa de degradação, pois o solo fica com alta concentração destes sais que causam intoxicação das plantas, ocasionando perdas da cobertura vegetal e da produção agrícola.
A ação do homem também acarreta no agravamento ou formação da salinização dos solos, devido ao uso incorreto da irrigação, com uso de água com elevada concentração de sais, uso de fertilizantes e defensivos com alta concentração de sais nas regiões propícias a este fenômeno.
Desertificação
Se o processo de salinização for intenso e não controlável pelos manejos e ações corretas, pode levar a desertificação de uma área.
Áreas, como citadas para maior ocorrência de salinização, são as mais propícias à desertificação.
A desertificação é o esgotamento e degradação do solo, onde ele fica pobre nutricionalmente, com pouco ou nenhum volume de água presente no solo, o que leva à incapacidade de vegetação.
Mesmo sendo natural, em alguns locais a ação humana é um dos fatores determinantes para sua ocorrência, como o desmatamento, manejo de irrigação incorreto, queimadas, uso intensivo do solo, seja agrícola ou pecuário e uso da terra em locais impróprios.
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Arenização
Esta causa de degradação do solo é pouco comentada por ser comumente confundida com a desertificação.
Arenização difere da desertificação por ocorrer em clima mais úmido, com boa taxa pluviométrica, ocorrendo maior infiltração e escoamento de água do que de evaporação.
O tipo de solo que apresenta arenização é arenoso, que devido a retirada da vegetação que o protege e da agregação ao solo, aliado a ação das chuvas, retiram os nutrientes e formam banco de areia nestas áreas.
Acidificação
A acidificação é uma degradação química do solo, no qual ocorre diminuição do pH, com isso aumenta o alumínio tóxico na área e reduz a saturação de bases.
Com isso, há redução da disponibilidade de nutrientes importantes para o desenvolvimento das plantas, prejudicando a sobrevivência de microrganismos no solo, situação que é desfavorável para agricultura.
Compactação do solo
Áreas com tráfegos de máquinas pesadas, pisoteio de gado e manejo do solo feito em umidade inadequada (pé de grade), são as causas da compactação do solo.
Em resposta a estas causas, os poros presentes no solo são reduzidos e há um aumento na sua densidade, causando a compactação.
Com a redução dos espaços porosos do solo, há restrição no desenvolvimento das raízes, devido a área compactada ser difícil de atravessar, redução da infiltração de água, dificuldade de trocas gasosas e movimentação dos nutrientes. Esses aspectos mudam a dinâmica química e física do solo.
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Impermeabilidade do solo
A água é indispensável para a vida, e para o solo não é diferente.
Como consequência da compactação do solo, ou pelo manejo inadequado do mesmo, que faz com que pouca água seja retida no solo, reduzindo seu potencial de armazenamento, a impermeabilidade do solo se torna uma causa da degradação do mesmo.
Devido a falta de água no solo, não há desenvolvimento radicular, há uma redução da dinâmica de nutrientes no solo e morte de microrganismos, ocasionando morte das plantas.
Contaminação química
A contaminação química de um solo pode ter várias razões de ocorrência, pode ser urbana, devido ao descarte de lixo em local impróprio de modo contínuo, pelo descarte industrial incorreto, pelo mau uso de defensivos agrícolas e desmatamento.
Sua ocorrência pode levar a degradação do solo por anos, causando problemas na vegetação e nos microrganismos do solo, desequilibrando o ecossistema, podendo causar danos à saúde humana pela contaminação do lençol freático.
Problemas gerados com a degradação dos solos
Sabendo as causas que geram a degradação de um solo, é possível observar os problemas que cada uma causa no meio ambiente.
No geral, podemos agrupar todos os problemas expostos no tópico acima em apenas um: a perda de solo agrícola.
Com a necessidade de produção de alimentos cada vez maior, tendo como consequência o aumento da produtividade nas áreas agrícolas, qualquer forma de degradação que reduza ou inviabilize sua produção é um grande problema.
Desse modo, é importante sempre ficar atento em todas as áreas, não somente as de produção agrícola ou animal, mas também nas áreas de preservação permanente, para evitar a perda de produtividade na sua área.
O que fazer para evitar ou corrigir problemas de degradação dos solos?
Não desmatar, não retirar os nutrientes do solo sem repor e manter sua fertilidade, fazer manejo correto do solo, de produtos e lavouras/pastos, são as principais recomendações para evitar a degradação do solo.
Para isso, veja algumas dicas para evitar e corrigir áreas degradadas:
- Em áreas com declive, fazer curvas de nível ou terraços para evitar o escoamento de água superficial;
- Fazer o plantio seguindo as curvas de nível para evitar escoamento de água entre as linhas;
- Realizar plantio direto é uma boa forma de evitar que as chuvas causem danos e arraste de solo, devido a palhada. Esta ainda tem a função de manter a água no solo, o que gera ambiente favorável para os microrganismos e aumento da matéria orgânica;
- Em áreas degradadas a adubação verde é uma boa ferramenta para incorporar nutrientes no solo, utilizando plantas com sistema radicular profundo para descompactar os solos;
- Áreas que necessitam de irrigação, fazer corretamente o manejo da água e de aplicação, verificando sempre a qualidade da água aplicada para evitar concentração de sais no solo;
- Adubação química é um aliado na recuperação da fertilidade do solo, necessitando de atenção em relação a quantidade dos nutrientes que serão utilizados;
- A rotação de culturas é um sistema agrícola que melhora a química, a física e a parte biológica do solo, devido a utilização de culturas diferentes durante os anos agrícolas, com diferentes necessidades nutricionais, diferentes sistemas radiculares, assim, são um ótimo recurso para áreas degradadas;
- Fazer corretamente o manejo do pasto, evitando deixar solo exposto, utilizando a quantidade recomendada de animais por área, fazendo rotação de pastos, para que estimule o crescimento das plantas;
- Reflorestar áreas desmatadas, manter as áreas de preservação permanente com distanciamento correto.
Conclusão
A degradação do solo é um problema sério, localizado em todas as partes do mundo, que reduz drasticamente a produtividade de algumas áreas.
Várias são as causas da formação de um solo degradado, assim como suas consequências, que no geral podem afetar a parte química, física e biológica do solo.
Evitar que sua área apresente degradação é o ideal, mas corrigir o problema caso ele já esteja presente no seu solo é fundamental.
Utilizar várias práticas de conservação do solo é excelente para recuperar um solo degradado.
Lembre-se: solos conservados, com vida microbiana, nutrientes equilibrados e com boa agregação física das partículas do solo, são a base de elevadas produtividades agrícolas, buscando estes parâmetros para seu solo, você evita diretamente a degradação!
E então, gostou desse artigo? Aproveite e acesse também nosso post sobre preparo do solo. Boa leitura!
